CD: “ÍNTIMO” Gravadora: SOM LIVRE Talvez o músico brasileiro mais conhecido no exterior depois de Tom Jobim, o cantor e compositor Ivan Lins acaba de fazer chegar ao mercado brasileiro, através da gravadora Som Livre, o seu mais novo CD intitulado “Íntimo”. Trata-se da versão brasileira de “Intimate”, trabalho gravado na Holanda pela Wedge View Music com produção do baixista de jazz Ruud Jacobs no qual o artista recebe convidados internacionais como o uruguaio Jorge Drexler, o cantor espanhol Alejandro Sanz, o trompetista alemão Till Brönner e as cantoras Jane Monheit, Trijntje Oosterhuis e Laura Fygi. Ivan é músico autodidata e desde os dezoito anos, influenciado pela bossa nova e pelo jazz, abraçou o piano como seu instrumento de coração. Autor de dezenas de sucessos que povoam o inconsciente coletivo nacional, tais como “Começar de Novo”, “Depende de Nós”, “Madalena”, “Depois dos Temporais” e “Cartomante” e tendo sua obra eternizada através de muitas das vozes mais importantes do nosso cancioneiro (Simone, Gal Costa, Leila Pinheiro, Fafá de Belém e Elis Regina, por exemplo, estão entre elas), Ivan chegou a se formar em engenharia no final da década de sessenta, exatamente a época áurea dos festivais de música que movimentaram o país inteiro em meio ao ápice da ditadura. Seu primeiro sucesso foi, inclusive, “O Amor É o Meu País” (parceria com Ronaldo Monteiro de Souza), canção que obteve o segundo lugar no V Festival Internacional da Canção. A partir daí, ele lançou vários discos e teve sua obra fartamente divulgada, tanto que, nos anos oitenta, viu sua carreira deslanchar internacionalmente com suas canções sendo gravadas por nomes como Quincy Jones, George Benson, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Carmen MacRae e Barbra Streisand. O álbum recém-lançado serve para trazer a lume duas comemorações. A primeira diz respeito aos quarenta anos de carreira de Ivan. Já a segunda versa sobre o retorno do trabalho dele com Vítor Martins. Parceiros responsáveis por grandes sucessos, eles passaram algum tempo estremecidos, mas reataram a relação artística, fato bastante alvissareiro para a nossa música popular brasileira. Ivan, que era conhecido também pela sua visceralidade como intérprete (sustentando as canções em tons absurdamente altos), vem mostrando, de uns anos para cá, uma voz com potência reduzida, desde que passou por graves problemas nas cordas vocais, tendo chegado, em alguns registros recentes, quase a sussurrar. Ainda que, no novo álbum, já se constatem progressos no seu quadro evolutivo vocal, o fato é que nem de longe se assemelha aos tempos de outrora, o que, contudo, não chega a prejudicar o resultado final do produto apresentado que, como de costume, se mostra de uma qualidade técnica impecável. Com arranjos executados por maestria por grandes músicos que se safam com destreza das intrincadas harmonias criadas, enfileiram-se as quatorze faixas que compõem o repertório, as quais aliam temas inéditos a novas versões para canções por ele já registradas anteriormente. Dentre as canções da safra atual, os melhores momentos ficam por conta da bonita romântica “Arrependimento”, da animadinha “Tchau, Tristeza” (que conta, em sua criação, com a colaboração do filho Cláudio Lins) e do inspirado samba “Sou Eu” (parceria com Chico Buarque, gravada originalmente por Diogo Nogueira). Já no quesito das regravações, há que se destacar os elegantes registros feitos para “Bilhete”, “Acaso” (parceria com Abel Silva) e “Dandara” (parceria com Francisco Bosco). Como arremate, não há que se esquecer de “Nosso Acalanto” (“That’s Love”) que surge a capella, contando somente com o acompanhamento do grupo vocal norte-americano Take 6, e de “Mãos de Fada”, esta composta unicamente por Ivan em homenagem ao grande amor de uma vida (quase) inteira, sua segunda mulher Valéria. Em grande estilo, Ivan Lins comemora quatro décadas de vitoriosa carreira. Que os deuses da música continuem a lhe soprar várias canções para que ele possa presentear o seu público com a beleza e a sensibilidade que lhes são características! N O V I D A D E S · Serão lançados em breve através da MZA Music, nos formatos CD e DVD, as gravações dos shows feitos por artistas como Martinho da Vila, Zeca Baleiro e Toni Garrido quando de suas apresentações no Rock in Rio Lisboa 2010. · A cantora Tutti Bae está lançando “Ginga”, o seu mais novo CD. Trata-se de um bom trabalho dominado pelo estilo samba funk que mostra uma intérprete segura e de grande potencial vocal. Composto por dez faixas, o álbum traz duas delas assinadas pela própria artista ao lado de Antônio Luiz (“3 Batidinhas” e “Swingando”) e alcança os seus melhores momentos com as canções “Cobra Criada” (de Luís Vagner), “Guitarras, Violinos e Instrumentos de Samba” (de Hyldon) e “Boca de Leão” (de Filó Machado e Judith de Souza). Tutti ainda resgata “Congênito”, uma das grandes criações de Luiz Melodia. · A banda Barão Vermelho anuncia que retomará as atividades em 2012, a tempo de comemorar os trinta anos de carreira. Enquanto isso, seus componentes desenvolvem suas carreiras próprias, como é o caso do baixista Rodrigo Santos que gravou recentemente seu primeiro DVD durante show que contou com as participações de Ney Matogrosso, Roberto Frejat, Isabella Taviani, Leoni e Miquinhos Amestrados. · Através da gravadora Sony, Ednardo faz chegar ao mercado e em CD duplo, após mais de três décadas do lançamento oficial em vinil, o projeto intitulado “Massafeira”. Resultado de apresentações realizadas durante quatro dias, em março de 1979, no Teatro José de Alencar de Fortaleza (CE), o trabalho foi registrado, em seguida, em estúdio carioca. À época, vários cantores e compositores cearenses buscavam um lugar ao sol e teimavam em mostrar a sua arte de todas as formas possíveis. O ouvinte atual, assim, poderá ter contato com as ideias iniciais de nomes como (além do já citado Ednardo, de certa forma o mentor do grupo), Belchior, Stélio Valle, Caio Silvio, Mona Gadelha, Rodger Rogério, Graco e Fausto Nilo. Entre as vinte e três faixas que compõem o produto merecem destaque “Pelos Cantos”, “Aurora”, “Pé de Espinho”, “Jardim do Olhar”, “Vento Rei” e “Reizado”. · Chegou recentemente às lojas em DVD o programa de entrevistas “MPB Especial” gravado por Chico Buarque em 1973. Em plena ditadura, o então compositor ascendente, entremeando algumas declarações, desfia algumas de suas canções que viriam a se tornar clássicos do nosso cancioneiro, como é o caso de “Tatuagem” e “Meu Refrão”. · A EMI está lançando a série “2 por 1” que contempla vinte e cinco títulos. Cada um deles traz, em edições remasterizadas e preços econômicos, dois álbuns de artistas famosos que passaram pelo cast da gravadora, a exemplo de Adoniran Barbosa, Beth Carvalho, Cartola, Clara Nunes, Djavan, Dorival Caymmi, Gonzaguinha, Jackson do Pandeiro, Leila Pinheiro, Maria Bethânia e Simone. Para quem curte a boa MPB e está a fim de aumentar a coleção, trata-se de uma ótima pedida! RUBENS LISBOA é compositor e cantor Quaisquer críticas e/ou sugestões serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br Cantor: IVAN LINS
· A apresentadora Hebe Camargo, que começou sua carreira artística como cantora, volta ao mercado fonográfico através da gravadora Sony Music com o CD intitulado “Hebe Mulher”. Produzido por Guto Graça Mello, o novo álbum traz um repertório de treze faixas que aliam canções atemporais (“Valsa de uma Cidade”, de Ismael Netto e Antônio Maria) a temas mais recentes (“Lenha”, de Zeca Baleiro) e faz incursões nos cancioneiros argentino (“El Dia Que Me Quieras”, de Carlos Gardel e Alfredo Lepera, que conta com a participação especial do ator e cantor Daniel Boaventura) e italiano (“Dio, Como Ti Amo”, de Domenico Modugno, esta com a adesão, nos vocais, do tenor Thiago Arancam). Hebe não tem mais a força vocal de outrora, como fica claro, por exemplo, em “Foi Assim” (de Renato Correa e Ronaldo Correa), mas chega a surpreender em alguns momentos (como em “Universo no Teu Corpo”, de Taiguara). O timbre, no entanto, continua bonito e a impostação de outrora embora não seja predominante, vez por outra ressurge, o que logicamente não causa surpresa alguma. Graciosa em “Pom Ion Pom Pom”, deliciosa e esquecida bossa-nova de autoria de Catulo de Paula, Hebe incluiu também no set list parcerias da dupla Roberto e Erasmo Carlos. O Rei, amigo de longa data, mesmo geralmente reticente em participar de trabalhos alheios, abriu uma exceção e surge como convidado especial em “Você Não Sabe”.
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