LIDERANÇA & PRINCÍPIOS

Existem leis universais que regem a natureza e por mais que não desejemos, cedo ou tarde chegamos à conclusão de que elas realmente são imutáveis. A meu ver, a mais famosa dessas leis é a chamada Lei da Fazenda: “Preparar o solo, semeá-lo, cultivá-lo, extrair as ervas daninhas, acompanhar o crescimento e desenvolvimento do plantio até a maturação para, finalmente, colhe-lo no tempo certo”. Ao longo do tempo e das pesquisas não temos conseguido eliminar nem mesmo com o avança da tecnologia a importância desses ciclos naturais, os quais por sua vez operam de maneira independente tenhamos consciência da sua existência ou não. Por outro lado, os princípios são regras do universo que se referem às relações e organizações humanas. Portanto, à medida que conseguimos pautar as nossas vidas em função de princípios básicos e universais tais como justiça, igualdade, integridade, honestidade e confiança conseguimos viver em harmonia plena. Logo, os princípios corretos são bastante semelhantes às bússolas que dão orientação em função do norte verdadeiro, portanto estão sempre indicando um caminho. Além do mais podem ser aplicados em todos os momentos e em todos os cenários da vida (em casa, no trabalho, na comunidade, no Universo). E, na maioria das vezes eles surgem na forma de valores e idéias que dão satisfação, alegria, fortalecem e inspiram as pessoas. A história diz que as pessoas e as civilizações prosperavam quando estavam fundamentadas pelos princípios corretos. Por sua vez, quando construímos/desenvolvemos a liderança com base em princípios fundamentais que não podem ser violados impunemente, quer acreditemos ou não neles; e quando esses princípios são aplicados consistentemente eles se tornam hábitos de comportamento os quais por sua vez favorecem que aconteçam transformações consistentes em indivíduos, relacionamentos e organizações. Os princípios são objetivos e externos e operam em obediência às leis naturais independentes das condições estabelecidas; ao passo que os valores são subjetivos e internos e assemelham-se a mapas. Podemos dizer que os mapas não são territórios verdadeiros, eles apenas servem para exprimir, descrever ou representar os verdadeiros territórios. Assim sendo, quanto mais os nossos valores (ou mapas) estiverem próximos dos princípios corretos mais precisos e úteis eles serão. Portanto, como ferramentas de orientação poderemos afirmar que, quando estamos com um mapa baseado em valores nas nossas mãos, ele poderá nos fornecer uma descrição útil; todavia uma bússola orientada para os princípios fornece uma visão e direção incomparáveis. Assim sendo, um mapa preciso com certeza se constitui uma excelente ferramenta gerencial; todavia uma bússola que esteja orientada para o princípio do “norte verdadeiro“, sem sombra de dúvidas será uma poderosa ferramenta para a liderança. E isto acontece porque ao apontar para o norte verdadeiro a agulha da bússola reflete justamente o alinhamento com as leis naturais. Portanto, torna-se evidente que se optamos por administrar nossas vidas (pessoais ou profissionais) apenas através dos mapas poderemos estar desperdiçando muitos recursos e até, muitas vezes, poderemos ficar “vagueando” perdidos sem destino, sem rumo e conseqüentemente deixando de aproveitar muitas oportunidades. Isso acontece porque os nossos valores freqüentemente são resultados das nossas crenças, da nossa cultura; assim sendo desde a nossa infância desenvolvemos e fortalecemos o nosso sistema de crenças, que são resultantes de um conjunto de combinações das influências culturais, das nossas descobertas pessoais e da nossa história familiar. Como conseqüência esses valores se comportam para nós como se fossem lentes através das quais estaremos enxergando o mundo. Assim sendo utilizamos essas “lentes” para que possamos avaliar, atribuir prioridades, julgar e nos comportar. Resumindo, quando vivemos a nossa vida utilizando apenas os mapas dos valores constatamos que um padrão de reação bastante freqüente será aquele no qual o nosso comportamento é produto das expectativas geradas pelos diversos papéis que assumimos: esposo/esposa, pai/mãe, filho/filha, executivo/executiva, empresário/empresária, professor/professora etc. E isso acontece justamente porque cada papel traz no seu bojo o seu próprio sistema de valores acompanhados. Todavia, quando “alinhamos” os valores pessoais com os princípios corretos conseguimos nos libertar dos paradigmas já superados. E, uma das características dos verdadeiros líderes é saber se despir das lentes que os impedem chegar a enxergar os princípios fundamentais. Assim sendo, quando alinhamos os nossos valores com as quatro dimensões fundamentais (1): segurança, orientação, sabedoria e força conseguimos transformar não só a nosso atitudinal de liderança, como também as nossas vidas. * Segurança: representa o nosso sentido de valor, identidade, apoio emocional, auto estima e força pessoal; * Orientação: é o direcionamento que nos é dado na vida. A maior parte desse direcionamento vem de padrões, princípios ou critérios que governam as nossas vidas; * Sabedoria: sugere uma perspectiva sabida da vida, um sentido de equilíbrio, uma aguçada percepção de maneira pela qual os princípios e os valores se relacionam; * Força: é a capacidade de agir, o poder e a coragem para realizar alguma coisa; portanto é a energia fundamental para fazer escolhas e tomar decisões. Quando os quatro princípios são colocados no centro compreendemos que a única maneira de tratar as pessoas é da forma que desejamos que elas nos tratem; portanto aprendemos a encarar um concorrente como uma fonte de ensinamentos e como um amigo que é capaz de nos ensinar onde estão as nossas franquezas e finalmente, que a nossa identidade não poderá ser ameaçada por ele, pois temos uma bússola para nos orientar e uma âncora para nos firmamos em um “porto seguro” sempre que pressentirmos uma ameaça de tempestade. (1) COVEY, Stephen. “Liderança baseada em princípios”. Ed. Campus, 1994. * Fernando Viana é diretor presidente da Fundação Brasil Criativo presidente@fbcriativo.org.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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