R E S E N H A CD: “FEITO PRA ACABAR” Selo/Gravadora: SLAP/SOM LIVRE O cantor e compositor Marcelo Jeneci está lançando, através do selo SLAP que integra a gravadora Som Livre (um dos braços das Organizações Globo), o seu CD de estreia no mercado fonográfico. Mas os mais aficcionados nas telenovelas globais, talvez mesmo sem saber, já conhecem pelo menos duas de suas canções. É que tanto “Amado” (composta com Vanessa da Mata e pela mesma gravada) quanto “Longe” (criada ao lado de Arnaldo Antunes e registrada por Leonardo) foram temas que fizeram parte das trilhas de “A Favorita” e “Paraíso”, respectivamente. Também é de Jeneci a bela canção “Todos os Verbos”, uma parceria com Zélia Duncan, a qual integrou o mais recente álbum da cantora. Instrumentista polivalente (toca com destreza piano, acordeão, violão e guitarra), ele possui mais de dez anos de estrada como músico acompanhante de diversos nomes da nossa MPB, muito embora ainda nem tenha completado três décadas de vida. Esse artista, que começa a ver o seu talento reconhecido, mostra algumas de suas criações inéditas no CD intitulado “Feito Pra Acabar”, composto por treze faixas autorais, a grande maioria assinada ao lado de parceiros. Escorado na produção competente do antenado Kassin, o álbum apresenta um compositor inspirado que sabe o que quer e o que está dizendo. É pop, sim! É eminentemente pop esse trabalho inaugural de Jeneci, mas é um pop inteligente, recheado de boas ideias tanto nas letras (pautadas por um romantismo equilibrado) quanto nas estruturas melódicas (simples, mas eficientes) e harmonias (muito bem construídas). O resultado é que grande parte das canções descem de forma redonda logo de prima e apresentam grandes possibilidades de uma maciça execução radiofônica com o mérito de não soarem descartáveis. A faixa “Show de Estrelas” por si só já valeria o trabalho. É daquelas canções muito bem construídas que já nascem antológicas. Com letra inspirada, seu ponto alto é mesmo a melodia, contagiante e inusitada nas medidas certas. O arranjo criativo ajuda a consolidá-la como o ponto mais alto do disco que conta também com alguns outros destaques. “Felicidade”, por exemplo, é um deles. Outros ótimos momentos ficam por conta de “Café com Leite de Rosas”, “Por Que Nós?”, “Dar-te-ei” e da delicada faixa-título. Há fortes resquícios da Jovem Guarda no som de Jeneci, mas as influências são várias, deste o lado romântico de Raul Seixas (em “Quarto de Dormir”) até toques ruralistas (em “Pra Sonhar”) ou havaianos (em “Jardim do Éden”). O primeiro CD de Marcelo Jeneci se encontra no mercado, disponível para aqueles que gostam de se inteirar sobre gente nova que vale a pena. Sua obra merece ser conhecida e, se depender dessa primeira amostra, já dá para prever que ele irá nos presentear com muitas canções de categoria. “Feito para Acabar” é tão somente um título antagônico para o começar de um nome que, decerto, ainda será muito comentado e cantado. Quem viver, ouvirá! N O V I D A D E S · Gravado ao vivo em setembro de 2009 durante show realizado por Netinho no Resort Parque dos Coqueiros, aqui em Aracaju, “A Caixa Mágica” é o mais recente trabalho do cantor baiano. Disponível nos formatos CD e DVD, mostra que o artista continua esbanjando energia e em perfeita forma vocal. Totalmente viabilizado de forma independente, o projeto conta com as participações especiais de Jorge Vercillo, Alinne Rosa, Tomate, D’Black e Saulo Fernandes. Dentre os destaques do repertório estão as canções “Crença”, “Pirata”, “Só Pensando em Você”, “Onde Você se Esconde” e “Cidade Elétrica”. · É também através do selo Slap da gravadora Som Livre que está chegando às lojas, sob o subtítulo “Extras”, um novo volume derivado do projeto Multishow ao Vivo que a cantora do momento Maria Gadú gravou, em julho do ano passado, no Credicard Hall em São Paulo. Se o volume anterior priorizou o repertório já conhecido da artista (basicamente o contido no seu primeiro CD, gravado em estúdio), este agora traz onze faixas, a maioria delas inéditas, nas quais Gadú recebe diversos convidados. A boa nova é que não são artistas consagrados, mas, sim, gente jovem que está a lutar por um lugar ao sol, grande parte realmente talentosa. Teria sido ideia da gravadora ou da própria artista? Qualquer que seja a resposta, merece uma saraivada de aplausos a iniciativa (que, aliás, deveria ser bastante copiada). E Gadú parece super à vontade ao lado da galera. A única faixa de sua autoria, um dos melhores momentos do álbum, é “Paracuti”, parceria com Luiz Murá. Outros destaques ficam por conta de “Quando For Chuva” (de Luís Kiari e Caio Sóh), “Reflexo de Nós” (de Toni Ferreira) e “Castelos” (de Camila Wittmann). Há ainda participações especiais dos Varandistas, Dani Black e Manuh. Já Leandro Léo canta sozinho a bonita “João de Barro”, de sua autoria. E ainda sobra espaço para a releitura acústica de “I Can See Clearly Now” (de Johnny Nash), música propagada aqui no Brasil na voz de Marisa Monte. · Embora tencione lançar este ano o CD intitulado “Forró Brasileiro” (o qual já se encontra gravado), a paraibana Elba Ramalho começa a formatar um novo show que, sob a direção de Wolf Maya, terá o roteiro centrado na obra de Chico Buarque. Em seguida, ela deverá gravar um álbum inteiramente dedicado à obra desse compositor, que é indubitavelmente o mais admirado do Brasil. · Falando no cancioneiro de Chico, outra cantora que pretende lançar, ainda este ano, um trabalho centrado em suas canções é Maria Bethânia. Grande intérprete dos temas buarquianos, certamente será um CD muito bem-vindo. E mais uma de Bethânia: ela avisa que em breve reeditará, desta feita pelo seu selo Quitanda, o álbum “Santo e Orixá”, o qual foi gravado pela cantora e mãe-de-santo Gloria Bomfim, cozinheira do compositor Paulo César Pinheiro, lançado originalmente em 2007 pela pequena gravadora Acari Records. · “Dentro do Meu Olhar” é o título do CD de estreia da carioca Roberta Spindel, o qual está chegando às lojas através da gravadora Universal. Produzido por Max Pierre, o trabalho apresenta ao público uma bela voz: é fato que Roberta possui um timbre interessante e sabe explorar bem os seus recursos naturais. Uma pena, portanto, que o repertório soe sem qualquer unidade quando tenta aliar baladas previsíveis (que, aliás, predominam no repertório – a melhorzinha delas é “O Que Tiver Que Ser”, de André Aquino e Alexandre Castilho) a canções mais arrojadas que a artista mostra dominar, conforme se pode constatar através das releituras de “Se Eu Quiser Falar com Deus” (de Gilberto Gil) e “Esquinas” (de Djavan). Outro ótimo momento é o resgate da suave “Pra Te Lembrar” (de Nei Lisboa). Mas nada que se compare à arrebatadora versão de “Como 2 e 2” que conta, inclusive, com a participação especial de Caetano Veloso, o autor dessa verdadeira pérola musical. · “Clímax” é o título do novo CD de Marina Lima, o qual estará aportando no mercado ainda neste primeiro semestre. A cantora já se encontra trancafiada em estúdio registrando o repertório do trabalho cujo repertório será constituído por canções inéditas, inclusive a sua primeira parceria com Adriana Calcanhotto. No campo das releituras, já está confirmada a inclusão de “Call Me”, tema de Tony Hatch gravado por Petula Clark e Chris Montez. · A gravadora Universal está relançando os dois CD’s de Céu em edições que vêm acompanhadas por DVD’s que contêm registros audiovisuais da cantora. Aconselhável para fãs… · O selo Discobertas estará repondo no mercado, já no primeiro trimestre de 2011, a coleção “100 Anos de Música Popular Brasileira”, originalmente idealizada por Ricardo Cravo Albin em 1975. Serão oito volumes reeditados no formato de quatro CD’s duplos, os quais trarão músicas interpretadas por nomes como Elza Soares, Marlene e Beth Carvalho, entre outros. Excelente pedida! RUBENS LISBOA é compositor e cantor Quaisquer críticas e/ou sugestões serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br
Bem entrosado no meio musical, Jeneci mostra sua safra autoral construída ao lado de parceiros como Chico César, Ortinho, Luiz Tatit, Zé Miguel Wisnik, Carlos Rennó e o já citado Arnaldo Antunes, este o colaborador mais presente. No tocante aos músicos participantes do disco, a ficha técnica alia talentos emergentes, caso de Estevan Sinkovitz (violão, bandolim e guitarra 12 cordas), Gustavo Ruiz (violão) e Curumin (bateria) a nomes já consagrados, a exemplo de Edgard Scandurra (guitarra) e Arthur Verocai (responsável pelos arranjos de cordas de algumas faixas). O álbum conta com a participação ativa da cantora paulistana Laura Lavieri que, com sua voz bem colocada e de bonito timbre, confere um brilho especial a vários momentos.
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