Mais prudência

Oposição e governo estão tratando com mais prudência a questão dos dólares recebidos de Cuba, pelo Partido dos Trabalhadores, como informa matéria de capa desta semana da revista Veja. Parlamentares da oposição, na Câmara e Senado, estão querendo tratar do assunto depois dos primeiros resultados das investigações e do que for relatado pelas pessoas citadas na revista, durante depoimento na CPI. Até mesmo o arroubo de convocar o presidente Lula da Silva para depor em CPI e explicar a denuncia dos recursos cubanos, não passou de um momento emocional do deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR), que aventou a hipótese logo após ler a reportagem. A razão dessa trégua é resultante de uma decisão do governo em reagir aos ataques, principalmente através do Caixa-2, aproveitando a CPI sobre essa prática criminosa, utilizada por todos os partidos, no qual está metido o ex-presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo.

A questão do Caixa-2, que o próprio presidente Lula tentou banalizar em uma entrevista preparada para boas respostas, concedida a uma repórter na França, está preocupando também o PSDB, que tem várias denuncias envolvendo políticos de suas bases. Além disso, o PT ameaçou levantar as privatizações do setor de comunicação realizados no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Além disso, pode colocar a público a auditoria que procedeu logo após assumir o Planalto, o que não seria bom para o partido que faz a mais contundente oposição ao governo federal e deve polarizar com ele nas eleições de 2006. O relacionamento entre PT e PSDB, pelo menos a nível nacional, é muito ruim e a cada dia se torna mais hostil. Lula, por exemplo, não gostou da ameaça feita pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, de que daria um tapa até no presidente, caso ele estivesse por trás de ameaças que recebeu em Manaus, estendidas à família.

A questão do Caixa-2, se a partir de agora for punida severamente, inclusive com prisão, passa a ser uma preocupação de todas as legendas. Um vereador da menor e mais pobre cidade brasileira entra no esquema do Caixa-2 para se eleger. É difícil encontrar algum político com mandato que não tenha praticado esse tipo de ilícito em qualquer pleito. A primeira preocupação dos candidatos, principalmente o majoritário, é conseguir recursos de campanha, porque ninguém chega ao poder de forma graciosa e sem fazer a mercantilização do voto. Esse dinheiro que chega em forma de doação vem de grandes empresas, principalmente das empreiteiras, que têm como recuperar o que foi gasto. Mas também entram na dança indústrias, bancos, multinacionais e exportadoras de grande porte, que terão influência e participação nas administrações. Financiar campanha é aplicação que retorna em forma de serviços, obras, privilégios, enfim, nessas mamatas que enriquecem vergonhosamente uma imensidão de corruptos que se esconde por trás de homens que se mostram sérios e honestos.

O dinheiro não contabilizado, para usar um termo menos desgastado e aparentemente correto, as vezes sai de empresas públicas ou de arrecadação entre milionários, que participam de forma mais diretamente do bloco que elegeu. Chegam de forma misteriosa e são gastos na compra de consciências, sempre utilizando as classes socialmente vulneráveis às necessidades mais comuns, como óculos, dentadura, remédios, alimentos, além do pagamento de artistas famosos, combustíveis e os ridículos “bocas-de-urnas”. O bom candidato não é aquele que tem dinheiro, mas o que tiver uma melhor equipe de aliados que saibam fazer uma boa arrecadação.

Por tudo isso é muito estranha essa indignação com o Caixa-2 por parte de alguns políticos. Isso é uma prática natural nas eleições proporcionais e majoritárias, porque o voto é caro e parte da sociedade se recusa a votar através da consciência, porque não confia na representação que tem. Não bastar inibir o Caixa-2, tem que conscientizar o eleitor para o voto livre e soberano. Isso é que dá direito à sociedade de cobrar serviço, honestidade e seriedade de governantes e parlamentares.

TUCANO

O programa tucano foi doce. Não houve qualquer tipo de crítica. Ateve-se a mostrar novos filiados e obras realizadas pelo ex-governador Albano Franco.

O ex-governador também apareceu e, como principal liderança do partido, o fez por duas vezes. Deixou no ar que vai disputar as próximas eleições.

QUESTÃO

O estilo liht do programa do PSDB tem uma razão natural: não há ainda uma definição para composição do partido nas eleições de 2006.

O partido pode até sair sozinho – tem bons nomes para isso – mas sem a queda da verticalização aconselha-se prudência, porque os rumos são indefinidos.

CALORIA

O presidente regional do PSDB, deputado federal Bosco Costa, reconheceu que o programa do seu partido na TV, “não teve uma única caloria”.

Ele defendeu que o objetivo do programa, com o PSDB como partido de oposição, seria criticar os governos estadual e federal, com o objetivo de definir posição.

ENCONTRO

Os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, e de Minas, Aécio Neves; o prefeito de São Paulo, José Serra, e o ex-presidente FHC estarão em Sergipe dia 3 de dezembro.

Participam de encontro do PSDB nacional para debater gestão pública e políticas sociais. Virão também deputados, senadores e membros do partido. O local não foi definido.

REUNIÃO

O prefeito Marcelo Déda (PT) reuniu-se ontem com o secretariado, para fazer um balanço do que foi realizado neste período e traçar metas para primeiro semestre de 2006.

A reunião será concluída na próxima segunda-feira e também serviu para que cada secretário tomasse conhecimento do trabalho realizado pelos colegas.

SAUDADE

Marcelo Déda discutiu exaustivamente a possibilidade de deixar a Prefeitura para disputar o governo. Sentiu que havia na reunião “um ar de saudade”.

Déda diz sua vontade de disputar é clara, mas depende da viabilidade política do seu partido e dos aliados: “É preciso construir as bases da aliança”, considerou.

GARIBALDE

O deputado estadual Luis Garibalde (PMDB) tem percorrido cidades do interior para trazer mais filiados ao partido, visando as eleições de 2006.

No seu entender, enquanto não se define a verticalização, a primeira hipótese é sair sozinho. Ele diz que até políticos da área federal te dúvidas quanto a sua manutenção.

CÚPULA

O governador João Alves Filho (PFL) reuniu-se ontem com os auxiliares do primeiro e segundo escalões. Tratou da realização da Cúpula Mundial da Família, que acontecerá em Aracaju, de 2 a 8 de dezembro.

Mais de 50 países já confirmaram presença e Sergipe foi escolhido para sediar a Cúpula pelo trabalho realizado pelo Pró-Família.

SECRETÁRIOS

Amanhã o governador terá uma nova reunião, dessa vez só com os secretários. Farão um balanço da administração durante esse período.

João Alves Filho também vai tratar com os secretários sobre as novas normas para a publicidade de obras realizadas pelo governo. Hoje João atende a vários auxiliares.

LIMINAR

A Justiça Federal, através de juíza da Bahia, concedeu liminar contra a Agência Nacional de Água (ANA), que suspende o projeto de transposição do rio São Francisco.

Julgou a ação popular, que reclama da ANA o Certificado de Sustentabilidade Hídrica do projeto de transposição.

FEIJÃO

A partir de quinta-feira o prefeito de Poço Verde, Toinho de Dorinha, reinicia a compra de feijão para os agricultores do município.

Nos último dias a imprensa tem divulgado que a Conab havia sustado a venda de feijão à Prefeitura de Poço Verde.

RESPOSTA

O deputado Jorge Alberto (PMDB) respondeu às críticas feitas pelo seu colega Jackson Barreto (PTB) no programa do radialista Fábio Henrique.

Jackson disse que Jorge não deveria ir a Brasília para participar de reunião como o ministro da Educação para fazer palanque para o governador João Alves Filho e Jerônimo Reis.

INTERESSES

Jorge Alberto explicou que cumpriu seu papel como deputado ao acompanhar o governador numa reunião para tratar de interesses de Sergipe.

O deputado Jorge Alberto disse que todos sabem que Jackson tem “problemas pessoais comigo, ele não gosta de mim. Eu não estou nem aí para ele nem para o que ele diz”.

VALADARES

O senador Antônio Carlos Valadares (PSB) anunciou que na próxima semana levará um manifesto de apoio à liberdade de imprensa.

Sem citar nomes, o senador Valadares disse que está havendo pressão a órgãos de comunicação no estado de Sergipe.

Notas

REFORMA-1

O relator da Proposta de Emenda à Constituição 446/05, deputado Marcelo Barbieri (PMDB-SP), apresentou parecer preliminar sobre a PEC que adia de 30 de setembro para 31 de dezembro deste ano o prazo para mudanças no processo eleitoral de 2006. Propõe em transforma-lo em substitutivo.

Em forma de substitutivo prevê a apenas para as eleições de 2006, das listas preordenadas, do financiamento público de campanha e das federações partidárias, além da redução da chamada cláusula de barreira.

REFORMA-2
O deputado Inaldo Leitão (PL-PB) chamou a atenção para a dificuldade de aprovar um substitutivo como o apresentado por Barbieri. Ele citou como exemplo o fim da verticalização das coligações, que ainda não foi votado em Plenário devido às medidas provisórias que trancam a pauta.

“Se não conseguimos sequer votar a quebra da verticalização, que é quase consensual, como vamos conseguir votar um substitutivo que traz tantas alterações?”, questionou o parlamentar paraibano.

PUBLICIDADE

Deu na Folha: “Lula também decidiu meter a mão na caneta para endurecer contra os setores da imprensa que têm divulgado informações contrárias ao governo. Lula pensa em tirar anúncios da administração direta e indireta de veículos considerados de oposição para concentrar em outros.
A intenção de Lula de discriminar os órgãos de imprensa, porém, esbarra na realidade brasileira. O TCU (Tribunal de Contas da União) exerce poder de fiscalização sobre os gastos de publicidade”.
 

 

É fogo

O Ministério Público continua apurando a proposta feita pela Fundação goiana para liberar recursos às Prefeituras de Sergipe.

Os prefeitos de Pinhão e de Poço Verde vão ser ouvidos sobre a proposta que obtiveram para fazer obras de saneamento básico.

A reportagem de Veja sobre os dólares de Cuba está sendo visto com certo cuidado pela oposição ao governo.

Em Brasília está se iniciando contatos para que seja amenizado o confronto entre oposição e governo, para que os trabalhos legislativos avancem.

O médico Edney Freire Caetano (PTdoB) foi convidado pelo deputado federal José Carlos Machado para fazer uma composição com os pefelistas.

Edney Caetano resiste, por entender que as chances do PTdoB em eleger representantes é maior se ficar fora de um chapão com o PFL.

Os bancos particulares não estão cumprindo os 15 minutos determinados por lei. Houve um esmorecimento na fiscalização.

O presidente do Diretório do PMDB, Benedito Figueiredo, ainda não se manifestou sobre que cargo disputará nas eleições de 2006.

O deputado Valmir Monteiro (PFL) acredita que haverá uma solução, sem prejuízo para a população, na questão dos camioneteiros que querem fazer transporte de passageiros.

A Força Sindical quer garantir o emprego dos trabalhadores do setor de carne e derivados e de todo o país por 30 dias.

A deflação registrada nos últimos meses pelo IGP-DI tem grande economia expressiva para estados e municípios sobre os juros da dívida contraída com a União.

O Copom do Banco Central decidiu alterar os prazos para a realização das reuniões em que são decididos os rumos da taxa de juros do país.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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