Moda e cinema nos anos 1950

Audrey Hepburn
Marilyn Monroe

Andreza Maynard

Doutora em História pela UNESP
Pós-Doutoranda em História pela UFRJ
Membro do GET/UFS/CNPq

No início dos anos 1950 a alta costura viveu seu apogeu. Nomes como os de Cristobal Balenciagam, Hebert de Givenchy, Pierre Balmain, Chanel, Madame Grès, Nina Ricci e Christian Dior transformaram essa década numa época de glamour, quando era possível esperar novas tendências a cada estação. Ao mesmo tempo mulheres perfeitas desfilavam os looks criados pelos maiores estilistas daquele período nas passarelas, nas ruas e nas telas dos cinemas.

Nas maisons parisienses os desfiles eram concorridos. No Rio de Janeiro a Casa Canadá criou a profissão de top model, lançando Adalgisa Colombo, Ilka Soares, Maria Della Costa e Norma Bengell. A profusão dos meios de comunicação ajudou a apresentar as coleções européias, mas é preciso destacar que o cinema também teve um papel fundamental na divulgação dos novos modelos lançados.

As atrizes norte-americanas eram mais conhecidas pelo público brasileiro. Elas se tornavam referência no quesito estilo. Algumas eram consideradas como ingênuas e chiques, a exemplo de Grace Kelly e Audrey Hepburn. Elas concorriam com outro tipo exportado por Hollywood. Tratava-se daquelas que esbanjavam um estilo sensual e fatal, como Rita Hayworth e Ava Gardner. No entanto, algumas mesclavam os dois tipos, sendo que Marilyn Monroe se constituiu no exemplo mais característico da mulher que era sensual e ingênua ao mesmo tempo.

Os tipos apresentados nas telas acompanhavam os astros hollywoodianos na vida real. Os atores e atrizes deveriam conduzir suas vidas pessoais de acordo com os papeis que desejavam conseguir. Assim, nos anos 1950 os artistas eram vinculados a um determinado tipo de personagem. Audrey Hepburn e Marilyn Monroe fizeram muito sucesso nos anos 1950, mas cada uma assumia uma identidade. Enquanto uma era a boa moça, a outra encarnava a mulher sensual. Essas características foram assimiladas pelas atrizes em outros momentos de suas vidas.

Numa rápida comparação entre as duas, Audrey Hepburn se tornou o símbolo da mulher discreta e elegante. Audrey faleceu em 1993, depois de alguns anos trabalhando junto à UNICEF, tendo sido aclamada por muitos como um “anjo de bondade”. Por sua vez Marilyn era a loura sexy, boba e exuberante. A diva hollywoodiana morreu em 1963, possivelmente em decorrência de uma overdose de drogas e álcool, apesar do fato suscitar até hoje especulações sobre um assassinato ou suicídio.

O grande alvo da moda nos anos 1950 eram as mulheres, mas Hollywood também conseguiu “criar” novos mercados para o setor. Assim, o filme “Juventude Transviada” (1955) marcou não apenas o uso da calça jeans, camiseta branca e jaqueta de couro pelo perturbado personagem Jim (James Jim), mas também lançou um mercado, o adolescente/jovem, com características próprias e necessidades consumistas particulares, que ia desde as roupas, o penteado e os automóveis até a música, o rock and roll. Uma nova representação da juventude surgia.

A enorme quantidade de filmes hollywoodianos que eram exibidos no Brasil nos anos 1950 fazia deste veículo de comunicação, um dos principais meios para a divulgação de estilos de roupas e de vida. Na medida do possível os atores e atrizes eram copiados pelo público que freqüentava os cinemas. Os cabelos, maquiagem, roupas, sapatos, mas também a atitude, os gostos e preferências dos personagens hollywoodianos invadiam a realidade dos brasileiros.

Mas no pós-guerra a beleza e a moda entravam em sintonia com uma lógica masculina. As mulheres eram estimuladas a assumirem seus desígnios domésticos, a dedicarem-se ao lar e aos cuidados com a aparência. O estímulo ao desejo pelo glamour passava pela efetivação do poder masculino sobre o feminino. O discurso da época se preocupava em convencer de que ser bonita dependia do esforço de cada uma, incentivando assim uma sociedade cada vez mais narcisista e consumista. Além disso, homens e mulheres eram encorajados a assumir papeis sociais claramente distintos.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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