LIDERANÇA NO SÉCULO XXI: um novo caminho. (*) Os desafios enfrentados pela humanidade são grandes, indiscutíveis e globais; por outro lado as desigualdades econômicas, sociais e ambientais também são grandes e estão aumentando a cada ano. Das 100 maiores entidades econômicas do mundo, mais da metade são empresas, e não nações como geralmente acreditamos; portanto, as empresas estão entre as instituições mais influentes do mundo. Elas têm a possibilidade de ajudar a moldar um mundo melhor tanto para as gerações existentes como para as gerações futuras. Essa realidade poderá ser constatada através do faturamento e a presença de algumas empresas mundiais que superam o PIB de muitos países do Mundo e isto faz com que os seus líderes tenham um poder de influência devastador[1]. Por estes motivos podemos afirmar que a capacidade dessas poderosas empresas em inovarem os seus produtos e os tornarem globalizados tem feito com que novos produtos que sequer puderam ser imaginados há cinqüenta anos atrás estejam sendo ofertados em larga escala no mundo atual. Essas empresas, por sua vez, necessitam de trabalhadores capacitados e bem informados e isso faz com que o seu nível de competitividade interna aumente continuamente. Por outro lado, essas empresas também precisam continuar capazes de gerar mais riquezas para seus acionistas, para seus funcionários e para as comunidades onde atuam. No entanto, outro papel tem sido bastante questionado; a empresa não deve existir – apenas para ter lucro, logo o que se espera é que o papel das empresas no contexto atual seja – também – o de ajudar a tornar o mundo melhor. Assim sendo, o meio ambiente deixa de ser uma preocupação apenas dos ecologistas e a poluição, o aquecimento global da Terra, a exaustão dos recursos auto-renováveis passam a ser a palavra de ordem do dia e, portanto, uma questão abraçada pelas grandes corporações mundiais. Por esse motivo, as mudanças no clima e a exaustão dos recursos naturais e de energia não renovável, assim como a produção e Para agravar essa realidade podemos afirmar que as desigualdades econômicas, sociais e humanas são imensas e aumentam continuadamente, por este motivo, cada vez mais o papel social das empresas é posto em avaliação. O mundo está mudando e os conceitos de sobrevivência global estão mudando também; pois, que além do Fórum Econômico Mundial[2] já é realizado o Fórum Social Mundial[3], cujos representantes desafiam a visão estreita das empresas e daqueles que afirmam que não faz parte das empresas ou dos seus gestores se preocupar e lidar com as questões humanas e ambientais, já que isso deve ser uma preocupação do Estado. A cada novo encontro desses grandes eventos aumenta o confronto e as criticas para aqueles que colocam as metas financeiras em primeiro plano. Assim sendo, a imagem pública das empresas tem sido contaminada por culturas corporativas de avaliação que tendem a focar apenas resultados financeiros ao invés de focar também a contribuição da empresa em longo prazo para a sociedade e por atividades impopulares como a terceirização, a propaganda enganosa e o estímulo ao consumo desenfreado. Na realidade o que acontece é que embora os líderes empresariais, muitas vezes, até tenham consciência dos desafios da atualidade, de uma maneira geral não estão ainda preparados para lidar com as questões globais. Alguns consideram que o seu papel no âmbito organizacional está ligado apenas à questão da sobrevivência financeira e da expansão da sua organização e, por esse motivo, não podem nem devem se envolver com questões globais. Outros, por sua vez evitam questionar o sistema econômico sobre o qual o seu ambiente de trabalho se baseia. Todavia, quatro grandes desafios são apontados no relatório “Liderança Globalmente Responsável[4]”: 1 – Pensar e agir em um contexto global: Para uma maioria expressiva dos grandes executivos olhar, compreender, pensar sobre e gerir questões em escala global é ainda um grande desafio. 2 – Ampliar o propósito das organizações. As organizações, ainda são, em geral, interpretadas em termos econômicos restritos. A sua lucratividade, não resta a menor dúvida, é uma meta necessária; todavia o que se questiona hoje em dia é se este deve ser apenas o papel essencial da empresa. 3 – Colocar a ética como uma questão central. A questão da ética nos negócios e a responsabilidade social corporativa ainda não adquiriram a centralidade que necessitam. Existem ainda muitas barreiras que não permitem a adoção de um foco ético e mais responsável. 4 – Reestruturar a educação dos executivos. Na realidade o grande desafio para toda essa transformação esperada e desejada está na educação dos executivos líderes considerando-se que há uma falha grave nos sistemas educacionais, principalmente, pelo fato de não se desenvolver líderes completos[5]. Por esse motivo são freqüentes os escândalos corporativos que trazem à tona a fragilidade da educação executiva geralmente muito focada no componente técnico e deixando-se à margem o processo atitudinal e a escala dos valores, como conseqüência a formação da liderança é incompleta para as perspectivas e necessidades dos tempos atuais. Na realidade o fato a considerar é que disciplinas não técnicas e de cunho atitudinal ou de formação de valores quando são oferecidas são abordadas como cursos marginais e que não têm nada a ver com a gestão. Logo, não resta a menor dúvida sobre a necessidade de se rever esse modelo conceitual de educação procurando-se fazer um equilíbrio entre o conhecimento técnico e o desenvolvimento comportamental, atitudinal e a escala de valores dos líderes. O que se considera e espera é que os líderes inovadores e globalmente responsáveis reafirmem os seus pensamentos através das suas ações e para isso acontecer é necessário que exercitem a coragem, humildade, abertura ao aprendizado, reflexão profunda, um rigoroso planejamento e, ao mesmo tempo, saibam reconhecer as conseqüências das suas intenções. (*) [1] Relatório “Liderança Globalmente Responsável um chamado ao Engajamento” – European Foundation for Management Development – EFMD, 2004. [2] Reunião anual de grandes CEO, Empresas e Governos Mundiais que tratam – essencialmente dos negócios. [3] Que estuda as transformações sociais que estão acontecendo no mundo e aponta também as principais desigualdades sociais existentes no Mundo. [4] Relatório “Liderança Globalmente Responsável um chamado ao Engajamento” – European Foundation for Management Development – EFMD, 2004 [5] Lideres completos, ou seja, líderes muitos bons tecnicamente, especialistas no processo de lidar com pessoas e pessoas com escalas de valores morais bem desenvolvidos bem como um saudável e coerente processo atitudinal.
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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