Musiqualidade

L A N Ç A M E N T O    1

Cantor: CHICO CÉSAR

CD: “DE UNS TEMPOS PRA CÁ”

Gravadora: BISCOITO FINO

Depois de freqüentar as paradas de sucesso com diversos hits como: “Mama África”, “À Primeira Vista” e “Béradêro”, o compositor e cantor Chico César deu um tempo do Brasil e resolveu investir em sua carreira internacional. Sentindo que está na hora de remarcar o seu território nestas terras tupiniquins, o paraibano da pequena cidade de Catolé do Rocha volta agora com um trabalho diferente daqueles que o projetou.

Trata-se do CD intitulado “De Uns Tempos Pra Cá”, um lançamento da gravadora Biscoito Fino, o qual ele próprio produziu conjuntamente com Lenine. Acompanhado em todas as faixas pelo Quinteto da Paraíba (formado por 2 violinos, 1 viola, 1 violoncelo e 1 baixo acústico), Chico César construiu um disco denso e introspectivo.

Já no trabalho gráfico se denota a sisudez do álbum. Cores escuras predominam nas fotos. Há até verde (cor que representa a esperança), mas até esta vem em um tom fechado. A verdade é que o artista vem passando por um período de reciclagem interior e isto se faz claro em sua arte. A inclusão de uma música tão exótica quanto “Por Causa do Ingresso do Festival Matou Roqueira de 15 Anos” (a começar pelo quilométrico título), que conta com a participação afetuosa da conterrânea Elba Ramalho, comprova a informação.

Os arranjos, bonitos mas em sua maioria pra lá de melancólicos, por vezes terminam anestesiando a beleza inata de algumas das canções. É o que ocorre com “Moer Cana” e “Utopia”, por exemplo, duas excelentes criações de sua safra de inéditas.

Para reforçar a intenção do trabalho, Chico César canta em tons baixos e a maioria das interpretações é feita de maneira introspectiva. Mesmo assim, é incontestável a presença da verve criativa do cantor seja na inspiradíssima faixa-título, seja na quase brega “Por Que Você Não Vem Morar Comigo?”, seja na percussiva “Orangotanga”, três das melhores faixas do CD. Há apenas uma parceria (“1 Valsa p/ 3”, com Chico Pinheiro) e duas regravações (“Cálice”, de Gilberto Gil e Chico Buarque, com introdução em canto gregoriano, e “A Nível De”, de João Bosco e Aldir Blanc, com naipe de metais).

É assim: um artista que não se cansa de buscar às vezes acerta, às vezes erra, mas se arrisca sempre. E é isso o que importa. A vida segue em frente e Chico César com o seu talento também.


L A N Ç A M E N T O    2

Cantor: LULU SANTOS

CD: “LETRA & MÚSICA”

Gravadora: SONY & BMG

O maior representante do pop nacional, Lulu Santos, está com disco novo na praça! E a notícia é melhor ainda por se tratar de um CD composto, em sua grande parte, por canções inéditas e de qualidade incontestável.

Lulu vinha alternando, nos últimos tempos, discos em que revisitava os seus maiores sucessos com outros em que mostrava novas canções sem sua inspiração característica. O atual trabalho, intitulado “Letra & Música”, vem mostrar que o artista chegou ao meio século de vida com o talento renovado.

Embora a primeira faixa de trabalho seja a regravação de “Pop Star”, um roquezinho tolo do repertório da banda João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, há canções muito interessantes e prontas para alcançarem as paradas de sucesso. A melhor de todas é “Vale de Lágrimas”, mas “Gambiarra”, “Sinhá & Eu”, “Bonobo Blues” e “Manhas e Mumunhas” também resultam em excelentes momentos. Há ainda a gostosinha “Din Don” que foi feita, há anos atrás, para o gaitista Milton Guedes, o qual, na época, estava lançando o primeiro disco solo, e um novo registro para a tropicalista “Ele Falava Nisso Todo Dia”, de Gilberto Gil, canção que já havia sendo executada por Lulu em seus shows de uns tempos para cá e que ganhou um arranjo que termina pecando pelo excesso de sujeira sonora. Nada que venha a comprometer um dos melhores trabalhos da discografia de Lulu e que merece, assim como alguns de seus hits a exemplo de “O Último Romântico” e “Como uma Onda”, ser tocado à exaustão. Corra e ouça!

 

N O V I D A D E S 

·               Terça-feira, dia 06, o compositor e cantor sergipano Henrique Teles estará se apresentando, junto com sua banda Maria Scombona, no Espaço Yázigi. Quem for lá, a partir das 21 horas, fará parte da gravação ao vivo de uma canção que integrará o novo CD da galera, o qual, em breve, estará à disposição dos fãs. Imperdível!

 ·               O Projeto “Mãos Amigas” apresentará Chiko Queiroga e Antônio Rogério no dia 10 de dezembro, a partir das 20:00h, no Centro de Criatividade. O grande show beneficente será em prol do asilo Isaias Gileno Barreto e contará com as participações especiais de Gladston Rosa, Mingo Santana e Erivaldo de Carira. Confira!

 ·               Já está à venda a trilha sonora do filme “Vinicius”, do cineasta Miguel Faria Jr., que retrata várias facetas da vida do poeta e compositor Vinicius de Moraes. O CD é um lançamento da gravadora Biscoito Fino e entre declamações feitas pelos atores Ricardo Blat e Camila Morgado, há as presenças de grandes nomes da nossa MPB, como Chico Buarque, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Adriana Calcanhotto. Todavia, as melhores faixas ficam por conta de Mônica Salmaso (soberba em “Insensatez”), Mart’nália (super à vontade em “Sei Lá… A Vida Tem Sempre Razão”), Edu Lobo (em plena forma em “Berimbau”), Olívia Byington (musicalmente perfeita em “Modinha”) e Sérgio Ricardo (uma gratíssima surpresa em “Pau-de-arara”). Para os cultuadores da obra do Poetinha trata-se de um lançamento e tanto!

 ·               Inicialmente previsto para sair somente em DVD, o show dividido por Ana Carolina com Seu Jorge, gravado na casa Tom Brasil (SP), também sairá em versão CD. Será o primeiro disco ao vivo da cantora, que incluiu no repertório as inéditas “Notícias Populares”, música de sua autoria, “Unimultiplicidade”, parceria com Tom Zé (ambas contendo temas politizados), “Comparsa”, parceria com Seu Jorge, e “Nega Marrenta”, parceria com Alê Siqueira, além de “Carolina”, canção de Seu Jorge, de “Brasilis”, de Gabriel Moura, de “Tanta Saudade”, de Djavan e Chico Buarque, e de dois textos da poetisa Elisa Lucinda (“Só de Sacanagem” e “Alfredo É Gisele”) que foram musicados pelos artistas.

 ·               No início da década de setenta, em pleno regime ditatorial, a gravadora Phonogram/Philips resolveu realizar três shows no Palácio de Convenções do Anhembi, em São Paulo, dentro de um projeto intitulado “Phono 73”. Quase todos os grandes nomes da MPB, à época, estiveram presentes, num momento histórico e único. É esse registro que chega agora ao mercado através de um DVD (contendo imagens coloridas registradas por Guga Oliveira) e de dois CD’s. Há momentos impagáveis como o de Chico Buarque e Gilberto Gil tentando cantar “Cálice” (memorável parceria dos dois) e tendo o som de seus microfones cortados pela censura ou o de Raul Seixas desenhando no próprio corpo o símbolo da Sociedade Alternativa. Mas nada é tão comovente quanto o registro de Elis Regina se maquiando no espelho, antes de cantar “Cabaré” (de João Bosco e Aldir Blanc) em clima denso e teatral. Para quem não viveu naquela época e gostaria de entender um tempo de intensa efervescência musical, trata-se de um lançamento obrigatório!

·               Já está nas lojas o novo CD de Zizi Possi. Nascido de um show idealizado pela cantora para a casa Bourbon Street, o projeto “Pra Inglês Ver… e Ouvir” foi gravado ao vivo em São Paulo, em minitemporada no Teatro Shopping Frei Caneca. O recital intimista tem direção de José Possi Neto, irmão de Zizi (que é co-produtora do DVD em parceria com seu novo empresário, Manoel Poladian).

RUBENS LISBOA é compositor e cantor
Quaisquer críticas e/ou sugestões serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br

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