M U S I Q U A L I D A D E R E S E N H A 1 Banda: PATO FU CD: “DAQUI PRO FUTURO” Gravadora: INDEPENDENTE Formada por Fernanda Takai (vocais), John Ulhoa (guitarra), Ricardo Koctus (baixo), Xande Tamietti (bateria) e Lulu Camargo (teclados), o Pato Fu assumiu, desde o início, a influência do grupo Os Mutantes, seja através de algumas seqüências melódicas e temas que fogem do óbvio, seja por uma postura em não se acomodar com o que ditam as regras convencionais. Isso fica claro com o lançamento do novo e nono CD, o ótimo “Daqui Pro Futuro”, o qual foi gravado de maneira independente, contando apenas com a distribuição da pequena Tratore. É um CD muito agradável no qual se constata a evolução da banda. Fernanda possui voz pequena, é verdade, mas é de uma delicadeza que cativa o ouvinte. Talvez essa constatação ou quem sabe a experiência de anos de estrada fez com que a opção atual recaísse em um repertório mais suave que o adotado em trabalhos anteriores com predominância de baladas, urdidas com instrumental terno que tenta fundir o que é orgânico ao que é eletrônico. Com exceção da faixa “Cities in Dust” (tema do repertório da banda gótica Siouxsie and the Banshees, um dos ícones do pós-punk da década de oitenta), todas as outras onze são assinadas por John (também responsável pela produção), algumas em parceria com Fernanda. E embora o disco comece com a sem graça “30.000 Pés”, logo em seguida já recebe duas belas baforadas: “Mamã Papá” canta a alegria de gerar uma nova vida e “Espero” questiona com inteligência o egocentrismo. A cantora do grupo colombiano Aterciopelados, Andrea Echeverri, é co-autora e participa da deliciosa faixa “Tudo Vai Ficar Bem”, um dos melhores momentos do disco, ao lado da suave “A Hora da Estrela” e da inspirada “Quem Não Sou”. Os pouco momentos mais pesados ficam por conta da repetitiva “Woo!” e da pop “Nada Original”. Um CD que mostra uma banda jovem, mas ao mesmo tempo madura e antenada! R E S E N H A 2 Cantor: CAETANO VELOSO CD: “CÊ – AO VIVO” Gravadora: UNIVERSAL Para não perder o costume, acaba de chegar às lojas, através da gravadora Universal, o álbum “Cê – Ao Vivo” (também disponível em DVD), o qual contém, em um repertório constituído por dezessete faixas, seis daquelas originalmente gravadas entre a dúzia de canções inéditas que resultou no trabalho anterior. Caetano (que acaba de comemorar o centenário de nascimento de sua mãe Canô, um dos baluartes da Bahia) é artista irrequieto. Compositor geralmente inspirado, já lançou discos memoráveis mas nunca se aquietou diante da fama conquistada. Já possui o seu nome firmado entre os maiores criadores da MPB de todos os tempos ao lado de Chico Buarque, Gilberto Gil, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Lupicínio Rodrigues e Noel Rosa. Sempre ousado, mantém-se antenado com as novidades fonográficas que surgem no mercado. Foi ele, junto com Gil e Tom Zé, as mentes criadoras do Tropicalismo, movimento que incendiou o cenário musical nacional na década de sessenta. Como cantor, Caetano parece não sentir o peso dos anos. Sessentão, é um dos poucos da sua geração que continua cantando com voz límpida e emissão irretocável (o que – infelizmente – já não acontece com Chico, Gil e Milton Nascimento). Sempre presente na mídia (a última celeuma envolveu a canção “Um Sonho”, supostamente feita para a atriz Luana Piovani), sabe se aproveitar dela para não se fazer esquecido e jogar luzes sobre os seus projetos. O trabalho recém-lançado (que vem encampado pela Multishow) foi gravado na Fundição Progresso e traz bons arranjos executados por uma banda enxuta composta apenas por três integrantes (Pedro Sá nas guitarras, Ricardo Dias Gomes no piano e Marcelo Callado na bateria). Dirigido pelo filho Moreno Veloso, o CD ressalta a beleza inata de canções como as recentes “Minhas Lágrimas” e “Não Me Arrependo” e a conhecida “Como Dois e Dois”. Já a pegada roqueira está presente em “Outro” e “Rocks”, enquanto boas releituras de obras-primas como “Desde Que o Samba É Samba” e “London London” atestam a universalidade da obra do artista. Há ainda a razoável inédita “Amor Mais Que Discreto” (que remete ao amor gay) e o resgate do injustamente esquecido Moraes Moreira através da faixa “Chão da Praça” (parceria com Fausto Nilo). É, salutarmente Caetano teima em não envelhecer!… N O V I D A D E S · Quem diria, mas Lulu Santos, um dos mais ferrenhos detratores da música brego-sertaneja, acaba de participar, como convidado especial, do novo projeto acústico da dupla Chitãozinho & Xororó que se transformará em CD e DVD, os quais aportarão nas lojas até o final deste ano com vistas a abocanhar considerável fatia das vendas de natal. Outros convidados são Zé Ramalho e Almir Sater. · O compositor Sérgio Santos, ainda desconhecido pelo grande público mas dono de inquestionável talento, lançará, ainda este mês, mais um CD. Centrado no congado, ritmo africano vivo em várias regiões mineiras, o álbum (que se intitula “Iô Sô”) chegará às lojas através da gravadora Biscoito Fino e apresentará várias canções inéditas, algumas em parceria com Paulo César Pinheiro. · É também a Biscoito Fino que acaba de disponibilizar as vendas do DVD que agrega dois documentários sobre Maria Bethânia. Um deles, o mais recente, é “Pedrinha de Aruanda” e foi gravado no ano passado por Andrucha Waddington (que vem a ser o cineasta marido da atriz Fernanda Torres). O outro, um registro histórico, data de 1966, foi filmado em preto e branco por Júlio Bressane e mostra a cantora bem jovem, mais especificamente quando de sua chegada à capital carioca, para onde veio com o objetivo de substituir a cantora Nara Leão no show “Opinião”. · A cantora Elza Soares acaba de realizar no Canecão, famosa casa de espetáculos do Rio de Janeiro, o show oficial de lançamento de seu novo CD. Intitulado “Beba-me”, é um registro ao vivo no qual a excelente intérprete se mostra em plena forma vocal e física, não obstante as sete décadas de vida que lhes pesam sobre os ombros. Com um repertório primoroso que tenta dar uma visão geral de sua carreira, dando prioridade aos sambas, o projeto conta também com DVD correlato, mas este somente irá chegar às lojas no próximo mês. · Marcelo D2 está produzindo em Los Angeles (EUA) o seu quinto álbum solo que receberá o título de “Assim Tocam os Meus Tambores” e tem como objetivo fazer conhecido o seu nome no circuito musical europeu. O artista tenta viabilizar a participação de nomes como will.i.am (do Black Eyed Peas) e os rappers Cut Chemist e Madlib. · Quem teve o privilégio de assistir ao novo show de Elba Ramalho (com o qual a cantora paraibana roda o Brasil antes de chegar ao eixo Rio-São Paulo), deparou-se com uma artista em constante busca de aperfeiçoamento do seu canto. Elba – é fato – cresce bastante no palco e não obstante a energia de outrora ter se esvaecido, continua a emocionar, agora calcada em um repertório irretocável que tem como ponto alto a belíssima canção “Conceição dos Coqueiros” (de Lula Queiroga). Seu 25º álbum (prestes a ser lançado de maneira independente e que vai se chamar “Qual o Assunto que Mais lhe Interessa?”, integrante do esperado projeto “Raízes e Antenas”) promete ser, desde já, um dos melhores lançamentos deste ano. RUBENS LISBOA é compositor e cantor
A banda mineira Pato Fu lançou-se no mercado fonográfico nacional em 1993 com o disco “Rotomusic de Liquidificapum”, mas somente dois anos depois, já com um outro trabalho na praça (“Gol de Quem?”) conseguiu emplacar o primeiro sucesso, a canção “Sobre o Tempo”. A partir daí, a carreira decolou e os álbuns se sucederam, mostrando que os seus componentes tinham, de fato, alguma coisa a dizer. Canções como “Eu Sei”, “Antes Que Seja Tarde”, “Nada Pra Mim”, “Boa Noite” e “Simplicidade” são hits exigidos em todos os shows.
Do mesmo modo que sua irmã Maria Bethânia, o cantor e compositor baiano Caetano Veloso vem lançando, sempre após um disco de estúdio, um registro ao vivo do show correlato.
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