Meio Ambiente e Ecologia

Dia Mundial do Meio Ambiente

Há 39 anos o mundo escolheu o 5 de Junho para comemorar o Dia do Meio Ambiente. Foi em 1972, numa conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) que tratava de assuntos ambientais. Neste encontro 113 países estavam reunidos, além de 250 organizações não governamentais (ONGs), discutindo a degradação que o homem tem causado e os riscos para sua sobrevivência.

A importância da data hoje em dia se dá pelo reforço na conscientização da população para (nas palavras do professor Genebaldo Dias) “…a perda do equilíbrio ambiental, acompanhada da erosão cultural, injustiça social e econômica e violência, como corolário da sua falta de percepção, do seu empobrecimento ético e espiritual, também fruto de um tipo de educação que ‘treina’ as pessoas para serem consumidoras úteis, egocêntricas e ignorar as conseqüências ecológicas dos seus atos”.

Tá certo que a maioria das ações, atividades e programações que acontecem na “Semana do Meio Ambiente” são superficiais e não tocam nos pontos destacados por Dias, mas a Educação Ambiental junto às crianças, multiplicadas nesse período, é fundamental. Essas crianças crescerão com um pensamento crítico e, mais tarde, ligarão uma coisa a outra. Eu, que ainda não cheguei aos 30 anos, não tive esse privilégio. Não me lembro de na infância participar de atividades na minha escola relacionadas ao Dia do Meio Ambiente. Hoje, felizmente, as coisas mudaram para melhor.

Dia da Ecologia

E 5 de junho também é o Dia da Ecologia – o estudo das relações dos organismos entre si e destes com o meio ambiente. Foi essa ciência que primeiro levantou a discussão sobre um novo entendimento da natureza, como uma estrutura ligada ao modo de pensar, sentir e principalmente de agir da sociedade. Foram os ecologistas os primeiros a soar o alerta para o risco de perdermos os recursos naturais ocasionados pela irresponsabilidade do seu manejo. Também foram os responsáveis por trazer essa questão para o âmbito da opinião pública, mostrando os perigos decorrentes das agressões ao meio ambiente. A ecologia juntamente com as demais ciências naturais indicam o que é preciso fazer para vivermos num mundo sustentável.

DIVULGANDO

Passeata
Neste domingo 5,  um grupo de acadêmicos e ambientalistas realizarão uma passeata na Orla de Atalaia contra a instalação da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, que corta o estado do Pará. Prevista para operar a partir de 2015, a usina irá inundar permanentemente os igarapés Altamira e Ambé, que cortam a cidade de Altamira, e parte da área rural de Vitória do Xingu.  O manifesto ocorre também nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. O ato público está previsto para as 14h, na pista de skate da Orla. (Informação repassada pelo estudante de jornalismo da Unit Thiago Xavier).

Campanha

O professor Bezerra informa sobre a campanha que faz desde o ano passado: Neste São João acenda uma fogueira, mas somente no seu coração. Não contribua com o desmatamento e com a emissão de CO²!

MEMÓRIA: Aniversário da Rio 92

De 3 a 14 de junho de 1992 a Conferência da Onu sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento reuniu no Rio de Janeiro representantes de 170 países e chamou a atenção do mundo para as questões ambientais. Também fez surgir a Agenda-21, um plano de ação com 2.500 recomendações para a implantação da sustentabilidade no nosso século. A intenção era introduzir a idéia do desenvolvimento sustentável, um modelo de crescimento econômico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico. Até hoje foi a maior reunião de chefes de estados já realizada em prol do Meio Ambiente. O evento foi acompanhado por todo o mundo e contou com a participação da sociedade civil organizada.

Viva o 5 de Junho!

Numa data tão significativa e internacional não achei palavras melhores que as do cacique que em 1854 respondeu ao governo dos Estados Unidos que tentava comprar suas terras. A reprodução abaixo mostra a sabedoria milenar dos povos tradicionais e é a minha homenagem ao 5 de junho.

Carta do Chefe indígena Seattle (1854)

"O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro: o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um
homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro (…). Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem deve tratar os animais desta terra como seus irmãos (…)
O que é o homem sem os animais? Se os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo. Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a Terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a Terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à Terra, acontecerá aos filhos da Terra. Se os homens cospem no solo estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a Terra não pertence ao homem; o homem pertence à Terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas, como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo. O que ocorre com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não teceu o tecido da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo. Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos.

De uma coisa estamos certos ( e o homem branco poderá vir a descobrir um dia): nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês
podem pensar que o possuem, como desejam possuir nossa terra, mas não é possível. Ela é o Deus do homem e sua compaixão é igual para o homem branco e para o homem vermelho. A terra lhe é preciosa e feri-la é desprezar o seu Criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo do que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.

Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros
obstruída por fios que falam. Onde está a árvore? Desapareceu. Onde está a água? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.
Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece um pouco estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água como é possível comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa,
cada clareira, cada inseto a zumbir é sagrado na memória e experiência do meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho (…).

Essa água brilhante que corre nos rios não é apenas água, mas a idéia nos parece um pouco estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água como é possível comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira, cada inseto a zumbir é sagrado na memória e experiência do meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho (…).

Essa água brilhante que corre nos rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, devem ensinar às crianças que ela é sagrada e que cada
reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz dos meus ancestrais. Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também.

E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão. Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga e, quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa (…). Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei. Nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda. Não há lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater de asas de um
inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece apenas insultar os ouvidos. E o que resta da vida de um homem, se não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo.

O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros."

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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