“O papel do líder é validar (fazer com que a pessoa se sinta bem com ela mesma), e para isso ele precisa desenvolver a sua inteligência emocional. Todas as pessoas precisam trabalhar de acordo com os seus valores”. (Hyrum Smith) A que chamamos de “liderança criativa?” Trata-se apenas de um estilo de liderança ousado, destemido e sem limites? Não, nada disto. Chamamos de liderança criativa a liderança baseada em valores humanos invioláveis, ou seja, nas leis naturais da dimensão humana que são tão verdadeiras e inflexíveis, quanto às leis da gravidade. E o que tem isso de criativo? Os valores humanos não foram inventados pelas pessoas, nem muito menos pela sociedade, são crenças universais referentes às relações e organizações humanas e fazem parte da condição e consciência humanas. Todavia, à medida que as pessoas reconhecem valores humanos básicos tais como justiça, integridade, honestidade, confiança, respeito e muitos outros, elas conseguem direcionar as atitudes das suas vidas em direção à sobrevivência com respeito, ética e dignidade. Em outras palavras, quando o indivíduo está exercendo a liderança criativa, o que ele faz (comportamento) é coerente com o que diz (atitudes) e, muitas vezes por este motivo são considerados e seguidos por muitos indivíduos e muitas vezes até anonimamente. Estamos chamando de liderança criativa, justamente porque os valores são lições de mais de seis mil anos que foram esquecidas por nós todos, mas que continuam sendo lembrados e exercitados por líderes carismáticos como o Dalai Lama, Madre Teresa de Calcutá, Gandhi e muitos outros. A liderança criativa considera quatro perspectivas como essenciais: pessoas (sentimentos, atitudes e relacionamentos), processos, produtos e resultados; portanto tem como objetivo principal permitir que se dissemine um clima no qual as pessoas se sintam felizes com o trabalho que estão exercendo, que desenvolvam os seus talentos e que através das suas atitudes do pensamento e comportamento seja possível se estabelecer uma atmosfera de confiança na organização/instituição. Logo, como conseqüência se espera que como resultado as pessoas percam o medo de errar, de expor suas idéias, de serem taxadas de bobas ou medíocres porque a sua idéia não foi considerada. Em suma, o líder criativo incentiva as pessoas para que elas vejam o seu trabalho não apenas como um emprego ou uma fonte de renda, mas, sobretudo um lugar para fazer a diferença e ajudar a construir um mundo melhor sob amplos aspectos. As pesquisas mundiais sobre os resultados das empresas cada vez mais apontam para indicadores que informam que 70% desses resultados são obtidos pelo estilo da liderança e 30% pelo clima organizacional (Goleman, 1). Todavia, ainda hoje constatamos que é muito comum a empresa investir maciçamente do desenvolvimento racional dos seus empregados (conhecimento técnico, processos, sistemas etc), ou seja, um investimento maciço no desenvolvimento do lado esquerdo do cérebro (lógico, matemático, planejador, julgador); todavia, é muito pouco o investimento do cérebro emocional – lado direito (criatividade, estratégia, emoções etc) – o qual pode ser desenvolvido com sucesso através de programas vivenciais, jogos heurísticos, experiências etc. Via de regra as empresas continuam buscando definir as suas estratégias através das experiências do passado e, infelizmente, muitas delas não perceberam ainda que os modelos que deram certo no passado não serão mais os que estarão abrindo as suas portas para o sucesso nos dias atuais. É necessário analisar as experiências do passado sim, mas não apenas para servir como uma base de dados segura e eficiente para daí se tirar as estratégias para o futuro; mas, principalmente, observá-las com a visão da nova perspectiva, buscando novas aberturas, novas formas de enxergar o futuro, as quais muitas vezes estão escondidas nas cortinas internas das nossas mentes. Ao levar a mensagem de Collins (Fig 1) para o mundo organizacional é possível entender que a demanda não é por modelos que deram certo no passado, mas justamente por novas e necessárias maneiras de enxergar os fatos, analisá-los e definir estratégias que sejam capazes de antecipar mudanças, mobilizar pessoas e trazer resultados efetivos para a organização. Em resumo só exercendo a liderança criativa é que o verdadeiro líder irá saber estimular a sua equipe para que a mesma saiba: 1- estabelecer, definir e perseguir os seus objetivos; 2 – confiar e correr riscos; 3 – aprender a conviver com as diferenças e 4 – estar com o foco sempre voltado para os resultados, justamente para não perderem o rumo do seu objetivo. (1) Daniel Goleman, Richard Boyatzis & Annie McKee – O poder da inteligência emocional – A experiência de liderar com sensibilidade e eficácia. Ed. Campus, SP, 2002 – 299p. (2) James Collins e Jerry Porras – Built to Last: Successful Habits of Visionary Companies – Harper Books, NY, 1994. * Fernando Viana é diretor presidente da Fundação Brasil Criativo presidente@fbcriativo.org.br