Inaugurando um novo selo musical, o Canela, de propriedade da atriz e empresária Lúcia Veríssimo, chega às lojas o novo CD da cantora Renata Arruda. Paraibana, a bela morena de voz vigorosa e afinada estreou no mercado fonográfico com o pé direito em 1994, com um belo CD (“Traficante de Ilusões”), produzido por Mazzola, o qual continha as participações especiais de Ney Matogrosso e Alceu Valença. De lá para cá, lançou discos de forma regular, chegando a ter algumas canções bem executadas pelas rádios, como é o caso de, por exemplo, “Templo” (de Chico César) e “É Ouro Pra Mim” (de Peninha). “Deixa” é o seu sexto CD e desta vez Renata resolveu mostrar 100% o seu lado compositora. Todas as treze novas canções apresentadas são de sua autoria, a maioria criada ao lado de parceiros: Antonio Villeroy, Ana Terra, Bebeto Alves, Zélia Duncan, Nando Cordel, Chico César, Danah Costa, a escritora Maria Carmem Barbosa e a já citada Lúcia Veríssimo. A artista mostra-se uma boa criadora e, se é fato que não se vislumbra nenhuma faixa de fato arrebatadora, pode-se garantir que todas elas soam acima da média do que vem sendo feito atualmente. Como cantora, Renata é bastante segura, mostrando-se também convincente como intérprete (o que já havia se denotado em trabalhos anteriores), uma vez que possui o dom inato de vestir as canções com emoções próprias. Se pecados surgem em algumas passagens, eles se devem ao tom desnecessariamente over às vezes utilizado, o que certamente poderá vir a ser burilado em trabalhos futuros. Produzido por Robertinho do Recife, o novo disco soa como o mais alegre da discografia de Renata e isto se deve menos à mão do produtor (que, em alguns momentos, chega a homogeneizar por demais as faixas, conferindo-lhes um certo ar monocórdio) do que à variedade de ritmos abraçados. Renata passeia por ritmos nordestinos (“Rota” e “Na Correnteza”), samba (“Desprevenida”), balada (“Fagulha Rara” e “Marcas e Sinais”), aboio (“Pendor”) e pop rock com pitadas de baião (“Palavra Escrita”) sem perder a pose. E há espaço ainda tanto para o romantismo exacerbado de “Deixa Eu Voltar” (que surge em duas versões: uma somente com violão e voz e outra com arranjo mais complexo), quanto para o bom humor, através das ótimas “Vitamina” e Miolo Mole de Moça”. Quanto às duas únicas canções que Renata assina sozinha, “Pedido ao Tempo” e “Chovendo em Mim”, elas terminam se transformando em alguns dos melhores momentos do CD, ao lado da inspirada “Eu Me Cheguei”. Renata Arruda é cantora de talento incontestável e que merece mais espaço e reconhecimento. Que o recém-lançado CD venha ajudá-la a consolidar a sua arte! Adriana Maciel nasceu em Brasília e, desde cedo, enveredou pelo lado da música, estudando canto e flauta transversal. Quando se mudou para o Rio de Janeiro, em meados da década de oitenta, sua intenção inicial, no entanto, era se dedicar ao trabalho de atriz, mas acabou integrando a banda de Oswaldo Montenegro, na qual permaneceu como backing vocal por uns tempos. Alguns anos mais tarde, mais precisamente em 1997, lançou, através do selo Geléia Geral, o primeiro e homônimo disco que resultou em um ótimo trabalho de estreia com produção assinada por Celso Fonseca. Dele fez parte a bela canção “Grama Verde”, parceria de André Gomes e Vítor Ramil (este, um compositor que se tornaria recorrente na discografia de Adriana), a qual alcançou relativo sucesso, muito por conta de ter sido incluída em trilha sonora de telenovela global. Compositores como Zeca Baleiro, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown também fizeram parte daquele repertório. O segundo disco (“Sozinha Minha”), produzido por Sacha Amback, chegou ao mercado em 2000, via Jam Music, e, muito embora se tornasse inquestionável o esmero da produção, resultou em um trabalho introspectivo demais, o que decerto contribuiu para que ele passasse quase que em brancas nuvens. Compositores como Moska, Chico César e Lobão fizeram-se presentes no set list. Foi, todavia, em 2004 que Adriana gravou o seu melhor álbum até agora, o ótimo “Poeira Leve”, lançado pela gravadora Deckdisc. Voltado para o universo do samba e produzido com uma delicadeza ímpar por Ramiro Musotto, trazia canções como “Juízo Final”, de Nelson Cavaquinho e Élcio Soares, e “Samba dos Animais”, de Jorge Mautner, revestidas com uma modernidade simples, porém eficiente. E, ao resgatar duas boas canções esquecidas de Tom Zé (“Só” e “Tô”, esta uma parceria com Elton Medeiros), Adriana revelou estar de fato antenada com o cancioneiro nacional. O novo álbum da artista, que acaba de chegar às lojas, desta feita através da multinacional EMI, foi produzido a quatro mãos por Chico Neves e Bernardo Bonísio. Intitulado “Dez Canções”, é um disco econômico sob todos os aspectos (não somente pela quantidade reduzida de faixas): os arranjos são basicamente acústicos e minimalistas e a cantora interpreta as músicas de forma extremamente delicada. Seu timbre é suave, educado e de fato ela sabe utilizar os seus recursos vocais (não muito extensos e que, por vezes, remete-nos a Paula Toller) com destreza. Das dez faixas, quatro são assinadas pelo já citado Vítor Ramil, bom criador, mas que não se caracteriza exatamente pela multiplicidade melódica (delas, o destaque maior fica por conta de “Cadê Você”). Adriana, mulher de beleza fora do comum, carece, no entanto, mais do que um disco equilibrado para se destacar no atual cenário, povoado por tantas boas cantantes. Uma música que exploda a nível nacional é sempre bom, mas isso (se fosse o caso) também passa rápido. Há que se ter um trabalho que chame a atenção e, definitivamente, embora possua pontos de calculada qualidade, esse não e o caso do CD recém-lançado. Dentre as canções apresentadas não há uma que contenha atributos necessários para pegar de primeira o ouvinte médio. As melhores faixas (como, por exemplo, “Ficar”, singela bossa de Celso Fonseca, e “Copo Vazio”, metáfora inspirada de Gilberto Gil que já ganhou insuperável registro de Chico Buarque) soam aqui apenas razoáveis. E entre outros momentos que soam “mais do mesmo”, há desde deslocada versão de Seu Jorge para “Life on Mars” (de David Bowie, que se transformou em “Vida em Marte”), até releitura de canção obscura de Caetano Veloso (“Sertão”, composta ao lado do filho Moreno e gravada originalmente por Gal Costa em seu confuso “Aquele Frevo Axé”). A troca de produtor a cada trabalho talvez sinalize uma busca de adequação e espaço. Que, em breve, Adriana Maciel possa lançar o CD que ela merece fazer! N O V I D A D E S · O novo CD do inspirado mineiro Vander Lee marcará a sua estréia na gravadora Deckdisc e virá recheado de canções inéditas. Por enquanto, a única regravação confirmada é a faixa “Ninguém Vai Tirar Você de Mim”, canção associada à Jovem Guarda (foi originariamente gravada por Roberto Carlos) de autoria de Edson Ribeiro e Hélio Justo. A produção do trabalho será assinada pelo roqueiro Marcelo Sussekind. Vander, inclusive, é o artista que estará abrindo a versão 2009 do Projeto MPB Petrobrás aqui em Aracaju, em shows que serão realizados nesta terça e quarta-feira (dias 20 e 21), sempre a partir das 21 horas, no Teatro Tobias Barreto. A atração da casa será Cris Emmel, cantora de grande talento e inquestionável versatilidade. A gente se encontrará por lá com certeza! · Show recentemente realizado no Circo Voador, no Rio de Janeiro, servirá de base para o primeiro DVD de Geraldo Azevedo. No repertório, vários grandes sucessos do artista conviverão com criações suas de safra mais recente. · A cantora maranhense Flávia Bittencourt já formata o que virá a ser o seu segundo CD: uma homenagem ao cancioneiro de Dominguinhos. Intitulado “Todo Domingos”, o trabalho contará com a participação especial do homenageado e trará, entre outras músicas, as conhecidas “Eu Só Quero Um Xodó”, “Abri a Porta” e “Lamento Sertanejo”. · Fênix é cantor pernambucano de forte presença cênica. Aproveitando-se de seu lado ator, o artista acaba de realizar show, o qual, devidamente registrado, transformar-se-á no primeiro DVD de sua carreira. Dirigido por Jean Wyllys e intitulado “Ciranda do Mundo”, o vídeo contará com as participações especiais de Zé Ramalho (em “Avohai”) e de Silvia Machete (em “É Luxo Só”, de Ary Barroso). No repertório, canções atemporais como “Vaca Profana” (de Caetano Veloso), “Essa Alegria” (de Lula Queiroga), “Sonho de Ícaro” (de Piska e Claudio Rabello, famosa na voz de Biafra), “Eu Quero É Botar meu Bloco na Rua” (de Sérgio Sampaio) e “Carnavália” (dos Tribalistas). Chegará às lojas no primeiro semestre deste 2009. · J. Velloso terá o seu próximo disco produzido pela tia famosa Maria Bethânia. O trabalho chegará ao mercado através do selo Quitanda, dirigido pela cantora. Falando em Bethânia, ela já se encontra em estúdio gravando as canções que farão parte de seu próximo projeto. E são tantas as músicas inéditas selecionadas que já se cogita que a baiana tem material para um CD duplo. Uma das faixas confirmadas é “O Que Eu Não Conheço” (parceria de J. Velloso com Jorge Vercillo). Outros compositores presentes no trabalho serão Vanessa da Mata, Roque Ferreira e Chico César. · Em 2001, a banda Biquini Cavadão lançou o disco intitulado “80”, no qual revisitou músicas que marcaram a carreira de ídolos e bandas que despontaram quando do boom que marcou o cenário do rock nacional. Pois bem! Acaba de ser lançado o volume 2 desse projeto (disponibilizado nos formatos CD e DVD), o qual foi registrado ao vivo em apresentação realizada no Circo Voador, no Rio de Janeiro. RUBENS LISBOA é compositor e cantor
R E S E N H A 1 Cantora: RENATA ARRUDA
CD: “DEIXA”
Selo: CANELA
Cantora: ADRIANA MACIEL
CD: “DEZ CANÇÕES”
Gravadora: EMI
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