Mais um caso de morte de garoto, através das brincadeiras perigosas, aconteceu no Brasil. O assunto já vinha alertando desde o ano de 2.014, quando um garoto de uma escola particular de Sergipe realizou a “Brincadeira do Desmaio” , filmou e divulgou nas redes sociais, trazendo preocupação para pais e professores da escola. Utilizamos esse caso para iniciar uma nova batalha educativa e voluntária, de divulgar o tema que está se tornando um problema mundial: os jogos de não oxigenação que podem levar à morte.
A morte de um adolescente neste fim de semana no litoral sul de São Paulo deixou em alertas pais e professores de todo o País sobre uma perigosa brincadeira, disputada principalmente por meninos, transmitida em tempo real pela internet. É o Jogo do Enforcamento, Jogo da Asfixia ou Jogo do Desmaio (traduções para “The Choking Game”), no qual os participantes usam cordas, cintos, lenços ou qualquer outro objeto para cortar o suprimento de oxigênio ao cérebro, desmaiar e, na sequência, acordar em estado de euforia, semelhante o efeito do uso de drogas.
Gustavo Riveiros Detter, de 13 anos, morador de São Vicente, São Paulo, estava em casa, na noite do último sábado, 15, e se enforcou no quarto do pai, com uma corda usada para pendurar um saco de areia para treino de boxe. Durante a transmissão online, três adolescentes que participavam do jogo perceberam que o menino não se mexia e alertaram uma prima, que estava no quarto ao lado. A menina encontrou o primo desacordado e chamou imediatamente o tio.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, prestou os primeiros socorros e encaminhou Gustavo ao Hospital Municipal de São Vicente, onde ele permaneceu internado até as 5h30 de domingo, quando foi transferido para o Hospital Ana Costa, em Santos. O menino faleceu por volta das 8 horas.
Um tio materno do menino contou à imprensa que vasculhou mensagens no smartphone do sobrinho e também as conversas dele nas redes sociais. “Eles (os adolescentes) propõem a morte das pessoas como se isso fosse um desafio, uma brincadeira, para saber quem consegue resistir mais tempo ao ser estrangulado”, afirmou Marcos Riveiros. “Os meninos chegaram a dizer que ele ‘brincava mais uma vez de enforcamento’. Como assim, mais uma vez? Isso já aconteceu antes e não deu certo? Quantas tentativas foram feitas?”, comentou o tio do menino.
Em Fortaleza, o tema já vem sendo debatido desde o ano passado, pelo Instituto Dimicuida, entidade criada por amigos e familiares de pessoas que perderam filhos em consequência das “Brincadeiras Perigosas”. O aumento dos casos em jovens cearenses estava sendo confundido, pela polícia e IML, como suicídio. Na capital Cearense, já ocorreram dois grandes eventos internacionais sobre o assunto. Nós participamos como conferencista, mostrando as consequências dos “Jogos dos Desmaios”.
Devemos aproveitar a repercussão da morte do garoto paulista para novamente alertar, os pais e professores das escolas particulares de Sergipe: o tema precisa ser levado à sala de aula, antes que a situação se torne mais grave.
Infelizmente, já é da própria cultura do brasileiro, sempre chegar atrasado, nas ações de prevenção de um agravo – as medidas sempre são tomadas depois das tragédias. Equivocadamente, algumas escolas não querem abordar temas polêmicos, alegando que vão “despertar o interesse dos jovens”. Isso acontece com temas como drogas e sexualidade.
O tema “Brincadeiras Perigosas” precisa ser discutido nos Sindicatos das Escolas Particulares, Sindicato dos Professores, nas Secretarias Municipais e Estadual de Educação, nas capacitações da área de educação e saúde, nas reuniões de pais. O papel da internet na vida dos jovens também precisa ser discutido pelos pais e professores.