O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não está bem com essa sucessão de escândalos que ocorre em seu partido e resvala na sua administração. Perdeu um pouco a força do discurso e até se torna repetitivo e ausente da realidade. A impressão é que está em transe e não acredita no que está vendo, ouvindo e lendo sobre tantos companheiros que estiveram na luta democrática e que hoje caminham para o isolamento social, talvez até por trás das grades. Ontem, durante a solenidade de transmissão de cargos da Petrobrás, na refinaria de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, o presidente Lula da Silva fez um pronunciamento contraditório em relação ao momento e a seu governo. Ele voltou a culpar as elites brasileiras pela crise política que assola o país e por esse clima de indignação que se espalha pelo país e deixa a sociedade estarrecida.
O discurso caracteriza que o presidente Lula ou não sabe o que faz, ou não está bem informado. Se depender da elite econômica, o presidente pode ficar tranqüilo. Nenhum governo foi tão bom para os banqueiros do que o dele. Jamais se viu um presidente prestigiar tanto a burguesia quanto Lula da Silva, até porque ele tem a preferência das classes economicamente fortes do país e que detém as melhores e maiores fatias na injusta divisão de renda deste Brasil. É bom até lembrar discurso semelhante produzido pelo tesoureiro licenciado do PT, Delúbio Soares, que também acusou a elite de comandar esse processo para enlamear o seu partido e atingir um governo que saiu das bases populares. Poucos dias depois o Delúbio estava oferecendo ao povo brasileiro um espetáculo deprimente de cinismo, principalmente ao calar diante de perguntas importantes, na CPMI dos Correios, para apuração de fatos que levaram o país a esse estado de depressão coletiva.
Lula, é verdade, foi fruto da esperança de um povo que lutava por melhores condições de vida. Isso é politicamente verdadeiro. Mas o seu governo se voltou para um grupo reduzido que detém o domínio financeiro e massacra exatamente a classe da qual o presidente é originário. Tanto que no mesmo discurso, para aliados políticos, petroleiros, sindicalistas e um grupo que protestava contra sua presença, ele lembrou que era filho de “pai e mãe analfabetos”. Acrescentou que o “único legado que eles deixaram, não apenas para mim, mas para a família, é que andar de cabeça erguida é a coisa mais importante que pode acontecer com um homem e uma mulher. Conquistei o direito de andar de cabeça erguida nesse país e não vai ser a elite brasileira que vai fazer eu baixar a cabeça”. É um equívoco, porque a elite intelectual do país, que acreditou em Lula da Silva como um cidadão capaz de mudar os rumos de um Brasil burguês, está decepcionada com o que vem assistindo.
Ninguém jamais imaginou chegar a isso, no governo de um cidadão que chegou ao poder fortalecido pelo discurso de mudança, redução do fosso social e compromissado com a moral e a ética.
Ainda no discurso na solenidade de posse do novo presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, o presidente Lula da Silva garantiu que não existe brasileiro capaz de lhe dar lições de ética e moral: “Quero dizer para vocês, meus companheiros, que nesse país de 180 milhões de habitantes pode ter igual, mas não tem mulher nem homem que tenha coragem de me dar lição de ética, de moral e de honestidade. Nesse país, está para nascer alguém que venha querer me dar lição de ética”. Evidente que o presidente não poderia dizer o contrário e se respeita o direito do narcisismo moral que ele decanta, mas evidente que Lula precisa ouvir, urgentemente, a voz do povo. Nas praças, escolas, supermercados, bares e em todos os ambientes de trabalho, percebe-se que ele não está com essa bola toda e que a sensação existente é que o Lula presidente não é o mesmo Lula que fundou o Partido dos Trabalhadores e movimentou os operários. Há um ruído em torno de tudo que está acontecendo sob as barbas do governo, porque embora decante ética, moral e honestidade, poucos acreditam que o presidente não tinha conhecimento do que estava acontecendo nos corredores do Planalto e nas salas da sede do PT.
ESTUPRO
O e-mail é de uma leitora brasileira que reside nos EUA: “dói-me estar longe e observar impotente como esses governantes irresponsáveis estão conduzindo o meu país”. E continua: “a frustração é grande. Sinto-me como se tivesse estuprado e violentado a minha cidadania”. E lembra Drumont: “E agora, José, José para onde…”
INOCENTE
Em entrevista à radio Jornal, o prefeito Marcelo Déda (PT) disse que acredita que o presidente Lula é inocente. Segundo o prefeito, “não tem como ele saber de tudo que ocorre nos bastidores, porque o Congresso é muito grande”.
DESCULPA
Déda defende que os membros do partido envolvidos devem vir a público e dizer “nós erramos e queremos pedir desculpas pelo nosso erro”. O prefeito acha que “não é porque alguns membros do PT fizeram o contrário do que sempre defendemos, que todos do partido são corruptos”.
SÉRGIO
Marcelo Déda afirmou que o ex-deputado federal Sérgio Reis “passou para o outro lado há muito tempo e esse é um direito dele”. Déda acrescenta que rompeu também porque “o estilo que ele tem de travar um debate é uma forma inadequada de se retaliar uma pessoa”.
DENÚNCIA
O prefeito Marcelo Déda avisa que quem denunciou a Prefeitura de Aracaju de receber mensalão vai ter que provar, “pois muito se especula e nada se prova”. Quem denunciou o prefeito de receber mensalão da Petrobrás foi seu colega do Rio de Janeiro César Maia (PFL). Déda está processando Maia.
TRANSPOSIÇÃO
Sidrônio Henrique, assessor de imprensa do Projeto São Francisco, diz que a licitação de transposição do rio não tem qualquer vício. Sidrônio acusa o colunista de ter “afirmado isso, de forma equivocada”, em Plenário. Erro de Sidrônio, quem se referiu aos vício foi o deputado federal José Carlos Machado (PFL).
PROPOSTA
Sidrônio explica, ainda, que as empresas que adquiriram o edital ainda não fizeram entrega de suas propostas. “afirmar o que você afirmou hoje (ontem) em sua coluna, sem ouvir a outra parte, é ferir o bom jornalismo”, reclama Sidrônio, dando lição de ética jornalística.
RELAÇÃO
Nenhum político – assessor parlamentar, motorista ou secretária – sergipano foi à agência do banco Rural, no Brasília Shopping, fazer retiradas de dinheiro. A Agência Globo está publicando a relação de pessoas que foram ao banco sacar dinheiro das agencias de Marcos Valério (SMP&B e DNA)
LANÇAMENTO
Durante as comemorações de aniversário do deputado federal Heleno Silva (PL), ontem, em Monte Alegre, o seu nome foi lançado como candidato ao Senado em 2006. Heleno reuniu, ontem, na principal praça de Monte Alegre, lideranças políticas e prefeito do sertão que o acompanham, para comemorar seu aniversário.
GILMAR
O deputado estadual Gilmar Carvalho (PSB) disse que só iria falar na CPMI dos Correios se fosse convocado como radialista. Ele diz que não tem a dizer além do que falou sobre um deputado de Sergipe rouco que teria recebido R$ 80 mil de mensalão.
DUTRA
O ex-presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra (PT), retorna a Sergipe na próxima segunda-feira, para iniciar o seu trabalho político. Já está decidido que Dutra disputará uma vaga no Senado, compondo a chapa majoritária da oposição.
VALADARES
O senador Antônio Carlos Valadares (PSB) também defende que todos os culpados pela prática de corrupção devem ser punidos exemplarmente. Valadares reconhece que a crise tem maculado a imagem dos políticos, mas acha que se trata de uma minoria e ninguém deve incorrer no erro da generalização.
FILIAÇÃO
O ex-deputado federal Sérgio Reis (sem partido) não definiu em que legenda vai se filiar. Diz que tem até 30 de setembro para se definir. No momento, Sérgio está preocupado em conversar com lideranças políticas da capital e interior, visando a possibilidade de um apoio à candidatura de Gorette Reis.
Notas
PETROBRAS
José Eduardo Dutra (PT) não é mais presidente da Petrobras. Ele foi substituído ontem à tarde pelo economista baiano José Sérgio Gabrielli. A cerimônia de transmissão do cargo foi realizada na refinaria de Duque de Caxias, com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Dutra ficou dois anos e meio no comando da Petrobras e deixa a presidência da estatal para disputar as eleições do próximo ano. Acompanhado pelo novo presidente da empresa, ele retorna segunda-feira a Aracaju.
ELITE
Durante a solenidade de transmissão de cargo da Presidência da Petrobras, o presidente Lula da Silva (PT) voltou a criticar as elites pela crise política em que vive o país. Lula lembrou a sua origem humilde e prometeu que não se abateria com o cenário político conturbado que atrapalha a vida do país. Lula acrescentou que conquistou o direito de andar de cabeça erguida nesse pais e não vai ser a elite brasileira que “me vai fazer baixar a cabeça”. Políticos sergipanos foram ao Rio, homenagear José Eduardo Dutra.
JORNAIS
A leitura diária de jornais e revistas será obrigatória nas escolas a partir da 5ª série, caso seja aprovado Projeto de Lei, do deputado Carlos Nader (PL-RJ). Os jornais serão fornecidos pelo governo federal e deve atender a todas as classes, subdivididas em grupos de, no máximo, três alunos. Nader diz que a leitura de jornais ampliará a capacidade dos alunos para interpretar textos. Na opinião do deputado, a deficiência de leitura hoje verificada entre os estudantes decorre de “modismos” aplicados à educação.
É fogo
Pensamento de um petroleiro sergipano: “a Petrobras já foi boa, agora com esse mensalão, só é bom para os membros da cúpula do PT”.
A questão do mensalão realmente é uma indignação nacional. Em qualquer lugar que se freqüente ele sempre está presente. Seja no interior ou na capital.
O governador João Alves Filho (PFL) está fazendo política com maior intensidade e cada dia fica mais animado para a disputa da reeleição.
O secretário das Finanças de Aracaju, Nilson Lima (PT), está trabalhando firme para disputar as eleições em 2006. É candidato a deputado federal.
Os deputados Jackson Barreto (PTB) e João Fontes (PDT) estão se preparando para uma disputa jurídica.
O presidente do PMN, Nelson Araújo, está trabalhando para ampliar o seu partido no estado e disputar as próximas eleições.
As eleições do Diretório Regional do PT, em setembro, vão pegar fogo. O prefeito Marcelo Déda e o ex-senador José Eduardo Dutra apóiam Marcio Macedo.
O presidente regional do PT, Severino Bispo, está trabalhando, principalmente no interior, para se manter à frente da legenda no estado.
O prefeito de Capela, Manoel Messias dos Santos (Sukita) terá uma conversa com o governador João Alves Filho.
As vendas reais do setor supermercadista cresceram 3,68% no primeiro semestre de 2005 em relação ao mesmo período do ano passado.
O Brasil corre o risco de sofrer um colapso logístico em um prazo de três anos, caso não seja aumentada a capacidade de movimentação de grãos nos portos do país.
A Petrobras não pretende restringir a sua oferta de gás natural apenas ao Projeto Manati, cuja produção será iniciada no ano que vem.