Marcos Cardoso*

O Pré-Caju foi o primeiro ato da peça que será exibida até 6 de outubro de 2024, dia da eleição para prefeitos e vereadores. É previsto que a temporada se estenda até 27 de outubro, o segundo turno. Todos os pretensos candidatos a prefeito de Aracaju desfilaram seus sorrisos e simpatias pela Orla da Atalaia, quando finalmente se vislumbrou quem ficou mais à vontade com o figurino de candidato e se destacou no meio da multidão.

Foram notados e cortejados a secretária Nacional de Renda de Cidadania, Eliane Aquino (PT), o secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura, Luiz Roberto Dantas de Santana (PDT), as deputadas federais Delegada Katarina (PSD) e Yandra de André (União), além do vereador Nitinho Vitale (PSD), do vice-governador Zezinho Sobral (PDT), e da secretária de Estado de Políticas para as Mulheres, Danielle Garcia (Podemos).

Chamou a atenção dos foliões a presença constante e efusiva de Luiz Roberto, sempre em boa companhia, inclusive do governador, e muitas vezes carregado a tiracolo pelo prefeito Edvaldo Nogueira (PDT), aquele a quem caberá indicar o candidato do grupo liderado por Fábio Mitidieri (PSD). Pelo menos teoricamente. O prefeito sabe que na prática da política a teoria pode não passar de entendimentos jamais cumpridos.

Quando ainda prefeito no final dos seus dois primeiros mandatos, Edvaldo confirmou a precedência sobre a indicação do seu sucessor, convencendo o governador Marcelo Déda (PT) e o vice-governador Jackson Barreto (MDB) sobre a autoridade que teria para isso, mas escolheu mal. O então deputado federal Valadares Filho (PSB) não foi páreo para o velho João Alves (DEM), que dois anos antes tinha perdido novamente a eleição para Déda, mas venceu aquele pleito de 2012 em Aracaju, o que fez renascer nele a vontade de voltar a governar a capital.

A eleição anterior tem esse poder de influenciar o pleito seguinte. Por isso que os postulantes mais animados a disputar o cargo de prefeito de Aracaju no próximo ano são aqueles que saíram bem das urnas no ano passado. Curiosamente, quatro dos mais destacados concorreram ao cargo de deputado federal, sendo que duas candidaturas foram vitoriosas e outras duas não.

Yandra bateu recorde de votos e tornou-se a deputada federal mais bem votada, com mais de 131 mil votos. Mas ela não foi a campeã de votos em Aracaju, onde obteve “apenas” 13.629 votos. A campeã nesse quesito foi Eliane Aquino, com 28.285 votos na capital, o que ajudou a torná-la a 6ª candidata a deputada federal mais bem votada, não se elegendo porque a federação PT-PCdoB-PV não conseguiu eleger o segundo candidato, mesmo que ela tenha ficado à frente dos eleitos Rodrigo Valadares (União), Thiago de Joaldo (PP) e Delegada Katarina, que obteve em Aracaju 16.938 votos.

Desses, Luiz Roberto foi o segundo mais bem votado na capital, com 17.853 votos, e desse resultado vem seu capital político, mesmo que no geral tenha sido somente o 11º mais bem votado para a Câmara Federal. Nitinho também se destaca, com 16.184 votos em Aracaju, bem à frente de Yandra.

Zezinho não foi necessariamente votado, já que os votos de vice-governador não aparecem, mas a delegada Danielle merece ser lembrada. Disputou o Senado, ficou em quarto lugar no geral, mas foi a candidata à câmara alta mais bem votada em Aracaju, superando os 72 mil votos.

No apurado da folia, destacam-se os nomes de Eliane Aquino, com potencial de ser a candidata forte da oposição liderada pelo PT, e de Luiz Roberto, como chances reais de ser o candidato da situação. Com a vantagem para ele de representar o grupo Mitideri-Edvaldo, que tem as canetas com mais tinta para gastar, já que assinam pelo Estado e pela Prefeitura de Aracaju. O animado Luiz Roberto botou o bloco na rua, mas precisa ver se o povo vai curtir essa animação.

*É jornalista.