L A N Ç A M E N T O Grupo: ARRANCO DE VARSÓVIA CD: “NA CADÊNCIA DO SAMBA” Gravadora: DUBAS Espécie de versão atualizada de grupos vocais como Anjos do Inferno e Bando da Lua (que acompanhava Carmen Miranda), o Arranco de Varsóvia foi criado em 1996. O primeiro disco ganhou o título de “Quem é de Sambar” e trouxe interpretações primorosas para clássicos do samba. O segundo álbum, “Samba de Cartola”, reuniu sucessos e músicas pouco conhecidas do compositor mangueirense e contou com a participação de Beth Carvalho (em “As Rosas não Falam”) e de Nelson Sargento (em “O Sol Nascerá”). Após um hiato de sete anos, o grupo faz chegar, através da pequena gravadora Dubas, o seu novo álbum intitulado “Na Cadência do Samba”. O terceiro CD do grupo vocal – cuja formação atual conta com Muri Costa, Paulo Malaguti, Andréa Dutra, Cacala Carvalho e Elisa Queiroz – começou a ser elaborado em 2003, mas a demora na conclusão do novo álbum acabou sendo benéfica, já que, neste ínterim, o grupo recebeu dois sambas inéditos de Dorival Caymmi, resgatados dos arquivos do compositor baiano: os ótimos “Falou com a moça?” (em que se ouvem resquícios daqueles irresistíveis maxixes do começo do século passado) e “E o Que Me Importa Se Eu Tiro o Domingo Pra Sambar?”. Mas a realidade é que o disco é todo um primor! Nele, o samba recebe um tratamento respeitoso à sua tradição, ao mesmo tempo em que é transformado pela arte dos arranjos vocais. Produzido por Marcelo Costa e Fernando Morelo, o repertório mescla pagodeiros (dos bons) recentes (como Arlindo Cruz e Jorge Aragão) e baluartes da tradição (como Dona Ivone Lara e Luiz Bandeira). E há até uma inusitada parceria de Malaguti com o compositor pop Leoni, resultando numa das melhores faixas do disco, a bela “Três Dias de Ventania”. Os arranjos são irretocáveis e procuram fugir do previsível, como na introdução afro para “Vou Botar Teu Nome na Macumba”, deliciosa parceria de Zeca Pagodinho e Dudu Nobre, mais um grande momento do álbum. Outros destaques ficam por conta da hilária e inteligente “Badêjo ou Badéjo” (de Ronaldo Barcellos e Charles André) e do inspirado partido alto “Conselho” (de Adilson Bispo e Zé Roberto). Trata-se, enfim, de um trabalho fenomenal que deveria se tornar obrigatório na cedeteca de todo amante da boa música popular brasileira. É – de verdade – como já foi dito antes: “O Arranco mostra que sabe usar com maestria o acelerador e o breque na cadência de seu revitalizado samba.” Imperdível! N O V I D A D E S · A cantora Adda Túlia, que tanto sucesso fez quando residiu um terras aracajuanas, está lançando um CD demo composto de treze faixas pelas quais passeia a sua bela e afinada voz com maestria. A maioria das músicas são regravações de sucessos como “Paralelas” (de Belchior), “Final Feliz” (de Jorge Vercilo) e “Sete Cantigas Para Voar” (de Vital Farias), mas há espaço para canções inéditas, a exemplo de “Enquanto” e “Canção da Nova Casa”, ambas de autoria do compositor Moura Fratel. Adda, que atualmente reside em Paulo Afonso (BA), registrou também a inspirada “O Que É”, de Alex Sant’anna, e inseriu trechos da canção “Batom da Alma”, de Neu Fontes, na sua apimentada versão de “Vamos Fugir” (de Gilberto Gil). O disco pode ser encontrado por aqui na loja Magia Cigana, localizada à Rua Arauá, nº 281, Galeria Boogan Vile, sala 06. · Com lançamento agendado para o começo de novembro, já está saindo do forno o CD que Ivan Lins gravou em dupla com Celso Viáfora, seu mais novo e constante parceiro musical. · Foram gravados semana passada, no Circo Voador, CD e DVD do Monobloco que deverão ser lançados em janeiro pela gravadora Som Livre. Com participações de Fernanda Abreu e Lenine, o registro ao vivo traça um inventário do grupo (criado em 2000 a partir das oficinas de percussão de Pedro Luís e A Parede) que se transformou num bloco de rua capaz de rebocar 50 mil foliões no eixo Leblon- Ipanema. · O CD de Isabella Taviani, gravado ao vivo no Canecão, chega às lojas na próxima semana, com direção musical de Torcuato Mariano. Dentre canções já conhecidas (“Foto Polaroid” e “Digitais”), há inéditas (“Último Grão” e “Sentido Contrário”) e regravações (“Tem Que Acontecer”, de Sérgio Sampaio, “Medo da Chuva”, de Raul Seixas, e “Atrevida”, de Ivan Lins e Vitor Martins, numa homenagem à cantora Simone). · O produtor Fábio Fonseca (que já trabalhou com gente do porte de Luiz Melodia, Léo Jaime, Fernanda Abreu, Ed Motta, Marina Lima e Seu Jorge) celebra os seus 20 anos de carreira com o lançamento do CD “Tudo”. · Os aficcionados em Renato Russo sabem que, antes de ser o vocalista da Legião Urbana, ele havia participado de outra banda, o Aborto Elétrico. Um vídeo com registros daquela época (1978-1982) será lançado quase simultaneamente ao disco em que o Capital Inicial resgata o repertório do grupo brasiliense. O CD, que se encontra inteiramente gravado, já tem música de trabalho escolhida pela gravadora Sony & BMG: a inédita “Love Song One”, composta em 1981. · A filha do Ministro da Cultura, a baiana espevitada Preta Gil lança ainda este mês seu segundo disco intitulado “Preta”. No repertório, o CD traz músicas inéditas de Adriana Calcanhotto, Sandra de Sá e Moraes Moreira. Mas há também canções de Davi Moraes, Ari Moraes e Gigi. · O novo queridinho da MPB, o pernambucano Junio Barreto termina de assinar contrato com a gravadora Trama para gravar o seu segundo CD. O CD de estréia do compositor e cantor chegou ao mercado de maneira independente e despertou o interesse em geral com o sucesso da canção “Santana”, gravada por Gal Costa no seu recém-lançado disco. Aliás, falando nesta música, há uma gravação pirata, realizada ao vivo, sendo disponibilizada na Internet com o registro dessa canção nas vozes de Lenine e Maria Rita. · A vencedora da primeira edição do programa “Fama”, da Rede Globo, faz chegar às lojas em novembro o seu segundo CD. Vanessa Jackson grava músicas de Zé Ricardo e assina como autora algumas das faixas de seu novo trabalho. · Resultado de quase dez anos de pesquisas realizadas em diversas regiões do Estado de Minas Gerais, já se encontra nas lojas o CD “Lua no Céu Congadeiro” de Yuri Popoff. Trata-se de um lançamento totalmente independente, no qual o artista mostra composições influenciadas pelos sons dos Catopês, Marujos e Caboclinhos e embasadas por uma diversidade fantástica de ritmos, cantos, interpretações e instrumentações. Há parcerias com nomes famosos do meio musical, tais como Fernando Brant (em “Luz do Sertão”), Nei Lopes (em “Marinheiro Chora”) e Murilo Antunes (em “Senhora Rainha”), além das participações afetuosas dos conterrâneos mineiros Renato Braz e Simone Guimarães (incrível a semelhança de timbre desses dois!). Um bonito trabalho que infelizmente passará à margem das rádios e, conseqüentemente, não será conhecido pelo grande público… · Até o final do ano Adriana Calcanhotto ainda estará às voltas com a realização de shows e o lançamento de CD e DVD ao vivo referentes ao seu projeto para o público infantil. Mas como, por contrato, tem que lançar um novo disco em 2006, a gaúcha já se preocupa em arrebanhar as canções que farão parte do repertório do mesmo. Além de já ter garantida a inclusão de uma parceria sua com Moreno Veloso (o filho primogênito de Caetano) intitulada “Maré”, a cantora planeja regravar a canção “Mulher sem Razão” (de Cazuza, Bebel Gilberto e Dé Palmeira), registrada originalmente pelo falecido roqueiro no seu álbum duplo “Burguesia”. · Escorado em um CD gravado ao vivo, Pedro Mariano chega, enfim, a uma gravadora multinacional, no caso, a Universal, depois de uma tentativa frustrada de aterrisar na EMI. Entre inéditas razoáveis (“Três Moedas”, de Frejat e George Israel, e “Quase Amor”, de Jorge Vercilo) e revisitas a canções descartáveis gravadas em seus primeiros discos (“Livre Pra Viver”, de Cláudio Zoli e Bernardo Vilhena, e “Fazendo Música, Jogando Bola”, de Pepeu Gomes e Baby Consuelo), o moço começa a flertar descaradamente com a boa e velha MPB. A homenagem à mãe Elis Regina é só um belo pretexto para incluir no repertório grandes músicas como “Ladeira da Preguiça” (de Gilberto Gil), “Como Nossos Pais” (de Belchior) e “Aos Nossos Filhos” (de Ivan Lins e Vitor Martins). Embora falte ao moço o carisma que sobra na irmã Maria Rita, é inegável que ele canta muito bem e que vem limpando, nos últimos tempos, o seu canto dos irritantes maneirismos americanizados, o que é muito louvável. Há as participações especiais de Sandy, surpreendentemente bem em “É Com Esse Que Eu Vou” (de Pedro Caetano) e de Luciana Mello, competente como sempre em “Cai Dentro” (de Baden Powell e Paulo César Pinheiro). A faixa “Colorida e Bela”, de Jair Oliveira, é certamente um dos pontos altos desse trabalho que pode marcar a virada da carreira de Pedro Mariano. RUBENS LISBOA é compositor e cantor
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