A sala de aula é um espaço mágico, onde a cultura pode ser servida como gênero de primeira necessidade, fundamental à sobrevivência humana. Nela, aluno e professor, cada um a seu modo, realizam o processo ensino-aprendizagem, que longe de ser um empréstimo de informações, é uma troca de conhecimentos, uma reflexão para o saber.
O aluno, usuário da língua e dos conhecimentos que ela faz transitar, leva para a escola a sua realidade, impregnada dos valores que a herança histórica faz supor. O aluno é ele, é a sua realidade, é o seu grupo e seu contexto. É enfim, como disse Ortega, ele e suas circunstâncias.
O professor, que também faz uso da língua, e acumula maior carga de conhecimento e de experiência, decodifica os repertórios universais do seu domínio, pondo frente a frente os dois meridianos da cultura: o particular, de cada aluno, e o público, acumulado pela humanidade, trafegando nas diversas línguas e linguagens.
Por muitos anos, décadas, séculos, a escola repetiu o modelo hegemônico cultural, impondo línguas, repertórios, expressões de arte, tudo alheio aos alunos. Por isso mesmo sabe-se mais dos Fenícios, dos Assírios, dos Babilônios, com seus reis e heróis, suas histórias e lendas, do que se sabe sobre os mareantes Portugueses que descobriram, colonizaram e inventaram o Brasil. Pouco ou quase nada a escola trata dos Espanhóis, que de 1580 a 1640 dividiram com Portugal a ocupação e colonização da terra brasileira. Nenhuma palavra sobre a África, nem sobre os africanos e africados. Os índios, estes têm um dia, no qual são lembrados pela imitação iconográfica, nas visitação da República dos Curumins, como queriam os Padres Jesuítas.
Uma escola que não reconhece a sua própria tez, a sua própria voz, ignora a história e passa ao largo da realidade cotidiana, certamente não tem como operar o processo ensino-aprendizagem, de forma a ser uma agência de cultura. Uma escola sem vida, sem o murmúrio das insatisfações e sem o burburinho das lutas, é tudo, menos uma escola. E se houver, como considero que há, uma saída para redimir a escola do fracasso cultural, indico a sala de aula, este espaço alquímico, onde se pode unir o mágico e o lógico, onde certamente se construirá a consciência lúcida, para prover o ser da sua própria noção e condição.
É com a criança que a vida torna a começar. Será com ela, com os jovens de todo o Brasil, que a escola resgatará a sua relevância, como centro transformador da realidade. Tem sido este o caminho tomado pela Secretaria de Estado da Educação e do Desporto e Lazer de Sergipe, através de um conjunto de medidas, com as quais se fará o exercício histórico e democrático da cidadania cultural.
Considerando que a formação da sociedade entronizou privilégios, a ação conseqüente é a afirmação do direito. Logo, o câmbio de uma sociedade para outra, pressupõe que os princípios pedagógicos da escola estejam afinados com esse anseio do povo Sergipano. A escola, portanto, tem como princípios de sua pedagogia a liberdade, a democracia, a solidariedade, a prosperidade e a justiça. A liberdade, para escolher seu destino, a democracia para partilhar a escolha, a solidariedade para quebrar com o ciclo individualista do sucesso pessoal, a prosperidade porque nenhum povo sobrevive na pobreza e na miséria, a justiça porque é preciso sempre dividir com todos o produto de esforço humano.(continua)
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