Munganga é preso

Com a prisão de Marcos Nunes (o Munganga), ocorrida ontem em Arapiraca, o crime de Joaldo Barbosa pode, agora, ser completamente elucidado. Munganga era a figura chave de todo projeto do crime e a pessoa que manteve contatos com mandantes e executores. Até mesmo a participação do deputado estadual Antônio Francisco (sem partido) será posta à mesa como certeza absoluta, ou não. Terça-feira passada Plenário informou que os advogados de Munganga estavam em entendimento com a Secretaria de Segurança, para que ele se entregasse sem riscos. A decisão teria sido tomada em razão da prisão do seu chefe, Floro Calheiros, na cidade de Teixeira de Freitas, interior da Bahia. Toda a história do assassinato de Joaldo Barbosa agora será exposta, porque foi Munganga que contratou os executores, fez a locação do Uno, traçou a estratégia de chegar ao parlamentar e teria recebido parte do dinheiro para efetuar o pagamento. O assassinato de Joaldo Barbosa abalou o Estado e, como disse o próprio relatório do delegado Archimedes Marques, que presidiu o inquérito policial, a sociedade temia que o crime ficasse no rol dos insolúveis, “devido à ousadia com que foi perpetrado”. É possível até que houve falhas gritante na execução de Joaldo Barbosa, mas a estratégia realmente foi infalível, porque pegou o ex-parlamentar no seu ponto mais vulnerável: “denuncias envolvendo o Governo”. Dias antes do crime, o ex-deputado Joaldo Barbosa confidenciou, a um dos seus assessores, que havia recebido denuncia que envolvia corrupção no Governo do Estado. Estaria aguardando apenas os documentos que comprovavam os fatos, para fazer um o discurso arrasador. Foi exatamente essa forjada entrega de documentos, que serviu de isca para que Joaldo Barbosa fizesse, pela primeira vez, o último gesto de sua vida: abrir a porta para atender a alguém. Ao invés das denuncias, seis tiros de uma pistola 380. Um dos assessores do deputado Joaldo Barbosa, em seu depoimento à Polícia, falou sobre o problema dos votos e da confirmação, pelo TRE, da eleição do parlamentar assassinado. O assessor teria ouvido, em uma das salas do Tribunal, um comentário feito pelos filhos do já primeiro suplente Antônio Francisco, que “isto não ficaria assim, pois Nego da Farmácia (Joaldo) sempre arrumava um jeitinho para se eleger”. Segundo ainda o assessor, o suplente Antônio Francisco teria feito uma proposta ao deputado Joaldo Barbosa, para que tirasse uma licença por seis meses, com o objetivo dele assumir durante este período. Em contra partida, assinaria um documento em que se comprometia não disputar as próximas eleições e passar a apoia-lo, politicamente. Joaldo teria confidenciado ao assessor que não acreditava na palavra do suplente e que só aceitaria abrir mão do seu mandato, pelo período de seis meses, caso Antônio Francisco passasse algum dos seus imóveis para ele, como garantia. Notava-se ai que o relacionamento dos dois não era de confiança, embora o suplente sempre freqüentasse o gabinete do titular. Os depoimentos prestados por todos os integrantes do grupo que assassinou Joaldo Barbosa indicam Carlos Munganga como o principal articulador do crime. Desde a locação do veículo até a contratação dos assassinos e o roteiro que deveriam seguir para o êxito da empreitada. A prisão de Munganga chegará, finalmente, a uma definição, porque é natural que em casos como esse, os implicados detidos sempre coloquem a culpa para o foragido. É pouco provável, mas não é impossível ocorrer uma reviravolta em toda a história que se contou até hoje, sobre o assassinato, inclusive que decida sobre a participação ou não de Antônio Francisco, cujo mandato de deputado estadual deve ser cassado na próxima segunda-feira, 24 horas antes de completar cinco meses do assassinato de Joaldo. Há uma certa expectativa em torno dessa prisão, para que sejam confirmados os depoimentos e se coloque na cadeia um grupo organizado de crimes de mando. Durante o decorrer desta próxima semana, além da cassação de Antônio Francisco, muitos fatos novos podem acontecer e até outras prisões devem ser efetuadas. ESQUEMA O esquema de segurança na Assembléia Legislativa será intensificado, segunda-feira, pela manhã, para evitar a entrada antecipada de metais ou pessoas suspeitas. Este mesmo esquema deve permanecer por vários dias, até que haja total segurança dos parlamentares que votarão contra ou a favor da cassação. EXPECTATIVA Um dos deputados disse, ontem, que a expectativa é de que a cassação seja por unanimidade, para que não deixe dúvidas sobre algum parlamentar. A mesma fonte acha que só deve comparecer quem tiver vontade de expressar o seu desejo através do voto que, por ser secreto, pode suscitar comentários. CARAVANA Também há informação que o deputado Antônio Francisco está providenciando a vinda de caravanas de algumas cidades do interior, onde ele tem voto. Ninguém terá acesso à Assembléia Legislativa. Caso realmente o pessoal venha para a sessão ficará na praça em frente. PRINCÍPIO Um dos parlamentares que participou da Comissão Processante acha que, no princípio, Antônio Francisco não participou das negociações. “Não acho que logo no começo ele fosse capaz de sentar para tratar desse assunto”. O deputado admite que, depois de conversar com o grupo e se convencido que tudo daria certo, foi que Antônio Francisco teria passado a tratar do caso”. LIVRO O senador José Almeida Lima (PDT) foi perguntado se havia lido o livro “PT Saudações”, do ex-deputado petista Marcelo Ribeiro. Almeida Lima foi rápido e irônico: “Não li e nem vou ler. Prefiro o livro da Candelária, que foi publicado pela Funcaju em 1990”. POBREZA O deputado estadual Mardoqueu Bodano (PL) está analisando dados da Fundação Getúlio Vargas, que colocam Sergipe como o nono Estado mais pobre do Brasil. O objetivo desta análise é, segundo Mardoqueu, discutir com o presidente estadual do PL, Heleno Silva, propostas para amenizar o desemprego em Sergipe. CONCORDA O governador João Alves Filho (PFL) disse que concorda com as críticas do vice-presidente José Alencar (PL) sobre os juros e o classificou de “a voz sensata” neste momento. Segundo João Alves, não há nenhum negócio, no país, que possa pagar esses juros. Nenhum país moderno, segundo João, cobra taxas de juros como essa, para combater a inflação. SILÊNCIO Uma liderança petista importante em Sergipe, disse ontem que está em silêncio sobre a administração de Lula da Silva, mas se declarou decepcionado. A fonte lembrou que, por motivos menores do que está acontecendo no Brasil neste momento, o Partido dos Trabalhadores já estaria nas ruas. MACHADO O deputado federal José Carlos Machado (PFL) não gostou do que disse o petista Silvio Santos, ao dizer que as atitudes do deputado João Fontes de publicar vídeo é coisa do PFL que costuma usar essas baixarias. Machado pediu que Sílvio Santos não utilizasse o PFL como desinfetante ou sabão para lavar as roupas sujas do PT. Sugeriu que usasse um produto deles. TRABALHO José Carlos Machado também sugeriu a Silvio Santos que fosse trabalhar, porque até o momento ninguém conhece nada do seu trabalho no Planalto. Lamentou que a primeira aparição de Silvio Santos foi para criar intriga com um partido que não está se envolvendo nas questiúnculas internas do PT. FONTES O deputado José Carlos Machado não entende porque o Partido dos Trabalhadores só hoje está descobrindo que deputado João Fontes não serve. Na sua opinião, João Fontes não pode ser massacrado porque está defendendo idéias que antes não eram dele, mas do próprio PT. MITTIDIERI O ex-deputado Luiz Mittidieri pode trocar o PFL pelo PTB. Ontem ele almoçou com o ex-prefeito Jerônimo Reis e se mostrou chateado com o seu partido. Luiz Mittidieri já determinou que o seu pessoal, em Boquim, se filiasse ao PTB e na próxima semana deve almoçar com o deputado federal Jackson Barreto. ENCONTRO Todos os governadores do Nordeste confirmaram participação, na próxima terça-feira, do encontro que ocorrerá em Aracaju. Virá também o governador de Minas, Aécio Neves… Os ministros José Dirceu e Ciro Gomes vão participar do Encontro, em que serão debatidos temas como reformas da Previdência e Tributária, Sudene e revitalização do São Francisco. Notas PETROBRÁS O presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, esteve ontem em Aracaju para discutir a instalação de uma Refinaria no Nordeste e a área de petróleo que foi encontrada no litoral sul de Sergipe. Foi decidida que será criada uma comissão técnica de alto nível para estudar a questão do petróleo em Sergipe e a refinaria. A idéia foi passada pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB), lembrando sugestão do jornalista Luiz Eduardo Costa. O governador João Alves Filho não participou porque chegou de Brasília por volta do meio-dia. DEFESA A deputada estadual Ana Lúcia fez a defesa do deputado federal João Fontes, da tribuna da Assembléia, na quinta-feira passada. Ela chegou a fazer um apelo para que o parlamentar não deixe o partido e reconheceu que ele tem o direito de exibir discursos para fazer um comparativo que ele defende teses petistas. João Fontes estava disposto a sair do partido, mas depois retroagiu e vai à Comissão de Ética mostrar que as suas posições estão de acordo com o programa político do seu partido. De fato, que está fugindo de seus compromissos é o Governo. REUNIÃO Os líderes dos partidos que formam a bancada estadual vão se reunir, segunda-feira, pela manhã, para decidir que todos devem trabalhar para que o deputado Antônio Francisco seja cassado por unanimidade. Na opinião de um grupo de deputados, não se pode deixar dúvida que algum parlamentar está ao seu lado. A sessão começa às 15 horas e falam Ulices Andrade, Gilmar Carvalho e Augusto Bezerra pela Comissão Processante que pediu sua cassação. Antônio Francisco também fará um discurso e seus advogados de defesa. É fogo Dois ou três deputados estão apelando para que Antônio Francisco renuncie ao mandato, para evitar o constrangimento da cassação. O vereador Francisco Gualberto (PT) já está de terno novo para assumir o mandato de deputado na terça-feira. Quem também se prepara para assumir a Câmara de Vereadores é a suplente Conceição Vieira. Os deputados acham que a cassação de Antônio Francisco ocorrerá em nome de Joaldo Barbosa, que, na terça feira, completa cinco meses de sua morte. Há comentários que o deputado João das Graças já arrumou as malas para ingressar no barco do Governo. O deputado Jackson Barreto e o ex-prefeito Jerônimo Reis (PTB) viajam pelo interior para formar diretório do partido. O presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, não gostou quando foi abordado por um ex-operário da Petromisa, que quer a anistia da demissão. José Eduardo alegou que não atendeu a comissão dos demitidos porque eles procuraram o Sindipetro e não pela FUP. Dutra se distinguiu dentro do Sindipetro. O deputado estadual Gilmar Carvalho (PV) entrou com requerimento para conceder medalha de Honra ao Mérito Parlamentar ao jurista Carlos Brito. Desde ontem que a Assembléia Legislativa triplicou a sua segurança. Existem soldados até mesmo nos elevadores. Está correto… O secretário de Comunicação Social, Carlos Batalha, já está com tudo pronto para a realização do Encontro de Governadores. Quem foi, ontem, à Assembléia Legislativa, para o debate sobre a refinaria, estranhou a ausência de representantes do Governo. O governador João Alves Filho concorda com as críticas do vice-presidente José Alencar sobre a manutenção dos juros. brayner@infonet.com.br

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