E se PT e PDT formarem uma chapa?

Por Marcos Cardoso*

Ainda é cedo para se especular sobre coisa dessa natureza, mas as possibilidades estão abertas faltando um ano para as eleições. O certo é que quase nenhuma viva alma ligada ao senador Rogério Carvalho, ao ministro Márcio Macedo e ao ex-prefeito Edvaldo Nogueira descarta essa possibilidade: PT e PDT podem voltar a fazer aliança e lançarem candidato a governador no pleito que se avizinha.

Rogério senador eleito e Edvaldo prefeito em 2018

À primeira vista a composição resolveria os problemas das três lideranças. Rogério e Edvaldo buscam um palanque. O senador petista não tem um candidato a governador a quem apoiar e o pedetista só tem encontrado resistência no seu projeto de ser um dos candidatos ao Senado ungido pelo governador Fábio Mitidieri (PSD), que não esconde sua preferência por André Moura (União) e Alessandro Vieira (MDB).

E quem seria o postulante a governador dessa chapa oposicionista? O nome que surge é o de Márcio Macedo, que teria assim resolvido, inclusive, o problema de participar da eleição como candidato majoritário, já que a preferência na disputa para o Senado é de Rogério Carvalho, que busca a reeleição.

É o que defendem pessoas ligadas ao ministro. Um entusiasta da ideia, segundo informam, Márcio é lembrado como petista histórico, do grupo de Marcelo Déda e José Eduardo Dutra, que presidiu o PT sergipano e foi deputado federal por dois mandatos. Além de tesoureiro nacional do PT, coordenador da Caravana Lula Livre e da campanha de Lula a presidente.

Márcio é ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, pasta que cuida da articulação e diálogo entre o governo federal e a sociedade civil organizada, com participação em ações importantes em favor de Sergipe, como nos investimentos na saúde, educação, nos novos campus da UFS e campus do IFS, no Hospital Universitário de Lagarto, em obras de infraestrutura na capital e no interior, além de novas unidades do Minha Casa, Minha Vida.

A definição pelo nome de Márcio Macedo resolveria parte do problema da oposição progressista, mas não apazigua o estranhamento entre Rogério e Edvaldo. Os dois não se bicam há algum tempo. O ex-prefeito de Aracaju considera que foi o PT, hoje presidido em Sergipe pelo líder do partido no Senado, que se afastou.

No entanto, há petistas considerando que Edvaldo se endireitou, no sentido de ter dado uma guinada à direita desde que se filiou ao PDT e se aproximou do senador Laércio Oliveira (PP) e de Fábio Mitidieri.

Mas é o próprio Edvaldo quem afirma: na política nada é impossível, uma aproximação só depende do PT. Uma fonte credenciada do partido de Lula, por sua vez, garante: existe sim a possibilidade de reconciliação entre Rogério e Edvaldo. Neste momento, pessoas próximas ao senador estão emitindo sinais, buscando esse movimento de reaproximação, com cautela, porque em 2022 Edvaldo teria deixado Rogério no vácuo. O certo é que não há nada de concreto, mas embaixadores de ambos os lados estão conversando.

Edvaldo Nogueira foi eleito vice-prefeito ao lado de Marcelo Déda em 2002 e 2006, depois se elegeu prefeito em 2008 na companhia de Silvio Santos, do PT, como vice. Repetindo a dobradinha histórica, em 2016, quando voltou a concorrer ao cargo de prefeito de Aracaju, ainda pelo PCdoB, Edvaldo teve o apoio do PT de Eliane Aquino, que foi sua vice-prefeita. Nas eleições estaduais de 2018, estavam juntos na eleição de Belivaldo Chagas, com Eliane compondo a chapa como vice-governadora.

Em 2020, a relação histórica se rompeu e Edvaldo foi candidato à reeleição de prefeito tendo como vice a delegada Katarina Feitoza (PSD), enquanto o PT lançou o ex-deputado federal Márcio Macedo. No segundo turno, o PT recomendou voto crítico ao ex-aliado.

Em 2022 já não estavam juntos mesmo, Edvaldo abriu mão de concorrer ao governo para apoiar Mitidieri e Rogério foi ao governo na companhia do empresário Sérgio Gama (MDB), conseguindo a proeza de sair na frente no primeiro turno, mas perdendo a eleição no segundo turno.

Em 2024, o PDT de Edvaldo e o PT de Rogério lançaram candidaturas próprias à Prefeitura de Aracaju, Luiz Roberto e Candisse Carvalho. Perderam para Emília Corrêa (PL), prefeita eleita.

Para 2026, por enquanto, só é permitido especular.

*Marcos Cardoso é jornalista. Autor de “Sempre aos Domingos – Antologia de textos jornalísticos” (Editora UFS, 2008), do romance “O Anofelino Solerte” (Edise, 2018) e de “Impressões da Ditadura” (Editora UFS, 2024). marcoscardosojornalista@gmail.com

Foto: Ana Lícia Menezes/PMA

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais