Essas quatro palavras estão sendo continuamente faladas, escritas ou comentadas no contexto atual. Será que estamos falando de mais um modismo ou realmente têm alguma conexão? Qual será a relação existente entre esses quatro conceitos? Será que poderemos pensar em um verdadeiro líder que está conduzindo um processo de mudança, todavia, não é criativo?
Vamos iniciar este artigo falando de mudança e, para isto, utilizar uma citação do Heráclito: “Você nunca atravessa o mesmo rio duas vezes.” Estranho, mas, por que não? Não é o mesmo rio e o mesmo local? Mas, na verdade de considerarmos a água do rio, não é mais a mesma. Ela corre continuamente e, portanto, muda continuamente. Parece ser a mesma água, mas não é. Se considerarmos outros processos da nossa vida, percebemos que a mudança está ao nosso redor e acontece naturalmente ou de forma cíclica. Por exemplo, o nosso corpo muda continuamente por conta da substituição das nossas células, por este motivo a cada seis semanas temos um novo fígado e a cada três meses um novo esqueleto. Parece brincadeira, mas é verdade. Essas são as mudanças naturais, mas quais serão as mudanças cíclicas? O nascer e o por do sol, as quatro estações do ano e outras. Mas, podemos perceber que essas mudanças acontecem independentemente da nossa vontade; e será que poderemos provocar algum tipo de mudança? Essa é a parte boa do processo, como seres humanos poderemos provocar ou incentivar uma mudança sempre que somos desafiados ou nos sentimos incomodados com alguma coisa que acontece ao nosso redor. Embora seja também um processo natural, nesse caso, em especial, a mudança poderá acontecer por conta de um desejo, um propósito ou um incômodo. Todavia, vale considerar que, quando falamos de mudança na qual temos como um envolvimento um propósito geralmente temos também associado a isso uma mudança no nosso processo de pensamento. Lembro-me de um caso no qual uma pessoa estava buscando através da Metodologia Resolução Criativa de Problemas, resolver, para ela mesma um problema. Para essa pessoa o seu maior problema era o fato de ser muito gorda, e a mesma já havia passado por vários tipos de tratamentos, regimes, internações e reduzia o peso e depois de algum tempo tudo voltada ao que era antes. Durante a conversa com o líder que a estava ajudando, ele começou a perguntar por que ela queria emagrecer. Foram muitas e muitas respostas, até que num dado momento, essa pessoa respondeu: “Quero emagrecer para ficar bonita”. Nesse momento os seus olhos brilharam e ela percebeu que o seu objetivo interno era bem diferente do que ela julgava ser. Na verdade, ela não queria perder peso, queria ficar com uma bela aparência. Portanto, poderemos afirmar que, nesse momento, constatou uma transformação do seu pensamento. E, assim, a tão sonhada mudança aconteceu.
Agora vem o segundo questionamento: Qual a relação da mudança com a liderança? Vamos partir para a discussão básica: gerente e líder. A maioria de nós acredita que todo gerente é um líder. Isso é verdade? Claro que não, seria muito bom que fosse, mas na maioria das vezes não é. A resposta disto está na própria definição dos conceitos. Gerenciar é o fato de acompanhar, ter responsabilidade de conduzir; ao passo que liderar é influenciar, guiar em uma direção, curso, ação ou opinião. Kotter afirma que a liderança é o processo através do qual se produz a mudança, ao passo que gerenciar é o processo focado em produzir constantemente resultados.
E qual a conexão da liderança com a criatividade? A resposta é relativamente simples. Os líderes sempre são convocados para resolver problemas cujas respostas não são fáceis de encontrar. Na maioria das vezes para esses problemas não existem uma resposta padrão. Portanto, é nessa hora que precisamos verdadeiramente dos líderes. Os verdadeiros líderes costuma enxergar o que nem sempre está visível para os outros; portanto, são indivíduos que por algum motivo qualquer resgataram e desenvolveram a sua criatividade natural. Por esse motivo, os líderes são capazes de formular uma visão, decidir ondem querem chegar e mobilizar pessoas para que ajudem a tornar a sua visão uma realidade.
Finalmente o que a inovação tem com tudo isto. Na realidade a inovação acontece em ambientes favoráveis à geração de ideias, nos quais as pessoas se sentem parte do processo e não isoladas. Num ambiente no qual é possível se gerar muitas ideias e também num cenário que não existe um local ou departamento isolado cheio de “gênios criativos” para gerarem ideias. A inovação acontece naturalmente num ambiente favorável à geração de ideias, porque com muitas ideias é, certamente, muito mais fácil selecionar aquelas com alto valor agregado e que se tornam inovação.
(*) Fernando Viana
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