Meire vai depor

A entrevista que a delegada Meire Belfort concedeu ao jornal A Semana, neste domingo, irritou a setores da Polícia. Meire entrou com atestado médico para sustar, temporariamente, seu depoimento no processo sobre a fuga de Floro Calheiros, mas estava bem disposta na foto de primeira página do semanário, onde conversou longamente com a repórter e confirmou tudo que dissera à Polícia Federal. A Secretaria da Segurança tomou uma decisão: a delegada Meire Belfort será ouvida hoje, de qualquer maneira, pelo delegado Abelardo Inácio. Neste processo já foi ouvido o coronel Iunes, mas, além da Meire, também devem ser ouvidos o ex-secretário Luiz Mendonça e a superintendente Teonice Alexandre de Santana. Todos denunciados por Meire como envolvidos na tentativa de matar Floro Calheiros e, depois, de suborno para facilitar sua fuga da primeira delegacia. O delegado Abelardo Inácio já confidenciou a um colega que vai até o fim do processo e chegar aos fatos reais, “doa em quem doer”, como determinou o governador João Alves Filho. A Polícia Federal agora entrou oficialmente na apuração da fuga de Floro Calheiros, por determinação da Procuradoria da Justiça Federal, já que o fugitivo respondia processo por roubo de urnas eleitorais. O delegado que comandará o inquérito, pela PF, já foi indicado e todos serão ouvidos indistintamente. O resultado será enviado para o Ministério Público Federal que, certamente denunciará, os envolvidos e o caso passa à esfera federal. A fuga de Floro Calheiros, da forma infantil como ocorreu, contrariou segmentos da Polícia Federal, pelo esforço que todos tiveram para detê-lo, numa operação que custou muito trabalho e recursos. Até hoje o pessoal da Federal não admite que uma Delegacia de ponta de esquina fosse mais segura do que uma penitenciária, para manter detido uma pessoa de alta periculosidade, que sabe usar da sedução e tem recursos suficientes para corromper até mesmo quem considera que ninguém nunca chegou a seu preço. Aqui mesmo, em Plenário, foi comentado que Floro Calheiros estava na Primeira Delegacia “para fugir ou para morrer”. Na versão da delegada Meire Belfort aconteceu para as duas coisas. Primeiro com o objetivo de elimina-lo e, depois, na facilidade para a fuga. O contraste é quase inadmissível, mas uma das hipóteses aconteceu: Floro fugiu e isso não pode ser interpretado como um acidente de trabalho. Aliás, está mais para displicência proposital ou conivência muito bem paga. Embora exista todo um jogo de intrigas, não precisa ser gênio para concluir que alguém está mentindo e alguém está falando a verdade. Cabe aos setores de inteligência comprovar quem está alterando os fatos para culpar terceiros. Neste momento não existem inocentes, todos estão no mesmo lamaçal, até que se limpe a sujeira de uma vez por todas, com provas e documentos que Polícia deve levantar. A sociedade está esperando ansiosa por isso… O grande problema da Polícia, neste tumultuado Caso Floro, é que há uma grande divisão de comando. Segmentos da Polícia Civil torciam para que isso acontecesse e é bom até que se verifique isso, porque por trás dessa história existe uma podridão insuportável. É difícil algum secretário conseguir a unanimidade entre a cúpula que comanda a Polícia. Um lado fica sempre torcendo pelo desarranjo do outro. Ninguém pode, realmente, abandonar a hipótese de uma fuga tramada por grupos dissidentes, com o objetivo de desestabilizar o comando que estava à frente da Pasta. Essa divisão fica tão clara que, os responsáveis para a delegada Meire Belfort prestar depoimento à Polícia Federal, integram uma ala que contestava o estilo do ex-secretário Luiz Mendonça, enquanto um terceiro grupo considerava a nomeação de um promotor como uma intervenção do Ministério Público na Segurança Pública. Toda essa baboseira contribuiu para incentivar a fuga de Floro Calheiros, que merece aplausos de uma banda que torce pelo pior, até que eles cheguem ao poder. E a sociedade, coitada, está refém de uma Segurança que se estraçalha na cúpula e, com grandes e honrosas exceções, se corrompe nas bases… SEM-TERRAS O âncora do Jornal da Record, Boris Casoy, elogiou, ontem, a decisão do governador João Alves Filho de mandar retirar os Sem-Terras, de propriedade em Nossa Senhora da Gloria. As ocupações vêm criando um clima de tensão em todo o país, a ponto do ministro da Justiça, Tomaz Bastos, orientar a vigilância na ação do MST. NAVALHA O advogado Manoel Carlos de Matos esclareceu que o mandato da prefeita Rosa Feitosa, de Canindé do São Francisco, está cassado. E acrescentou: “aqui, ao nível de Tribunal de Justiça, Rosa esta com a navalha no pescoço”. Rosa Maria continua na Prefeitura por concessão de liminar que lhe permitiu apelar da sentença, sem efeito suspensivo. LIMINAR Manoel Carlos entrou com mandado para suspender o efeito suspensivo e o Tribunal vai analisar. Em juízo de retratação pode desfazer a decisão que mantém Rosa Feitosa na Prefeitura. Com isso, deixa marcada a posse de Jorge Carvalho para o dia 12. Se mantiver a liminar, o caso vai para o Pleno que verifica se aprova ou não o efeito suspensivo. PROBLEMA A entrevista concedida pelo senador Almeida Lima provocou um abismo profundo entre ele e setores influentes do Palácio dos Despachos. Há um sério descontentamento pela forma como ele colocou todos na mesma panela: “Esse rapaz é aliado ou não?” Perguntou uma das mais influentes personalidades do Governo. JUSTIFICA O senador Almeida Lima justifica dizendo que não poderia isentar o governador João Alves Filho, quando havia citado todos os ex-governadores. Sem demonstrar preocupação, Almeida diz que na próxima semana vem mais fogo grosso: “eu estava quieto e me provocaram porque quiseram”, disse ele. NÃO RETORNA O clima nos bastidores do Palácio dos Despachos é de que o promotor Luiz Mendonça não retorna à Secretaria da Segurança. Segundo uma fonte do Governo, antes o governador João Alves Filho demonstrava pressa em seu retorno, “hoje não tem mais esse clima”. Mediu: “95% é para ele não voltar”. PROMOTORES Um promotor do interior disse, ontem, que a classe está sugerindo uma relação de nomes para integrar a lista tríplice, da qual sairá o procurador. Da relação não consta o nome do ex-secretário de Segurança, promotor Luiz Mendonça. INQUÉRITO A Polícia Federal já vai dar início ao inquérito para apurar a fuga de Floro Calheiros, atendendo a determinação da Procuradoria de Justiça Federal. O superintendente Kércio Silva Pinto já comunicou ao secretário da Segurança, João Eloy, e vai ouvir todo mundo relacionado com a fuga. LISTA O Pleno do Tribunal de Justiça vai escolher, quarta-feira, a listra tríplice da qual sairá o novo desembargador, que substitui e Antônio Góes. Os juizes Cláudio Deda, Ozório de Araújo Ramos, Aparecida Gama (substitui interinamente a Góes) e Ruy Pinheiro estão trabalhando para chegar à relação. ESCOLHA Caso Cláudio Déda integre a nova lista tríplice, o jogo termina e ele será nomeado automaticamente. Deda já esteve em duas outras listas. Caso ele não integre a próxima, setores do Tribunal de Justiça apostam que o presidente Pascoal Nabuco D`Ávila nomeará o juiz Ozório de Araújo Ramos. SESSÃO Oficialmente a Assembléia Legislativa saiu do recesso sexta-feira passada, mas só ontem haverá a primeira sessão plenária. Hoje será o dia do deputado estadual João da Graça apresentar sua defesa à Comissão de Ética, ao processo a que responde sobre tentativa de homicídio. SUSPENSÃO O deputado estadual João da Graça está se movimentando e, com absoluta certeza, não será cassado, mesmo que a prática de homicídio obrigue a isso. A maioria dos deputados acha que, no máximo, ele sofrerá uma suspensão ou até mesmo uma advertência: “afinal o tiro pegou apenas na bunda”, como disse um parlamentar. DESCONHECE O secretário da Administração, Ivan Paixão (PPS), não recebeu nenhuma sinalização que poderia ocupar a cadeira de Mendonça Prado (PFL), na Câmara Federal. Também não recebeu qualquer informação que Mendonça assumiria a Secretaria da Pobreza, com o retorno de Maria do Carmo Alves ao Senado. RETORNO A senadora Maria do Carmo Alves (PFL) já está se preparando para deixar a Secretaria da Pobreza, entre os dias 25 deste mês e primeiro de setembro, quando retorna ao Senado por alguns meses. Já está sendo elaborado tudo o que ela realizou na Pasta para uma prestação de contas à sociedade. Foi um trabalho intenso. Notas CONCURSO O leitor Ubiraci Ramos envia e-mail dizendo que “o Tribunal de Justiça de Sergipe está devendo um concurso público. Os demais Estados já realizaram. Considero vergonhoso um cardo de Oficial de Justiça ser exercido por pessoas que não sejam de carreira. É um cargo importante que não deveria ser indicado por políticos”. Ubiraci diz que espera que o Tribunal de Justiça “corrija essa distorção e faça o concurso o mais breve possível”. E pergunta: “quem lembra quando houve concurso para o Tribunal de Justiça?”. ANDRÉ O presidente da Associação dos Prefeitos dos Vales do Cotinguiba e Japaratuba, André Moura, de Pirambu, foi quem comandou o movimento dos prefeitos para fechar a ponte que liga os Estados de Sergipe e Alagoas, em protesto contra a queda brusca do Fundo de Participação Municipal (FPM). O Jornal Nacional, de Rede Globo, deu a informação e André Moura explicou o movimento. A ação dos prefeitos sergipanos teve repercussão em Brasília, ao lado da ação dos seus colegas do Paraná. ESTÂNCIA O sargento PM Luís, que faz “bico” na SMTT de Estância interceptou um veículo que vinha para Aracaju trazendo quatro pessoas. De arma em punho mandou que todos descessem. Como o pessoal desobedeceu a sargento atirou no carro e levou o motorista para a Delegacia daquela cidade. O delegado considerou que se tratou de abuso de poder e mandou soltar o motorista, além de liberar o veículo. O sargento deve ser punido por fazer “bico” para a SMTT e não retornará às ruas, para segurança da sociedade. É fogo A Assembléia Legislativa só vai passar a ter sessões pela manhã e à tarde, a partir do próximo mês. O deputado Mardoqueu Bodano (PL) foi eleito quarto secretário da Mesa Diretora, sem o voto da deputada Ana Lúcia (PT). Mardoqueu Bodano substituiu ao ex-deputado Antônio Francisco, que mereceu o voto de Ana Lúcia na eleição realizada em janeiro. Há muita dificuldade em se obter a mínima informação do prefeito Marcelo Déda. A sua influência no Planalto transformou Déda em estrela maior do que a do PT. Sábado passado, em um condomínio da Rodovia José Sarney, foi comemorado os 90 anos de Zeca Leite, de Lagarto, pai do publicitário Antônio Leite. O professor Leonardo Boff vai proferir duas palestras em Aracaju, sobre o tema “Construindo a Cultura da Paz”. Será dia 18, no Teatro Ateneu. As duas palestras de Boff fazem parte dos cursos de Educação Para Paz, da Universidade Federal de Sergipe. Às 15 horas será só para educadores, às 18 horas para o público. O escritório do advogado Carlos Alberto Menezes é que está fazendo a defesa do deputado João da Graça. A apresentação será hoje. Até o momento ainda não se indicou um nome para substituir Maria do Carmo Alves na Secretaria de Combate à Pobreza, durante o período que ela passar no Congresso. Ainda esta semana poderá ser julgado o pedido de hábeas corpus para o ex-deputado Antônio Francisco, foragido desde sua cassação. O vereador Antônio Samarone vai filiar-se ao PDT e já participa da festa que será realizada nesta próxima sexta-feira. A partir de agora começa a movimentação em torno das filiações partidárias, para aqueles que deseja disputar eleições municipais. Caso haja unidade entre os Ribeiros e Valmir Monteiro, é possível que o grupo consiga vencer Zezé Rocha. O juiz de Boquim mandou prender o policial Pelé, porque estava a serviço de um agiota, pressionando uma pessoa que devia R$ 5 mil. Policial não pode fazer esse serviço… Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

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