Minhas Copas do Mundo IV.

Um pouco de política no cenário envolvente de 1978.

 

Restou uma série de frustrações e desentendidos com a história da seleção de 1978. Em primeiro lugar o regime autoritário começava a sofrer com a Guerra do Golfo e a conseqüente elevação dos preços do petróleo ressuscitando a inflação e a estagnação.

 

O Presidente Ernesto Geisel, incompreendido à esquerda e à direita, tentava conter os seus excessos. A esquerda mais ruidosa e verbosa, por romântica e frágil exibia uma valentia na garganta e na semântica. No grito e no verbo, a esquerda mais festiva que efetiva e combativa não via, embriagada mais uma vez com o próprio eco, quão poderosa e perigosa era a direita venenosa, assediando quartéis, provocando conspirações sinistras incontroláveis.

 

Já o presidente Geisel, conhecedor do perigo no acirramento destes radicais, queria realizar uma abertura política lenta, gradual e segura, demonizada pela oposição então liderada por Ulisses Guimarães.

 

E o que se viu foi mais um erro político dos inimigos do regime, que entornando mais uma vez o caldo, provocaram um vespeiro com vara curta, sobrando o chamado “pacote de abril”, com nova enxurrada de cassações de mandatos.

 

“Pacote”, que envergonhado ou não, se revelou bem amarrado e melhor deglutido, valendo por quase dez anos, perdendo a democracia com a eliminação das eleições diretas para Governadores de Estado, então previstas. Sem falar na introdução da inusitada figura do “senador biônico” e da ampliação do regime autoritário por quase dez anos.

 

Ainda a política.

 

Hoje, sabe-se que Geisel fora o verdadeiro avalista do processo democrático, que restou bem mais amadurecido e ponderado, com marchas e contramarchas, inclusive denunciando o acordo militar Brasil – Estados Unidos, o reatamento de relações com a China Continental, a abertura para os contratos de risco na prospecção petrolífera, a criação do Proálcool, a construção de Itaipu, o acordo nuclear com a Alemanha, ações muito criticadas àquele tempo.

 

Temas que hoje contemplam o nosso sucesso na produção do etanol, na auto-suficiência da produção elétrica e petrolífera, e até na energia nuclear, requerida atualmente por vários estados brasileiros.

 

No campo internacional O Brasil rejeitou qualquer subserviência aos Estados Unidos e a seu Presidente Jimmy Carter, contestando-lhe inclusive a tola política de direitos humanos.

 

Mas se a esquerda fora contida com uma canetada por decreto, a direita seria repelida com a demissão sumária e exemplar do comandante do II Exército por ter permitido a tortura e a morte do jornalista Vladimir Herzog, e do Ministro do Exército Sílvio Frota. Estavam devidamente enquadrados os perigosos radicais revolucionários.

 

Um militar na CBF.

 

Afora isso, neste tempo a CBD estava sob o comando do Almirante Heleno Nunes. Saíra João Havelange, indo comandar a FIFA. Se um almirante comandava a CBF, há quem diga que a escolha de Cláudio Coutinho como técnico da seleção se devera também a sua atuação como preparador físico castrense. E mais; a inoperância de Zico na seleção provocara uma intervenção do Almirante Heleno Nunes, determinando a entrada de Roberto Dinamite no seu lugar.

 

Se verdadeiro ou não, com João Havelange de 1958 a 1975 ganhamos três Copas do Mundo. De 1975 a 1989 tivemos três presidentes, e ficamos em extenso jejum de nenhuma Copa. Quando entrou Ricardo Teixeira do ramo Havelange, para horror da crônica esportiva, o Brasil voltou a vencer de novo.

 

A 1ª seleção de Telê Santana – 1982.

 

Com Telê Santana esperava-se um retorno aos velhos tempos áureos. Mas o resultado persistiu sem títulos. Esta seleção de 1982 era e ainda hoje é tida como a melhor de todos os tempos. Que loucura! Paolo Rossi desbancou toda essa fama.

 

Vencemos de 2×1 contra a URSS, com gols de Sócrates e Éder para nós e Bal´ para os russos, ganhamos da Escócia por 4×1 com Zico, Oscar, Éder e Falcão goleando para nós e Narey para os escoceses. Derrotamos a Nova Zelândia por 4×0 com gols de Zico dois, Falcão e Serginho Chulapa. Lavamos a alma diante da Argentina por 3×1, com gols de Zico, Serginho Chulapa e Junior, e Diaz para os platinos. Depois perdemos para a Itália por 3×2, com três gols de Paolo Rossi e Sócrates e Falcão para nós.

 

Nesta Copa, Telê Santana era considerado a salvação do escrete que tinha Zico, Falcão, o rei de Roma, Júnior e até o Dr. Sócrates, mui babados e mais reverenciados como verdadeiros campeões.

 

Só não contavam com Paolo Rossi pela tampa. Mas, há muita gente que considera a seleção de 1982 como a melhor de todos os tempos.

 

O 5º lugar sem perder em 1986.

 

Continuando a loucura de títulos inglórios caímos para o 5º lugar em 1986. Como!? Eis uma conta complicada. Melhor é dizer que restamos imbatíveis, com quatro vitórias e um empate, isto é; uma derrota de 4×3 por pênaltis contra a França.

 

A campanha foi nacarada: Brasil 1×0 Espanha, com gol de Sócrates; Brasil 1×0 Argélia, com gol de Careca; Brasil 3×0 Irlanda do Norte, com gols de Careca dois e Josimar; Brasil 4 x 0 Polônia com gols de Sócrates, Josimar, Edinho e Careca. Terminando com um empate contra a França por 1×1, gols de Careca e Platini. Empate que virou derrota na marcação dos pênaltis por 4×3, Alemão, Zico e Branco, marcando para nós, Stopyra, Amoros, Bellone e Fernadez para os gauleses e com os erros de Sócrates, Júlio César e Platini.

 

Voltamos imbatíveis, se é que não valem as derrotas por pênaltis. Encerrava-se a era Telê e Zico, sem faixas, mas enfaixados pela crônica esportiva.

Viria a época do futebolês de Sebastião Lazzaroni

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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