Andei pensando esses dias como é impressionante o número de pessoas que tem verdadeiro pavor da matemática. A simples menção da palavra lhes causa arrepios até no couro cabeludo. Dá calafrios de rachar. Talvez seja por isso que muita gente não consiga vislumbrar, minimamente, o cenário que se está delineando para as próximas eleições de 2006.
É bem verdade que política não é coisa cartesiana – já abordei esse tema anteriormente – mas, depois das eleições municipais que consagraram Marcelo Déda em Aracaju, e da vitória de outros prefeitos aliados dele, em grandes cidades do interior sergipano, somos obrigados a parar para fazer cálculos. É chegada a hora das estatísticas. Só que em política todo cuidado é pouco, pois, dificilmente, a soma de dois mais dois é quatro.
Oriundo da área de exatas, engenheiro civil por formação, o governador João Alves Filho é homem com capacidade de raciocínio privilegiada, sendo dos poucos sergipanos capazes de encarar a matemática sem medo. E como sabe fazer contas o nosso governador. Ele, por sinal, mesmo afastado da engenharia, dá um banho em certos profissionais considerados experts no assunto.
Na matemática dos votos não é diferente. Quem convive diretamente com Dr. João Alves sabe que as complexas equações políticas não saem de sua mesa de trabalho. Aliás, o “x” da questão está justamente aí.
Consciente das divisões existentes e do equilíbrio de forças, hoje, no interior do Estado, onde sempre fora imbatível, João Alves passou a trabalhar com o imponderável. Está investindo tudo na capital, Aracaju, para tentar atingir seu principal adversário – Marcelo Déda – em um ponto vital.
A criação da Secmetro (Secretaria Metropolitana), os investimentos maciços na ponte Aracaju-Barra dos Coqueiros e na nova orla de Atalaia não deixam a menor dúvida disso. A estratégia é clara.
No entanto, ironicamente, apesar de seu notório saber, o grande problema de João em 2006 vai ser a matemática. É que o povo começou a fazer contas e percebeu problemas multiplicados, segurança, saúde e educação de menos, servidores com salários reduzidos, e o poder do governador, dizem as más línguas, dividido.
Outro complicador é que ao somar nos dedos três mais um (mandatos), os cidadãos sergipanos estão chegando à conclusão de que o resultado é quase infinito.