MEDICINA DE SERGIPE PERDE UM ÍCONE

Acumulara apenas 48 anos de vida. Ainda muito novo para partir, com uma vida pela frente. A morte o arrebatou brusca e inesperadamente, na madrugada deste domingo. Refiro-me ao colega Clóvis Oliveira Andrade, cardiologista, poeta, de bem com a vida, comprometido cem por cento com a missão de sua profissão, engajado na promoção à saúde na área que escolheu com determinação e competência, na luta contra o inimigo silencioso, traiçoeiro, impertinente: a hipertensão arterial.

Nos últimos dez anos, deparava-me sempre com Clóvis na organização das ações de sensibilização para conter esse inimigo cruel, organizando caminhadas, palestras, festas e outras atividades, com ele vindo, quase sempre ao meu encontro, para solicitar o apoio da Unimed, que por sua vez sempre o apoiava nessas ações de promoção à saúde. Um pouquinho aqui, outro ali, saía ele juntando os tijolos dessa construção coletiva, divulgando noções de prevenção para uma vida mais saudável. Seu compromisso com o social da Medicina foi pleno, absoluto, sincero. Sua perseverança frente às adversidades foi exemplar. Nunca se abateu com a dificuldade, menos ainda com a indiferença. Como dói, a indiferença! Mas Clóvis nunca se abatia, até chegar a doença, implacável, irresistível!

Encontramo-nos pela derradeira vez na confraternização de final de ano da Unimed, em 14 de dezembro de 2007, na AABB. Como sempre, estava alegre, animado, dançando com a sua amada Valquíria e ali conversamos rapidamente. Disse-me, empolgado: “Hoje sinto um grande orgulho de pertencer a essa empresa, a Unimed é grande demais para se preocupar com coisinhas miúdas”,  vibrando com o glamour da festa. Concordei com ele, dei-lhe um breve tchau e saí, com meu par, rodopiando pelo salão, feliz.

O trabalho que Clóvis desenvolveu no comando da Liga Sergipana de Hipertensão Arterial, fundada por ele, foi notável e digno de reverência. Da mesma forma, a sua atuação na Sociedade Sergipana de Cardiologia, da qual foi presidente, deixou um legado de grandes realizações. No Hospital do Coração era o seu  Diretor Clínico, professor e coordenador da Residência Médica em Cardiologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), em convênio com o Hospital de Cirurgia. Atuava ainda no Ipes, na Cemise e na Unidade Diagnóstica da Unimed, realizando exames de ecocardiografia, aos sábados. Incansável!

A morte prematura de Clóvis Andrade deixa uma grande lacuna na cardiologia de nosso Estado. Esse “plantador de sonhos” morreu lutando, e em vida não passou em brancas nuvens, como muitos. Partiu com a certeza do dever cumprido. Deixou, sobretudo, o exemplo do trabalho e da dedicação para os mais necessitados e de amor ao próximo. Sua mulher, Valquíria e seus filhos Keyla e Wallace, por certo disso muito se orgulharão. É certo que a medicina sergipana perde um de seus expoentes. Os hospitais e os doentes, os hipertensos e os idosos, sentirão sua falta, mas seu espírito altruísta e humanitário vai perdurar.

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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