L A N Ç A M E N T O 1 Cantor: MORAES MOREIRA CD: “DE REPENTE” Gravadora: ROB DIGITAL Correndo por fora das grandes gravadoras, o baiano Moraes Moreira acaba de pôr no mercado o seu mais recente CD intitulado “De Repente” pela pequena Rob Digital. Moraes é um dos grandes compositores brasileiros. Começou a sua carreira fazendo parte do grupo Novos Baianos, do qual também fizeram parte Baby Consuelo (hoje, Baby do Brasil), Pepeu Gomes e Paulinho Boca de Cantor. Quando resolveu enveredar pela carreira solo, Moraes alcançou rapidamente o sucesso com suas canções alegres e contagiantes. Transformou-se no rei do Carnaval baiano, para o qual compôs diversas músicas que se tornaram antológicas. Os anos oitenta foram os mais produtivos para ele. Alçado à condição de criador de sucessos, sua produção era disputada pelas maiores intérpretes da MPB, tais como Gal Costa, Maria Bethânia e Simone. Foi quando Moraes chegou a gravar vários discos muito bem recebidos pela crítica especializada e obteve índices de vendagem invejáveis. Na década de noventa, todavia, por esses casuísmos que não têm explicação, mesmo tendo continuado a criar canções à altura de seu inquestionável talento, seu nome sumiu da mídia e seus álbuns passaram desapercebidos do público em geral. Intuitivo e sempre antenado com o novo, Moraes ousa, em seu recém-lançado trabalho, ao incursionar no mundo das programações eletrônicas. Nada, porém, que venha a descaracterizar a sua obra. Na parte relativa aos arranjos, tais elementos vêm para adicionar, nunca para descaracterizar. Na parte melódica, é certo que o rap de algumas faixas, por exemplo, não possui o vigor de outros ritmos mais afortunados. Mesmo assim, o artista soube dosá-lo com equilíbrio, alcançando bons resultados. O disco, contudo, cresce da segunda metade em diante. É quando Moraes mostra que continua sabendo fazer bem o dever de casa: o frevo “Quem Tem Suingue” é avassalador, o forrozinho “Minha Religião” é muito gostoso, a percussiva “Na Boca do Povo” é forte pra caramba e o samba “Eu Gosto de Ser Baiano” é uma delícia. Dentre as duas boas canções românticas, “O Dia a Dia é Cruel” e “Pra Vida Inteira”, esta incontestavelmente se destaca pela concisão do conjunto. A ex-nora Ivete Sangalo faz vocais discretos na bem sacada “Baião D2” (uma homenagem a Marcelo D2), o parceiro Armandinho dá contornos certeiros às guitarras em “Povo Brasileiro” e o filhão Davi Moraes está presente em “Palavra de Poeta” (de Moraes e Fred Góes), uma das melhores faixas do disco. É de se torcer para que Moraes Moreira possa cair de novo na boca e no coração do povo brasileiro porque, inobstante o passar dos anos, o seu talento continua intacto, como fez ele comprovar através desse super bem-vindo CD! L A N Ç A M E N T O 2 Cantora: MÔNICA FEIJÓ CD: “SAMBASALA” Gravadora: INDEPENDENTE “Apesar da pluralidade musical, a cena recifense é homogeneamente masculina. Mônica Feijó se destaca como figura singular, ao mesmo tempo em que encarna o espírito mutante característico da cidade. Do pop ao jazz, de experimentos eletrônicos à objetividade de um power trio, nossa heroína percorre com graça e talento as diversas nuances da música popular contemporânea.” Com estas palavras, o famoso sergipano DJ Dolores, há algum tempo radicado em terras pernambucanas, inicia a apresentação do CD “Sambasala” da cantora Mônica Feijó. É, como o próprio título já o diz, um disco de sambas, mas de sambas peculiares, tratados de forma ao mesmo tempo tradicional e moderna. De livre trânsito na cena mangue beat, tendo já gravado com a banda Faces do Subúrbio, a jovem intérprete, que estreou em 2000 com o eletrônico “Aurora 5365”, promove agora um inventário do samba pernambucano. Em meio aos excelentes arranjos levados a cabo pelo grupo Choro Brasil, permeiam efeitos eletrônicos totalmente inseridos nos contextos das canções. E Mônica canta e encanta. Encanta pelo belo visual e canta com galhardia: é dona de um timbre agradabilíssimo e de voz potente, com dicção e interpretação impecáveis. O CD, que é um lançamento independente, possui entre os seus maiores destaques as faixas “Procurando Dum Dum” (parceria do neo-aclamado Junio Barreto com Ortinho), “Cadê Você” (de Roger Man e Zé Guilherme) e “Não Ria de Mim” (de Diogo Andrade). Um trabalho que merece ser conhecido! N O V I D A D E S · Mais uma conquista muito bem-vinda para o nosso artista Alex Sant’anna. É que, em abril de 2006, será lançado pela Luaka Bop, selo de David Byrne, uma coletânea contendo diversas músicas nordestinas e a sua canção “Poesia de Barro”, que integra o CD “Aplausos Mudos, Vaias Amplificadas”, foi incluída no trabalho. O lançamento do álbum será mundial e outros artistas que estão na batalha, tais como Wado, Mundo Livre, Siba e Eddie, também estarão fazendo parte do projeto. · O cantor sergipano Sergival, que se prepara para lançar o seu primeiro CD, passará a residir doravante no Rio de Janeiro. É que o alto e esbelto rapaz também é funcionário da Petrobrás e a empresa resolveu transferi-lo para a Cidade Maravilhosa. Nada mal, heim? Pois é! Daqui, os nossos votos de muito sucesso para esse artista que tanto faz pela preservação da cultura sergipana, pois talento e persistência ele tem de sobra! · A cantora Verônica Sabino não lança disco desde 1992 quando pôs no mercado o ótimo CD “Agora” mas, cobrada pelos seus fãs, prepara-se para quebrar esse jejum. É que a afinada intérprete gravará, ano que vem, o seu primeiro DVD, o qual será lançado simultaneamente com um disco ao vivo. · A gravadora Biscoito Fino, de maneira bastante sigilosa, está preparando cuidadosamente um projeto para celebrar, em junho de 2006, os 60 anos da cantora Maria Bethânia, o nome mais importante do seu atual cast. Pelo esmero com que costumam trabalhar (a empresa e a intérprete), já dá para se ter a certeza de que vem coisa muito boa por aí! · Como não alcançou o esperado sucesso com o CD lançado, ano passado, com o grupo PR.5, Paulo Ricardo tenta nova investida no mercado fonográfico, desta vez cantando em inglês. Já está nas lojas, através da gravadora EMI, o álbum “Acoustic Live” no qual o cantor resgata vários hits estrangeiros, dando-lhes tratamento acústico e emprestando-lhes sua voz sensualmente rouca. Os maiores destaques do álbum, que resultou de registro ao vivo de show realizado na House of Palomino, em São Paulo, em setembro passado, ficam com as regravações de “My Love” (de Paul McCartney), “Crazy Little Thing Called Love” (de Freddie Mercury) e “Your Song” de (de Elton John e Bernie Taupin). Indicado para os fãs de carteirinha! · Amadrinhada pela conterrânea Fafá de Belém, mais uma cantora surge no mundo do samba. A paraense Janaína Reis acaba de lançar seu primeiro disco “Choro Novo de Senzala”, produzido por Luiz Carlos T. Reis e que chega ao mercado através da gravadora Indie Records. No repertório estão canções de compositores como Martinho da Vila, Wilson Moreira e Paulo César Pinheiro. Além de Fafá, também comparecem, como convidados especiais, Arlindo Cruz, Sombrinha e Rildo Hora. A garota canta direitinho com a sua voz aguda que se não empolga também não agride, mas o fato é que ainda lhe falta uma segurança maior. O disco soa monocórdio e os destaques ficam por conta de “Sinhá, Sinhá” (de Edson e Odibar) e de “Protetora do Brasil” (de Ary do Cavaco). · O CD “Casa da Bossa” já foi gravado ao vivo, embora somente vá chegar às lojas em março do próximo ano. O projeto da gravadora Universal se concentra em regravações de obras de Tom Jobim e dela participaram artistas díspares tais como Sandy & Júnior (em “Águas de Março”), Negra Li (em “Garota de Ipanema”), Fernanda Porto (em “Modinha”), Paula Lima (em “Só Danço Samba”), Marjorie Estiano (em “Wave”) e Pedro Mariano (em “Só Tinha de Ser com Você”), entre outros. Os arranjos ficaram a cabo do pianista Oscar Castro Neves e a produção coube ao experiente Otávio de Moraes. · Em seu segundo CD, um lançamento da gravadora Trama, o cantor Silvera (responsável pelos belos vocais do mais novo disco de Gal Costa) mostra evolução com relação ao seu trabalho de estréia. Embora ainda insista na inserção de canções descartáveis com letras batidas e melodias frouxas, já se encontram faixas que poderão fazê-lo conquistar um lugar dentre aqueles que tentam um lugar ao sol no novo cenário da música nacional. Exemplos disso são a bacana “Canto” (a melhor do disco), a suingada “E aí?” e a romântica “Ninguém Mais”. · Quando 2006 chegar, Marina Lima estará pondo nas lojas o seu novo e esperado CD. O trabalho traz, em sua maior parte, repertório inédito, mas a cantora fez questão de incluir a regravação da canção “Dura na Queda”, samba de autoria de Chico Buarque que foi originalmente gravado pela fantástica Elza Soares. · Este colunista deseja a todos os leitores um belo ano-novo! Que em 2006 possamos continuar juntos e realizar, com paixão e fé, os nossos melhores desejos! RUBENS LISBOA é compositor e cantor
Quaisquer críticas e/ou sugestões serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br
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