Atualmente, nas capitais e nas grandes cidades brasileiras, cresce o número de favelas. Aí a condição subumana é uma realidade. A fome está presente, as doenças proliferam-se, a educação é precária e o resultado são crianças que crescem desamparadas, famintas, maltrapilhas e muitas vezes doentes. Por tudo isto, grande número delas, por nada ter recebido da vida e nem ter em vista um mundo melhor, entrega-se ao vício, à prostituição, à droga, violência e à marginalidade.
Este é sem dúvida, um dos piores, senão, o maior problema social que nos atinge e a verdade, nada alentadora, é que somente deixaremos de vivenciar este problema, quando conseguirmos construir um Brasil com:
* uma melhor distribuição de renda:
* uma população escolarizada:
* uma política agrícola que incentive a permanência do homem no campo;
* uma população esclarecida sobre planejamento familiar.
Esta reversão do Brasil de hoje, no entanto, não se obtém da noite para o dia e só a alcançaremos se houver determinação de nossos dirigentes. Considerando que esta situação atinge toda a sociedade brasileira, o que deveremos fazer? Aguardar que o Governo faça alguma coisa?
Esta não parece ser a atitude mais sábia, pois se os governos municipal, estadual e federal, por falta de condições ou de vontade política nada fazem, nós deveremos fazer.
Eu, você, cada um de nós, individualmente pouco pode fazer, mas se nos unirmos, veremos que tudo, ou quase tudo, poderá ser feito.
A ação da sociedade deverá ter por objetivo a minimização do problema que hoje vivenciamos e a preparação do amanhã que almejamos.
No que se refere à minimização do hoje, a ação da sociedade deverá levar em consideração que muitas das crianças, que hoje vivem nas ruas de nossas cidades, não estão aí levadas pelas vicissitudes, mas também como opção de vida. O fascínio da vida, de total liberdade isenta de imposições, sem a obrigação enfadonha do estudo e do cumprimento de obrigações familiares, não pode ser desprezado.
Por isto não se solucionará o problema de hoje apenas, como inúmeros governos estaduais e municipais pensam, com o fornecimento de alimentação e alojamento, isto somente os torna meninos de rua alimentados e com local para dormir e nunca os transformará em cidadãos, pois como já ensinava Sócrates, na antiga Grécia, a pobreza e a miséria somente poderão ser vencidas com trabalho e estudo. A ociosidade, a preguiça e o descompromisso, dizia ele, não geram amor e respeito entre as pessoas.
A solução do problema passa, portanto, pela retirada desses meninos das ruas para mantê-los, durante todo o dia, em instituições assistenciais onde elas receberiam alimentação e moradia, e em contrapartida seriam obrigadas a estudar e participar de cursos profissionalizantes, para se tornarem, no futuro, cidadãos honestos e produtivos.
Mais importante do que isto, porém, será a ação que a sociedade deverá desempenhar para que se consiga construir um Brasil, em que não haja tanta desigualdade entre pessoas e regiões. Para isto será necessário que a sociedade, principalmente, através dos diversos órgãos de classes empresariais e de empregados, passe a exigir que parte dos impostos pagos sejam aplicados pelos governos municipais, estaduais e federal: Na implantação de uma política de incentivo à permanência do homem do campo, na elaboração de campanhas de esclarecimento e na colocação ao alcance das famílias menos favorecidas dos meios necessários a um eficiente planejamento familiar.
Tais medidas são ao as únicas que permitirão eliminar de vez, as causas principais do crescente número de meninos de rua nas nossas capitais e grandes cidades.