Por Marcos Cardoso*
E pensar que teremos três anos e meio de Trump pela frente ainda. E ainda teremos pelos menos um ano e meio com esse Congresso Nacional. Para quem supõe que a ameaça de golpe morreu no 8 de janeiro de 2023, a extrema-direita fascista e golpista criou mais coragem e se fortaleceu com a chegada do condenado da peruca cor de laranja à presidência dos Estados Unidos.
É condenado sim, no dia 10 de janeiro de 2025 o republicano tornou-se o primeiro criminoso condenado a assumir a Casa Branca. A condenação por fraude contábil aconteceu em maio de 2024. Antes, no dia 6 de janeiro de 2021, depois de perder a eleição para Joe Biden, ele convocou um ataque ao Capitólio, o congresso americano, para forçar a sua permanência no poder. Povo bunda é o estadunidense, capaz de eleger um criminoso.
Ora, se um presidente americano tenta um golpe de estado no próprio “país da liberdade e da democracia”, quanto mais incitar à volta da ditadura a uma nação da América Latina. Brother Sam é useiro e vezeiro em fazer isso. Como em 1964. E agora há um deslumbrado fascista no poder louco para mostrar o quanto ele pode. Mas ele não pode tudo.
A embaixada dos Estados Unidos no Brasil compartilhou nesta quarta-feira uma mensagem com ameaças ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e aos integrantes do Judiciário brasileiro que o apoiam. O comunicado foi divulgado na rede social de Darren Beattie, funcionário da diplomacia norte-americana.
“O ministro Moraes é o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores. Suas flagrantes violações de direitos humanos resultaram em sanções pela Lei Magnitsky, determinadas pelo presidente Trump. Os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta de Moraes. Estamos monitorando a situação de perto.” Esse é o teor da ameaça.
A operação Brother Sam, obrada pelo governo democrata de John Kennedy, utilizou a Marinha e Força Aérea dos Estados Unidos, com o uso de porta-aviões, destroieres e outros equipamentos, em apoio ao golpe de Estado no Brasil em 1964. É o sonho dos bolsonaristas golpistas alimentado pelo deputado traidor da pátria Eduardo Bolsonaro, que articula na terra de Trump para que, pelo bem do Brasil, aconteça o pior para o Brasil.
O irmão dele, Flávio, já insinuou que bombas atômicas poderiam ser atiradas contra nós. E por que não? Os EUA foram os únicos a usarem artefatos nucleares para destruir duas cidades indefesas, Hiroshima e Nagasaki, há exatos 80 anos.
E pensar que nós, pequenos sergipanos, temos dois senadores que assinam o impeachment de um ministro do STF, simplesmente pelo fato de ele estar cumprindo o seu papel constitucional. Alessandro Vieira (MDB) e Laércio Oliveira (PP) estão entre os 41 senadores que deram o aval ao pedido de demissão de Alexandre de Moraes. Veremos no que vai dar.
Traduzindo para o bom português, eles estão cumprindo o desejo de Trump, que é desmoralizar não só o Judiciário brasileiro, mas corromper os poderes constituídos do Brasil, inclusive o Legislativo, para tornar Bolsonaro elegível e enfraquecer o presidente Lula no embate eleitoral que se avizinha.
É o golpe de estado moderno aplicado “democraticamente”, pela via eleitoral, e a ditadura sendo instituída pelo caminho “institucional”, o próprio laranjão demonstra pretender o mesmo por lá.
Mas o Brasil é poderoso. O povo deste país escolheu Lula, a única pessoa que teria força para barrar a reeleição do golpista Bolsonaro. E o STF tem demonstrado a coragem necessária para resistir. Mesmo sofrendo ataques tão escrotos de uma nação estrangeira.
*Marcos Cardoso é jornalista. Autor de “Sempre aos Domingos – Antologia de textos jornalísticos” (Editora UFS, 2008), do romance “O Anofelino Solerte” (Edise, 2018) e de “Impressões da Ditadura” (Editora UFS, 2024).