O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disputa o segundo turno com Geraldo Alckmin (PSDB), começou bem na primeira pesquisa de caráter nacional. Não comemorou. Ele tem absoluta certeza que se trata de outra eleição e não pode mais ficar preso no gabinete e deixar o barco correr, como se já tivesse reeleito. Lula desceu do sapato alto e agora topa discutir com os tucanos absolutamente tudo: ética, corrupção e todos os ilícitos que foram tornados públicos. Pelo que o presidente disse ontem, em Joazeiro, na Bahia, o nível da campanha vai baixar. É possível que vença quem tiver melhor condição de nocautear o outro, na disputa de quem é mais ou menos envolvido em escândalos. O caso do dossiê afastou ontem o presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Ricardo Berzoini. Ele mesmo fez o anuncio logo após a reunião da Executiva Nacional do PT, na sede do partido. O coordenador da campanha de reeleição do presidente Lula da Silva, Marco Aurélio Garcia, por ser o vice-presidente nacional da legenda, assumirá o cargo. Berzoini disse que a decisão tinha o objetivo de “garantir a unidade e coesão do PT”. De qualquer forma, Ricardo Berzoini é o segundo presidente nacional do PT que sai do cargo em razão de um escândalo que envolve figuras importantes do partido e com estreita ligação com o presidente. Na realidade foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quem deu a primeira sinalização para que houvesse uma limpeza na direção do partido. Terça-feira passada o Lula chamou Berzoini para uma conversa reservada. O presidente avaliava que precisava encontrar uma solução urgente para o caso, pois não podia passar o segundo turno da campanha à reeleição sangrando por causa do dossiê. Planejava chegar ao debate de domingo, na TV Bandeirantes, sem tantos estragos à sua volta. Ricardo Berzoini entendeu bem o recado e resolveu se afastar. Antes ele já tinha sido queimado por coordenadores da campanha, que consideravam necessário afastar todo e qualquer aliado que trouxesse máculas que servissem de argumento para a oposição. O governador eleito de Sergipe, Marcelo Déda, durante reunião em Brasília, quando esteve com os demais coordenadores da campanha de Lula para o segundo turno, entendeu perfeitamente que o seu partido, o PT, não poderia continuar mantendo em seus quadros pessoas envolvidas em qualquer tipo de escândalo. Déda defendeu uma investigação interna e punição para todos que foram citados no caso do dossiê. Marcelo Déda não procurou colocar a mão sobre a cabeça de ninguém: “Se Berzoini, Antônio, João, sei lá quem, comprovou-se o envolvimento, o diretório tem que tomar iniciativa. Quem tiver envolvimento comprovado, que sofra punição exemplar”. A punição não foi “exemplar”, como gostaria o prefeito eleito de Sergipe, mas ameniza a situação com a decisão lúcida do presidente Ricardo Berzoini. Em Sergipe as eleições presidenciais serão movimentadas. Haverá mobilização das mesmas lideranças que disputaram as eleições estaduais. O governador eleito Marcelo Déda coordena a campanha de Lula da Silva e o governador João Alves Filho também está trabalhando no comando de campanha de Geraldo Alckmin. Ontem, os dois já se reuniram com aliados e correligionários das suas coligações, para traçarem estratégias de campanha e, evidentemente, deixaram clara a regionalização da disputa. O deputado estadual Fabiano Oliveira também entra na coordenação em Sergipe e João Alves já anunciou a adesão do senador Almeida Lima e do deputado federal João Fontes, para a campanha de Alckmin. Isso é uma fotografia de que a movimentação no estado será intensa: o grupo de João quer melhorar a performance de Alckmin em Sergipe e o pessoal que acompanha Marcelo Déda pretende dar uma virada na votação do primeiro turno, onde o candidato tucano ganhou em Aracaju e teve a melhor votação do Nordeste nos municípios sergipanos. A partir desse final de semana, os dois lados põem seus blocos nas ruas. PUNIÇÃO Durante reunião em Brasília, o governador eleito Marcelo Déda defende investigação interna e punição para todos os envolvidos no caso do dossiê. “Se Berzoini, Antônio, João, sei lá quem, comprovou-se o envolvimento, o diretório tem que tomar iniciativa. Quem tiver envolvimento comprovado, que sofra punição exemplar”. COBRANÇA Está no “Jornal do Comércio” de ontem: “Jaques Wagner, Marcelo Déda e Cid Gomes sempre foram ardorosos defensores da transposição das águas do rio São Francisco. Eleitos governadores da Bahia, Sergipe e Ceará, respectivamente, garantirão a realização do projeto prometido por Lula”? CAMPANHA Durante a campanha o governador eleito Marcelo Déda (PT) declarava que era a favor da revitalização do rio São Francisco e contra a transposição. A expectativa é que ele mantenha a posição assumida o que, inclusive, avisou ao presidente Lula em público. Déda será contra a transposição. JORGE Ao enviar carta pedindo afastamento do PSDB, o deputado Jorge Araújo diz o seguinte: “Como candidato, não venci as eleições como pretendia, mas Sergipe venceu”! Jorge reclamou: toda lealdade ao PSDB, não foram suficientes, sequer, para garantir-me o direito de participar das inserções do meu Partido. MAIS GENTE Esta não será a primeira carta que a presidenta do PSDB, Mirian Ribeiro, vai receber solicitando afastamento do partido. O deputado Ulices Andrade não tem mais espaço dentro do ninho tucano e vai apoiar o Governo Déda no próximo ano. POR LULA O governador eleito Marcelo Déda reuniu, ontem, imprensa e aliados para pedir empenho de todos na campanha de segundo turno para reeleger o presidente Lula. “Agora é Lula-13, o numero é o mesmo. Aracaju não vai negar o seu voto à justiça social do país”, apelou Déda. O encontro foi no Iate Clube de Aracaju. TRANSIÇÃO A equipe técnica de transição será montada por Marcelo Déda já na próxima semana, para fazer os primeiros projetos para Secretarias. Déda já informou que haverá uma redução de algumas pastas. Quanto ao primeiro escalão será de responsabilidade do prefeito com lideranças dos partidos aliados. CONVITE Geraldo Alckmin (PSDB), que disputa o segundo turno para presidente, juntou ao comando nacional de sua campanha o governador João Alves Filho e o senador Arthur Virgílio. O candidato a presidente fez isso mirando os eleitores do Norte e Nordeste, onde o seu concorrente, presidente Lula, obteve larga margem de votos. TRAÍDO O deputado federal eleito Albano Franco (PSDB) não gostou de ter ficado em terceiro lugar na disputa pela Câmara Federal. Gostaria de ter sido o primeiro. Apesar dos quase cem mil votos, Albano queria mais e até considerou que foi traído por pessoas que estava trabalhando para ele no interior. BRASÍLIA Acompanhado do deputado Fabiano Oliveira, o ex-governador Albano Franco esteve em Brasília com o senador Sérgio Guerra (PFL), coordenador de campanha de Alckmin. Apesar de ter alegado conforto em ter dado 30 mil votos de diferença a Alckmin em Aracaju, Albano tomou conhecimento que o coordenador no Nordeste é João Alves Filho. ALMEIDA O senador José Almeida Lima (PMDB) está apoiando a candidatura de Geraldo Alckmin a presidente da República. Almeida diz que fará o que puder para que Alckmin seja eleito: “é vital que ele (Alckmin) ganhe. É extremamente importante para o país”. NORDESTE Almeida Lima diz que o resultado das eleições mostrou que “não tem essa história do presidente Lula ser o dono do Nordeste”. Acha que Lula pregou isso e a própria oposição acreditou: “além disso, depois do fracasso das pesquisas nacionais, o povo perdeu o medo de votar em Alckmin”. ORDEM A advogada Aída Campos é candidata à presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (seccional de Sergipe) e já está recebendo adesões. Alguns advogados, inclusive que já foram presidente da OAB, estão incentivando sua candidatura. O outro candidato é Henry Clay, que tentará a reeleição. Notas ALCKMIN O governador João Alves Filho (PFL) anunciou ontem o nome do deputado estadual Fabiano Oliveira como o coordenador, em Sergipe, da campanha do candidato a presidente tucano Geraldo Alckmin. Ao anuncia o nome de Fabiano, o governador disse que se “trata de uma pessoa que aprendi a admirar”. João integra a coordenação nacional da campanha de Alckmin e anunciou duas surpresas: “já temos dois aliados em nossa campanha, o senador José Almeida Lima (PMDB) e o deputado federal João Fontes (PDT)”. FABIANO Acrescentou que João Alves lhe ensinou a fazer política com “P” maiúsculo. Quanto à campanha de Geraldo Alckmin, o deputado Fabiano Oliveira disse que todos nós “vamos coordenar essa campanha”. A próxima legislatura apresentará uma nova tentativa de fortalecer a fidelidade partidária na Câmara: a partir da posse dos novos deputados, entrará em vigor a resolução que adota o resultado das urnas como o parâmetro único para a distribuição de cargos da Mesa Diretora e das comissões técnicas. É fogo Muita gente esteve ontem no Iate Clube para ouvir o governador eleito Marcelo Déda, que foi pedir votos para o presidente Lula. O governador João Alves Filho também vai colocar o bloco nas ruas e pedir votos para Geraldo Alckmin. Ele é um dos coordenadores de campanha. O deputado José Nilton de Zé de Dona não retorna mais à Assembléia Legislativa. Itabaiana tem apenas um representante naquela casa. Marcelo Déda tem conversado pouco com seus aliados sobre a formação de governo. Sua preocupação agora é com a campanha de Lula. A preocupação de Fabiano Oliveira é reorganizar o PSDB em Sergipe e continuar a legenda forte como sempre foi em Sergipe. Até mesmo deputados da oposição estão achando que o deputado federal Jackson Barreto (PTB) está exagerando. É hora de descer do palanque… A Câmara Municipal de Aracaju pode ter o embate de dois ex-presidentes: Emanuel Nascimento (PT) e Sérgio Góes (PL). O senador José Almeida Lima (PMDB) não pretende deixar o partido, que tem uma boa parte aliada ao governador eleito Marcelo Déda. O deputado federal João Fontes (PDT) é do grupo que defende apoio a Geraldo Alckmin.O seu partido ficará à vontade. O jornalista esportivo Jurandir Santos morreu ontem. Foi um dos jornalistas mais expressivos de sua área por muitos anos em Sergipe. brayner@infonet.com.br
O deputado Fabiano Oliveira disse ontem, em discurso no Augustu`s, que vai completar o seu mandato como parlamentar. Acrescentou que estava tranqüilo e agradeceu ao governador João Alves Filho pelos ensinamentos recebidos, os quais “vou levá-los até o fim dos meus dias”. Falou emocionado.
FIDELIDADE
Dessa forma, os partidos que elegeram o maior número de deputados em primeiro de outubro terão preferência na escolha dos principais cargos de direção da Casa, durante os quatro anos de mandato parlamentar.
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários