Lupin e Haddock, por que não?

“Mentira, porém, excelente divertimento. Assista Lupin no Netflix. Bom demais!” Este foi um conselho recomendado a um amigo, via WhatsApp.

Consumi toda a série, cinco episódios, no último domingo, neste isolamento social que nos afasta de tudo e de todos, alimentado pelo iFood, essa maravilha que nos permite comer sem cozinhar, e visitado via Facetime, esse prodígio que nos permite ver e falar via iPhone ou iPad, sem pagar telefone, assistindo Missa pelo Youtube e podendo até comungar, espiritualmente, confessando faltas, omissões e erros, diretamente a Deus, sem penitência, nem intermediários.

Dito assim, ainda dizem que estou ultrapassado, mas…, que fazer?

Lupin com Omar Sy em clichê sedutor.

Como não lembrar das coisas de meu agrado, desde criança e adolescência, sendo Arsène Lupin, uma delas, que agora a Netflix exibe, estrelado por Omar Sy, simpaticíssimo ator francês, afro descendente, como preconceituosamente se diz agora, e negro, negríssimo, retinto mesmo, como se costumava dizer em tempos menos aleivosos e cavilosos de outrora, porque eram importados assim, como força de trabalho, no eito, sem menosprezo, e para se misturarem como todos, bemvindos no leito, por séculos também, como de fato aconteceu, amorenando a raça brasileira, pelo nosso jeito teimoso de embaralhar fluidos e perfumes, a casa grande restando pedra fria, sem orgia, e sem alegria, rendida à senzala abafada, e ao seu desconforto, por melhor conforto e maciez, como bem troçara Jorge de Lima, no chiste gozoso de Fulô, e Xica da Silva, que não era Zezé Mota, mas parecia, em graça, fogo e fidalguia.

Versão de um dos livros de Arsène Lupin de Maurice Leblanc.

Um perigo, por heresia, pois na falta da criação, o censor sempre pode rastrear uma ganga imunda na pepita, e tudo gerar processo, causas de advogados, em demandas de prisão, por falta comportamental, espécie criminal, por preconceito de raça em puro excesso de falta de sizo e graça.

Mas, em destacando maior obviedade para Osmar Sy, esqueci nas minhas memórias de Arsène Lupin, como seria o herói-ladrão cavalheiro, o ladrão de casaca imaginado por Maurice Leblanc (1864-1941), nos idos de 1905.

Minhas lembranças vinham dos anos sessenta, quando por aqui foi lançada uma versão traduzida, contendo poucas gravuras de Lupin, traçado com monóculo e barba,  usando capa e cartola negras.

Arsène Lupin rivalizava-se em similar perícia e expertise com o famoso detetive Sherlock Holmes, criação de Sir Arthur Conan Doyle (1859-1930) , com lupa e cachimbo, que possuía bem mais admiradores.

Admirações à parte, leio na Wikipédia que houve um entrechoque entre os dois autores e seus personagens, tanto que,  Maurice Leblanc fez uma série de entreveros de Arsène Lupin contra Herlock Sholmes, o ladrão sempre enganando o detetive, em estranha grafia de Sherlock Homes.

Ao relembrar Lupin, informo que eu sou do tempo dos últimos exemplares da Revista Tico-Tico, bem distante, com as historietas curtas do desenhista Luiz Sá e seus heróis nacionais: Reco-Reco, Bolão e Azeitona.

Historieta de Luiz Sá na Revista Tico-Tico.

Depois o Tico-Tico sumiu, chegaram o Gato Félix, Luluzinha e Bolinha, o clube em que meninas não adentravam, tempos misóginos, poder-se-ia dizer agora, uma infinidade de cowboys; Roy Rogers, Gene Autry, Tom Mix, etc., e os Super-heróis: Capitão Marvel, com seu Shazan infalível, Dr. Silvana, sinistro e estranho no submundo, o Fantasma com a bela Diana na floresta de Bengala, o notável mágico e hipnotista Mandrake, Lothar e Narda, outra muito bela, Simbad, o marujo,  sem falar dos queridíssimos patos, patinhas e camundongos, de Walt Disney, todos tios e solteirões, mas carregados de sobrinhos.

Estou a falar assim, porque eu adorava possuir gibis e trocá-los nas seções de cinema, nas matinês, como se dizia então; no Cine Rex, com dupla programação; no Vitória do Monsenhor João Moreira Lima; no Cineteatro Rio Branco de Juca e Paulo Barreto; no Pálace, único com ar refrigerado; no Aracaju, e no Guarani, que me era distante e tinha poleiro, onde as pulgas eram  “previamente identificadas e carimbadas”, e passava notáveis fitas de Paixão de Cristo nas Semanas Santas; no Plaza entre outros menos famosos. E por aí vai; todos mortos!

Mas, eis que eu me afasto de Lupin e não pretendo escrever sobre a montadora Ford que está indo embora da Bahia, deixando o tema para os muitos críticos do Presidente Bolsonaro, que um dia cai, ou não cai, como assim eu torço por troco, mesmo com tantas mandingas que lhe jogam, em traumas sempre sofridos por arengas de eleições perdidas.

Já Lupin, a série da Netflix está imperdível, como divertimento.

Recomendo, sem acrescentar detalhes, sobretudo para aqueles que gostam de rever Paris.

Continua linda, luminosa. Excelente para visitar.

Pena que a COVID não nos permita, nem sair de casa.

Já para viver, eu prefiro Aracaju, até para melhor referir em minhas memórias.

O genial Capitão Haddock, companheiro de TimTim está completando 80 anos, em maior preferência dos franceses.

 

Para terminar, “macacos me mordam!”, eu ia concluir sem informar que o Capitão Haddock, está completando 80 anos.

 

Para quem não lembra, Haddock é o marinheiro desbocado, emotivo e bom de cana, companheiro inseparável de TimTim e Milou, nas aventuras adoráveis criadas por Hergé.

 

O capitão Harddock, vale o destaque, é o personagem mais popular dos quadrinhos gauleses, superando até mesmo os belgas Asterix e Obelix e outras poções mágicas, que em terra pátria têm suas preferências.

Preferência de meus netos.

Já os meus netos, em novos risos e melhores alegrias, preferem as aventuras do Capitão Cueca.

Uma excelente escolha!

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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