Diego Leonardo Santana Silva
Doutorando em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/UFRJ), com bolsa Capes.
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)
E-mail: diego@getempo.org
Você acorda pela manhã e vai fazer suas atividades diárias. Olha suas mensagens, verifica notícias e organiza o seu dia. Em uma hora, você terá uma importante reunião de trabalho, mas você não precisa se preocupar com o deslocamento ou trânsito, tampouco com a roupa que vai vestir. Para participar desse encontro, basta se conectar à internet através de um óculos de realidade virtual aumentada e todos os participantes, com seus avatares personalizados, ocuparão uma sala virtual em realidade 3D. Isso pode parecer um filme de ficção científica, mas esse cenário aparenta ser mais real do que imaginávamos.
Bem-vindos ao Metaverso, uma realidade virtual aumentada tridimensional que promete revolucionar as redes sociais e a própria internet se tornando a próxima grande fronteira tecnológica. A corrida para a criação de espaços virtuais nesse sentido está lançada. Por um lado, o conglomerado Facebook, que engloba além deste site outros aplicativos e programas como o Whatsapp, Instagram e a Oculus, mudou seu nome para Meta, sinalizando ao mercado o interesse de criar seu próprio Metaverso. Outras iniciativas desse tipo como o The Sandbox também estão em meio a essa disputa. Enquanto o Meta (Facebook) foca suas ações nas relações sociais e na realidade virtual aumentada, o The Sandbox consiste em um jogo colaborativo em frequente desenvolvimento; o que expõe dois tipos de Metaversos diferentes, do ponto de vista das redes sociais e dos pontos.
Essa corrida tecnológica chamou a atenção dos investidores com muitos interessados em adquirir espaços virtuais desse tipo. Recentemente, um investidor de criptomoedas pagou 2,5 milhões de dólares em um espaço no multiverso The Sandbox, enquanto a gigante de materiais esportivos Nike comprou uma empresa de NFTs para poder criar e vender tênis e roupas virtuais no multiverso. Com a NFT, é possível criptografar um produto garantindo sua exclusividade naquele espaço. Com isso, a construção de uma vida online em realidade aumentada se tornaria cada vez mais viável e exclusiva. Os usuários teriam casas virtuais, roupas virtuais, avatares com o corpo desejado e poderiam ir para espaços digitais e interagir com outras pessoas como se estivesse se teletransportado para outra realidade.
Porém, embora próximo, o Metaverso aparenta também estar paradoxalmente distante. Primeiramente, porque a interface de realidade virtual ainda é limitada. Usar óculos de realidade virtual incomoda muitos usuários que não conseguem permanecer muito tempo utilizando-os. Além disso, embora seja possível observar tendências, não dá para cravar que as pessoas irão aderir à nova tecnologia da maneira com a qual algumas empresas desejam. Esse nível de virtualização da vida ainda não foi testado, e as pessoas podem não se atrair totalmente. Algumas sim, outras não. Por isso, é difícil estabelecer que tipo de Metaverso teremos e como será sua configuração. O que se sabe é que a virtualização de nossas vidas vem crescendo a cada ano com a revolução digital representando um dos momentos mais importantes da história.
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