Medicina e a internet

Após duas semanas de ausência onde Murphy esteve me atacando, culminando com a ruptura total d

O Dr. Google
a última falange do dedo anelar (o popular “seu vizinho”), estou de volta para escrever a coluna. Nada mais natual do que escrever sobre medicina e o auto-diagnóstico.

Alguns meses atrás conversando com dois médicos amigos meus, em momentos diferentes, eles reclamaram de como a internet estava interferindo no diagnóstico dos seus pacientes. Eles falaram que com tanta informação disponível na web, os pacientes já chegam “sabendo” o que tem e alguns até qual o tratamento que tem que fazer. Ao escutar aquilo achei realmente estranho. Porém, depois de procurar o médico e ele falar do meu dedo algo como “é só uma coisa estética”, a primeira coisa que fiz foi procurar informações sobre isso. É claro que achei dezenas de sites e li um monte deles. O mais engraçado é que achei informações divergentes, ou seja, ficou evidente que como em qualquer área é preciso filtrar as informações que encontramos na web. A pergunta é como filtrar se não conhecemos nada do que estamos lendo?

Fiz questão de procurar para ver se tinha alguma informação sobre o uso da internet no diagnóstico de problemas médicos. Encontrei um conjunto de artigos do British Medical Journal, uma fonte que me pareceu confiável. Um dos estudos afirma que os mecanismos de busca, mais precisamente o Google, podem ser ferramentas utéis para o diagnóstico de doenças. Entretanto, como imaginava, para realizar buscas bem-sucedidas o usuário deve ser um especialista (leia-se médico), portanto, os pacientes tem menos chances de fazer um auto-diagnóstico correto. Outro ponto importante é que a Medicina não pode ser encarada como a Matemática, um tratamento poderá ter efeitos diferentes para portadores da mesma doença, ou seja, o atendimento personalizado é insubstituível. O que encontramos na internet são diagnósticos e atendimentos genéricos.

Esta claro que não podemos pensar que o Dr. Google vai substituir em algum momento os profissionais de saúde. Entretanto, o uso da ferramentas de busca não deve ser inibido. Existem milhões de artigos médicos disponíveis na web e não aproveitá-los seria um tremendo desperdício. O estudo publicado no Jornal Ingles de Medicina apontou acertos no diagnóstico para mais de 50% dos casos. É um número bastante relevante. Se a gente pensar na internet como fonte de pesquisas dos médicos, estamos disponibilizando informação suficiente para que eles possam acertar muito mais que 50%. Porém, como usuário comum devemos pensar como uma fonte alternativa, onde podemos procurar informações que nos tragam algum conforto pois, tenham certeza, é isso que estamos procurando. Informações que nos digam o que temos que fazer para chegarmos à cura.

Pesquisando com o Dr. Google vi que meu caso é chamado de “dedo em martelo”, que provavelmente vou precisar operar para reconstituir o tendão e que terei que fazer fisioterapia, seis semanas em média, após a cirurgia. Amanhã quando for falar com o médico vou fazer de conta que não sei nada, afinal de contas é por isso que somos chamados de pacientes, não é mesmo?

Até a próxima semana!

 

Em tempo: Flamengo ganhando do Vasco, líder absoluto, com cinco pontos de vantagem sobre o segundo colocado. Estaria rindo a toa… Se não fosse o dedo!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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