As chuvas que caem torrencialmente na capital sergipana desde a semana passada começam a fazer um grande estrago na periferia da cidade, quase sempre relegada a planos secundários pelas diversas administrações que por aqui passaram. E expõem, cruelmente, o retrato do descaso e do abandono de um povo, somente lembrado com “carinho” pelos políticos em época de eleições. Assisti, perplexo, ontem, em um dos telejornais locais, famílias inteiras da Terra Dura (Bairro Santa Maria) pedindo socorro às autoridades constituídas, diante da possibilidade iminente de uma tragédia com suas famílias. Escutei depoimentos de mães aflitas, impotentes, desesperadas, implorando por ajuda a qualquer pessoa que se dignasse a ajudá-las. Mas pelo que pude perceber na matéria exibida na televisão, com riqueza de detalhes, a ação da prefeitura de Aracaju ficou a desejar. O trabalho das equipes designadas para uma atuação de emergência nas áreas de risco – que são muitas – fora atabalhoado, malconduzido, e, diante das imagens exibidas, carece de uma reavaliação urgente por parte do atual prefeito Edvaldo Nogueira, já que se sabe que nesta época do ano o risco de desabamentos aumenta consideravelmente em favelas existentes em áreas de invasão espalhadas pela capital. Mas a surpresa maior ficou mesmo por conta da região onde os principais problemas estão acontecendo: o bairro Santa Maria. No finalzinho de março, quem não lembra, os aracajuanos foram informados pela publicidade oficial da PMA que grande parte dos recursos da gestão anterior foram direcionados para o Santa Maria. Vultosos investimentos em infra-estrutura teriam sido realizados por lá nos últimos cinco anos. E todos acreditaram que o “novo bairro” passara, assim, a ser modelo entre os demais bairros periféricos de Aracaju. Um lugar paupérrimo, antes esquecido, porém hoje bem aquinhoado com saneamento básico e condições dignas de vida, graças ao operoso trabalho do poder público municipal. Ora, se as grande obras de Marcelo Déda foram tocadas, cuidadosamente, na Coroa do Meio e na Terra Dura, o que de fato está acontecendo, se não resistem às primeiras chuvas de outono? Que não tenhamos um inverno tenebroso pela frente, pois não há marketing que resista a uma boa chuva.
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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