A importância do Colégio do Salvador para a minha formação foi decisiva. Não existe alunos e ex-alunos que não tenham história para contar sobre o cotidiano da vida escolar daquela “Casa de Deus”. A verdade é que no Salvador vivemos eternamente numa família passadas de geração a geração. Sinto-me privilegiado em residir em frente ao Colégio e ao acordar da janela do meu quarto ver os alunos de maneira ordenada entrarem em suas dependências e, antes das aulas ouvirem a palavra de Deus. É como se minha infância nunca acabasse. Tenho às vezes, vontade de descer e participar desses momentos lembrando as aulas de dona Mariazinha, tia Zuleica, tia Elmar, tia Maria, hoje coordenadora, tia Ely, tia Terezinha, dona Mariá, dentre tantas outras. Mas dona Bernadete era diferente, para mim, era uma pessoa singular. Mãe, professora, protetora e conselheira. Meus castigos dos sábados onde copiava os verbos ser, ter, haver, estar, ir, por, permanecer e obedecer eram mais doces, pois sempre com o os óculos seguros por uma correntinha olhava-me e dizia: “Faustinho você de novo!!!”. Soltava um sorriso e depois de corrigir atentamente o meu castigo liberava-me para aproveitar as manhãs de sábado, quando jogávamos futebol de salão. Não tenho dúvidas que a minha primeira real introdução nas letras e na religião deu-se pelas mãos de dona Bernadete. Minha última imagem de dona Bernadete é inesquecível, como muitas outras: de pé, elegante e discreta, como sempre se apresentava, ela estava voltada para cada aluno do colégio independente de qualquer situação. Mas o meu amor filial por dona Bernadete começou quando minha mãe morreu. Isabela, Carla e eu estávamos na casa de tia Iolanda e subindo as escadas de mansinho com uma voz suave perguntava por nós dona Bernadete, que naquele momento veio serenar a dor insuportável. Deitou-se na cama e com passagens consolava crianças de três, quatro e sete anos. Esta foi uma passagem inesquecível na minha vida. Este é o retrato vivo e fiel de dona Bernadete de sua importância para nós, de seu amor sem limites, da singularidade dela ser quem é, da importância de ser dona Bernadete. Durante a noite que foi velada na Capela do Colégio do Salvador confesso que não quis vê-la, pois preferi guardar a imagem do seu sorriso quando terminava de corrigir o meu caderno de verbos. Um beijo para dona Bernadete, a mãe da família do Colégio do Salvador!
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