Nas ruas e nos sinais luminosos, inúmeros são os jovens, que deveriam estar nas salas de aula, mas estão à procura de uns centavos em troca da “prestação de serviços de lavagem e guarda do carro”. Esta é uma cena comum em nossas cidades. Ela é função da falta de ação dos poderes constituídos e da passividade como se comporta a sociedade diante de tais fatos. Apesar da solução do problema ser uma responsabilidade direta dos municípios, cabe uma pergunta: O que pode e deve os governos dos estados fazerem para ajudar a resolver o problema? A mudança deste quadro leva tempo. Tempo este, tanto menor quanto maior for a participação de todos. Por isto, por que não procurar entidades como a Unicef, Fundação Abrinq e outras com o objetivo de incentivar a participação daqueles que ainda não participam da luta para colocar nas salas de aula todas as crianças brasileiras? Iniciativas como esta levarão a uma participação maior da sociedade e, conseqüentemente, maior será a probabilidade e menor será tempo para solucionar este problema. A permanência dessas crianças nas ruas e não nas escolas leva a maioria para a prostituição, para a droga, enfim, para a delinqüência. Muitos de nós evitam interferir no problema, alegando que o Estatuto do Menor e do Adolescente estimula os adolescentes seguirem o caminho do mal. Se existe um mal entendido, se não são os dispositivos do Estatuto que motivam as ações indevidas, mas sim a sua não aplicabilidade na “íntegra”, por que as autoridades responsáveis, além de promoverem uma maior divulgação do Estatuto, não fazem com que o Estatuto seja cumprido na íntegra? Isto, sem dúvida, estimularia uma maior participação da sociedade para resolver o problema. Nossos políticos em geral, vereadores, deputados e senadores não poderiam ter um envolvimento maior para retirar essas crianças das ruas e colocá-las nas salas de aula? Por sua vez, o Governo Federal, que priorizou o “Fome Zero”, não poderia considerar que, sendo a fome conseqüência, a educação, também, não deveria tornar-se prioridade zero? Enfim, se cada um de nós, dentro do que nos é possível, tivesse uma participação ativa para estender a educação a todos os brasileiros, logo, logo estaríamos vivendo num país onde os direitos e os deveres seriam iguais para todos. Edmir Pelli é aposentado da Eletrosul e articulista desde 2000 edmir@infonet.com.br