M U S I Q U A L I D A D E CD: “13 PARCERIAS COM CAZUZA” Gravadora: MP,B / UNIVERSAL George Israel ainda é mais conhecido por integrar o Kid Abelha juntamente com Paula Toller e Bruno Fortunato, grupo de rock que surgiu no início da década de oitenta e engatou vários sucessos, tais como “Pintura Íntima”, “Como Eu Quero” e “Lágrimas e Chuva”, e que até hoje possui uma vasta legião de fãs. Agora, depois de lançar dois álbuns em paralela carreira solo (“Quatro Letras”, em 2004, e “Distorções do meu Jardim”, em 2007), nos quais adotou um repertório eminentemente autoral, ele põe no mercado, através de um acordo entre as gravadoras MP,B e Universal, o CD “13 Parcerias com Cazuza”. Como o próprio título já entrega, trata-se de um disco cujo mote é o trabalho musical que Israel desenvolveu com Cazuza, principalmente quando este, após questões artísticas e pessoais, deixou a banda Barão Vermelho. Cazuza, como se sabe, embora tenha tido uma rápida existência terrena, foi um compositor compulsivo e se abriu com frequência a diversas parcerias. Um dos companheiros mais constantes nessa seara foi justamente Israel. Juntos, algumas vezes com a colaboração do baixista Nilo Romero, compuseram grandes canções. A maior parte delas faz parte do recém-lançado disco, o qual, muito bem produzido por Dadi (ex A Cor do Som), termina por traçar um painel de uma geração com todas as suas conquistas e contradições. Cercado de convidados e tendo como principal mérito revestir as canções apresentadas com novos e eficientes formatos, Israel soube construir um disco muito bacana que até pode, no momento, não se destacar em meio a tantos lançamentos que pululam diariamente por aí, mas que decerto terá o tempo como seu guardião, o que lhe garantirá um lugar especial, mormente no espaço destinado àqueles que cultuam a bela e forte obra do irreverente Caju. É fato que a homenagem soa sincera e, mais ainda, oportuna, no ano em que se comemoram duas décadas que o filho único de Lucinha Araújo partiu para o andar de cima. Com talento e senso de observação únicos, o artista “exagerado” destilava, em seus versos contundentes, uma visão ácida sobre diversos acontecimentos. E aí surgiram pérolas como a antológica “Brasil” (que conta, na nova versão, com as presenças de Elza Soares e Marcelo D2 e a inserção de trecho em rap) e a sarcástica “4 Letras” (que ganha insuspeitas tintas com a participação de Ney Matogrosso). O repertório tem a esperteza de selecionar temas bastante conhecidos pelo público em geral, como é o caso de “Solidão, Que Nada” (com inebriante intervenção de Sandra de Sá) e “De Quem É o Poder?”, mas também a sabedoria de pinçar músicas bem bacanas que não conseguiram igual êxito quando foram lançadas, a exemplo de “Amor, Amor” (lado B da trilha do filme “Beth Balanço”) e “A Inocência do Prazer”. Até uma canção de menor inspiração como “Burguesia” termina agora se destacando (nela, surge como convidado Tico Santa Cruz, o vocalista dos Detonautas). E se em “Eu Agradeço” o questionamento sobre a fé toma o primeiro plano, no “Blues do Ano 2000” (que traz o vocal de Frejat) a declaração de amor vem para suplantar o tempo. Aliás, o amor, esse tema reiteradamente abordado, está presente também em “Completamente Blues”. Completam o set list “Nabucodonosor” (com Evandro Mesquita) e “Mina” (com Paulo Ricardo). Mas há ainda uma agradável surpresa: a participação especial do próprio Cazuza em “Você Vai Me Enganar Sempre II”, a qual se dá através da inserção de versos cantados pelo mesmo em áudio colhido em registro caseiro. Trata-se de uma ótima canção que soa inédita (na verdade, os versos já haviam sido musicados antes por Frejat, pois a mesma letra foi entregue aos dois parceiros, mas a nova melodia de Israel até então nunca havia sido lançada em disco). Ao mostrar várias de suas parcerias com Cazuza (ao todo foram dezenove), George Israel terminou fazendo um CD bem bacana, o ponto alto de sua discografia individual. Vale super a pena conferir! N O V I D A D E S · Já chegaram às lojas o CD (duplo, mas que também pode ser encontrado em edições avulsas) e o DVD que registram o show feito pelo grupo carioca O Rappa, no ano passado, na favela da Rocinha no Rio de Janeiro. Intitulado “Registro”, é uma das grandes apostas da gravadora Warner Music para este ano. · Formado pelos músicos Adriano Siri, Alvinho Cabral, Alvinho Lancellotti, Daniel Medeiros, Donatinho e Marcus Cesar, o sexteto carioca Fino Coletivo lançou recentemente o seu segundo CD. Intitulado “Copacabana”, trata-se de um trabalho composto por quatorze faixas, a maioria delas composta por seus próprios integrantes. São temas recheados de grooves em que geralmente se destaca o naipe azeitado de metais. O objetivo é que a sonoridade soe contemporânea, mas é incontestável a presença de ecos estilísticos de décadas passadas, seja através da regravação de “Swing de Campo Grande” (de Moraes Moreira, Galvão e Paulinho Boca de Cantor) ou da reverência prestada a Jorge Ben Jor em “Ai de Mim” (de Alvinho Lancellotti e Djalma D’ávila). Entre os destaques do repertório estão as canções “Bravo Mar” (de Ivor Lancellotti e Domenico Lancellotti), “Nhém Nhém Nhém” (de Totonho, o dos cabra) e “Se Vacilar, o Jacaré Abraça” (de Alvinho Cabral, Wado e Thiago Nistal). · “Franciscos na Voz de Mateus Sartori” é o título do terceiro CD do cantor paulista que chegará ao mercado no começo do próximo mês. Nele, o artista canta somente músicas da lavra de compositores brasileiros chamados Francisco. Um deles, Chico César também estará presente como convidado especial da faixa “Nicanor Belas Artes”, rara parceria de João Nogueira e Chico Anysio. · De maneira independente, a cantora Socorro Lira está lançando o CD “Lua Bonita”, um tributo ao compositor paraibano Zé do Norte. Trata-se de um passeio regional entre gêneros característicos como o coco, o xote e o maxixe, mas há ainda toada, chorinho e carimbó. Socorro é cantora de voz melodiosa que há muito vem tentando um reconhecimento maior. De carreira construída de forma coerente, esse novo álbum vem em muito boa hora, ainda mais porque conta com as participações especiais de Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Zé Paulo Medeiros, Sandra Belê e Vanja Orico, esta na faixa “Sodade, Meu Bem, Sodade”, tema do lendário filme “O Cangaceiro”, de 1953, dirigido por Lima Barreto e que foi premiado no Festival de Cannes. Entre os melhores momentos do disco estão as canções “Meu Pião”, “Flor do Campo”, “São Jorge e a Lua” e “Vai Ver Quem Chegou”. Ao final, ouve-se a voz do próprio homenageado recitando o poema “O Poeta” através de áudio colhido durante entrevista pelo mesmo concedida à Rádio Jornal do Brasil de Salvador (BA) em 1977. · Com o intuito de comemorar os trinta anos de sua carreira fonográfica, a cantora Cida Moreira gravou recentemente ao vivo, no Estúdio do Gato, em São Paulo, o show “A Dama Indigna”, o qual irá se transformar em CD que aportará em breve no mercado. O repertório conterá temas assinados por Caetano Veloso e Chico Buarque, entre outros. · “Naturalmente Acústico” é o título do novo projeto da cantora baiana Margareth Menezes, o qual acaba de chegar ao mercado nos formatos CD e DVD. No repertório, estão, dentre outras, canções como “Coco do M” (de Zé do Brejo e Jacinto Silva), “Febre” (de Zeca Baleiro e Lúcia Santos), “Gracias a la Vida” (de Violeta Parra) e “A Beira e o Mar” (de Roberto Mendes e Jorge Portugal). Entre as participações especiais, destacam-se Carlinhos Brown (em “Amor Ainda”) e o cantor português Luís Represas (em “Um Caso a Mais”). · Chegará às lojas em setembro um CD que compilará músicas de Lenine compostas especialmente para trilhas de cinema, espetáculo de dança, seriados, novelas e especiais de TV. São gravações que nunca fizeram parte dos discos de carreira do compositor, a exemplo de “Como É Bom a Gente Amar” (feita para o longa metragem “A Pessoa É para o Que Nasce”), “Violenta” (escrita para o espetáculo “Breu”, do grupo Corpo) e “Aquilo Que Dá no Coração” (tema de abertura da confusa telenovela global “Passione”). · E para os fãs da banda Los Hermanos (que havia informado, há algum tempo e de maneira oficial, o seu término) uma ótima notícia! Os seus componentes confirmam que, em outubro próximo, o grupo estará realizando três apresentações no Nordeste (Recife, Fortaleza e Salvador). Quem viver, verá! RUBENS LISBOA é compositor e cantor Quaisquer críticas e/ou sugestões serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br
Cantor: GEORGE ISRAEL
· O baterista Wilson das Neves é conhecido, no meio artístico, como um dos melhores músicos em seu instrumento (faz parte, há anos, da banda que acompanha Chico Buarque). Mas ele é também um compositor bastante inspirado e um intérprete de classe (não obstante já contar com o peso dos setenta e quatro anos). E isso fica claro com o lançamento de seu terceiro CD (sucessor de “O Som Sagrado de Wilson das Neves”, de 1996, e “Brasão de Orfeu”, de 2004), o qual recentemente chegou às lojas através de uma parceria entre as gravadoras MP,B e Universal. Intitulado “Pra Gente Fazer Mais um Samba”, o álbum foi produzido pelo próprio artista ao lado do baixista Zé Luiz Maia, do pianista João Rebouças e de André Tandetta e é composto por treze faixas. Delas, sete são parcerias com o onipresente Paulo César Pinheiro. Nas demais, Wilson divide os créditos com gente que realmente entende de samba, a saber: Arlindo Cruz, Nei Lopes, Delcio Carvalho, Nelson Rufino, Roque Ferreira e Vitor Pessoa. Trata-se de um ótimo álbum que traz, entre seus melhores momentos, além da faixa-título, as canções “Coquetel”, “Assédio”, “Quem Espera Nunca Alcança” e “Ingrata Surpresa”. A cantora Mariana Bernardes faz-se presente em participação especial na canção “Passarinho de Gaiola”.
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