Minha odisséia com a Folha. Sergipe é o fim do mundo? Parece que é! Pelo menos, para o Jornal A Folha de São Paulo, Sergipe, e de modo particular Aracaju, uma capital de amenas praias, não só parece se situar no fim do mundo, como tem sido um dos mais remotos lugarejos, por inóspito e inacessível. Para a Folha, Sergipe talvez seja algo como o deserto de Atacama, ressequido, estéril e longínquo, ou como as antigas colônias correcionais do Alabama, ou ainda um Gulag siberiano de outrora, por inacessíveis, inadmissíveis e intransponíveis, algo como a Coréia e a piorréia, a Cochinchina e até o raio da Silibrina, que se estendiam a perder de vista, num tempo que já não é de agora. Mas, no aqui e no agora, o jornal Folha de São Paulo só é entregue aos tolos assinantes sergipanos como eu, a perder de vista, quando já o mofo carcomeu o noticiário, e até os escritos de editoriais e opiniões fundamentais, já se emasculou em poder de reverberar, formar idéia e galardoar alvíssaras. E só são papéis sujos, nodosos, indesejados até para embalar moluscos de fim de feira, ou rabeiras de vísceras fedidas de entranhas apodrecidas. E é assim aqui em Aracaju. Parece que em Sergipe, vivemos apodrecidos e deslocados do tempo, jogados no rebotalho do inservível, sem luz e sem brilho, porque aqui, para a entrega da Folha, nem vige a velocidade da luz, nem a comunicação binária e digital por satélite. Indigitadamente e ordinariamente, de ordinário mesmo, e não por extraordinário, aqui a entrega é lenta, ruminante e vagarosa. Pelo menos tem vindo assim o meu exemplar da Folha de São Paulo, às vezes três edições juntas, a do sábado, do domingo e da segunda, entregues na terça, a da terça e da quarta na quinta, sempre aquele bolão de papel, todo já inútil, entregue em lentidão pachorrenta, como se viesse em marchas de cágado das românticas carroças de antanho, vagarosas, inconcebíveis por agora, exibindo uma demora estranha de um vagar tacanho, um ruminar viscoso e visguento, remeloso e remelento. E de tanto ler o já mastigado e sem valor, estou por ofício quase diário, ruminantemente mesmo, ligando nos últimos meses, quase três dias por semana, para o número 0800 775 8080, telefone de atendimento da Folha, para solucionar o problema do atraso na entrega dos jornais. E não resolve! O interesse de quem atende, em voz gravada, artificial por delicada, é vender; sempre vender: ou novas assinaturas, ou uma coleção comemorativa dos 50 anos da Bossa Nova, ou ainda, por melhor, fazer um anúncio classificado! Assim, eu que sou apenas um arrependido e lesado assinante da Folha, que não pretende comprar coleções de músicas ou de músicos, muito menos vender, emprestar ou propor qualquer classificado, tenho que me contentar em esperar alguém vivo e não uma fala mansinha de máquina gravada, para consignar a minha contumaz reclamação; não receber o exemplar da Folha de São Paulo, que contratei e paguei por seis meses de assinatura. E o pior do cúmulo desta assinatura, já um menosprezo em desmesura, é a Folha se vangloriar que entrega os seus jornais sem atraso, mesmo que o assinante viaje, bastando que previamente o aventureiro informe o seu destino e seu roteiro; um anúncio ominoso e lisonjeiro, pois se vier pra Sergipe, o turista tá ferrado, tá ferido e tá lascado! E ainda por cima, ta mal pago! E sem ler a Folha! Igual a mim, sem nem mesmo daqui sair! Estou neste artigo, denunciando o fato e pedindo ajuda (a quem, não sei), nessa odisséia em que o meu dinheirinho, tão suado, tão curto e bem bonzinho, foi-se embora, muito mal-aplicado, e que não volta com o serviço contratado. Mas logo a Folha de São Paulo?! O jornal que se quer o melhor do país?! Que coisa feia! Existe melhor reclamação para o ombudsman da Folha de São Paulo ou para a sua seção de cartas em apreço ao leitor?
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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