R E S E N H A
Cantor: SEU JORGE
CD: “MÚSICAS PARA CHURRASCO Vol. 1”
Gravadora: UNIVERSAL
Seu Jorge (Foto: Divulgação) |
No país das cantoras, quando um intérprete masculino consegue uma projeção considerável já se torna motivo de comemoração. E essa situação sazonal está a acontecer com Seu Jorge, artista que, de uns tempos para cá, vem colecionando sucessos. Seu nome, num crescendo, é disputado pelas redes de TV e seus shows têm estado, via de regra, lotados. Assim, não é de se estranhar que o seu novo CD, lançado recentemente pela gravadora Universal, tenha chegado às lojas com uma expressiva tiragem inicial de quarenta mil cópias. E em tempos de vacas magras pelo qual passa o mercado fonográfico, essa quantidade comprova que Seu Jorge vive um momento profissional bastante alvissareiro.
Egresso do grupo Farofa Carioca, ele mergulhou na carreira solo em 2001 quando lançou o álbum “Samba Esporte Fino”, o qual, mesmo muito bem recebido pela crítica especializada, naquela oportunidade não chegou a emplacar junto ao grande público. Essa conquista só aconteceu mesmo quatro anos depois, quando ele se uniu, num projeto audacioso, com a cantora Ana Carolina e juntos gravaram o disco “Ana & Jorge”, o qual, de pronto, teve várias faixas executadas no Brasil inteiro. Foi esse trabalho, inclusive, que sedimentou o caminho para a boa aceitação de “América Brasil – O Disco”, lançado em 2007.
Talentoso e dono de uma voz grave bastante característica, Seu Jorge é também um compositor eficiente que gosta de criar ao lado de vários parceiros. Sua ginga inata parece talhada para o tipo de música que escolheu: uma mistura de samba, rock e funk que, geralmente azeitada com um potente naipe de metais, faz a galera se esbaldar nas pistas de dança.
Consciente de que a fama lhe veio agregada (por razões a princípio não facilmente explicáveis) com uma aura cool, mas não satisfeito com isso, Seu Jorge resolveu abraçar atualmente um projeto que apresenta canções associadas a temas facilmente assimiláveis com o nítido objetivo de abrir seu público a uma camada mais popular. Daí foi que lhe veio a ideia de compor músicas que retratem o cotidiano de comunidades cariocas e das personagens comuns que habitam favelas e morros, uma realidade – frise-se – tão bem conhecida pelo artista.
O aludido projeto, que se intitula “Músicas para Churrasco”, está sendo anunciado como uma trilogia e o volume primeiro, produzido pelo próprio Seu Jorge, já se encontra disponível. Composto por dez faixas, nove delas autorais, criadas ao lado de colaboradores como Pretinho da Serrinha, Rogê e Gabriel Moura (a única exceção é a faixa “Japonesa”, de autoria somente do citado Gabriel), o CD desce redondo do começo ao fim, tanto que fica realmente complicado explicitar destaques. A irresistível “A Doida” já toca exaustivamente nas rádios e certamente será uma das músicas mais executadas deste ano. No entanto, fica difícil não se render à contagiante “Vizinha” e à bem-humorada “Amiga da Minha Mulher”, só para ficar em dois exemplos. Diferenciando-se do restante do repertório, “Quem Não Quer Sou Eu” fecha o disco em clima de rhythm and blues. Esta faixa, inclusive, foi a escolhida pela gravadora Som Livre para fazer parte da trilha sonora da recém estreada telenovela global “Fina Estampa”.
Depois de lançar, no ano passado, um ótimo CD no qual se juntou a músicos da Nação Zumbi, distanciando-se de sua praia habitual, Seu Jorge retorna ao universo black trazendo, como principal chamariz, seu balanço contagiante e um suingue natural que – é fato – raramente se vê na nossa música popular.
Que venham os outros dois volumes e que Seu Jorge continue a obter sucesso porque, esse sim, o faz por merecer!
N O V I D A D E S
Joanna (Foto: Divulgação) |
* Se no início de sua carreira, inaugurada no mercado fonográfico em 1979, a cantora carioca Joanna teve o seu canto associado ao de Maria Bethânia e Simone (não pelo timbre da voz, mas pela eloquência interpretativa), não demorou muito para que ela viesse a mostrar sua opção por um caminho musical mais popular. Foi assim que alcançou inúmeros sucessos e, nas décadas de oitenta e noventa, consolidou-se como uma das grandes vendedoras de discos no Brasil. Dona de uma voz límpida e segura, com impostação corretíssima e afinação acima da média, Joanna passou recentemente por sérios problemas de saúde, o que a fez sair de cena por um período razoável. Esse hiato se quebra agora com o lançamento do CD intitulado “Em Nome de Jesus – Joanna Interpreta Padre Zezinho” (sua segunda incursão na seara religiosa, se levado em conta o álbum “Joanna em Oração”, lançado em 2002), o qual chegou às lojas através da gravadora Sony Music. Trata-se de um trabalho temático em que a artista homenageia os setenta anos de vida do famoso sacerdote que também está a completar quarenta e cinco anos de missão. Para tanto, ela selecionou uma dúzia de canções criadas por ele, as quais, juntamente com a inédita “Valeu, Meu Deus” (da própria Joanna em parceria com Álvaro Socci e Léo Guimas), compõem o repertório do recém-lançado álbum. Entre temas menos conhecidos, a exemplo de “Águia Pequena”, “Utopia” e “Alô, Meu Deus”, destacam-se músicas que fazem parte do cotidiano dos católicos, como “Maria da Minha Infância”, “Há um Barco Esquecido na Praia” e “Amar Como Jesus Amou”. Dentre os melhores momentos estão as releituras de “Oração pela Família” e “Um Certo Galileu” que surgem emolduradas por dois belos arranjos. Um CD de fato muito bem produzido que comove pela emoção verdadeira que dele exala!
* A Microservice anuncia que porá no mercado três caixas que vão cobrir o período em que a cantora Elizeth Cardoso fez parte do cast da gravadora Copacabana, ou seja, de 1956 e 1978. Cada uma delas será vendida separadamente e vai contemplar dez CD’s. A primeira delas deverá estar disponível até o final do ano.
* Originalmente lançado em 1976 pela gravadora Odeon, o primeiro CD do cantor e compositor gaúcho Fernando Ribeiro retorna ao catálogo através do selo Discobertas. “Em Mar Aberto” foi produzido por Mariozinho Rocha e Eduardo Souto Neto e é composto por doze faixas, frutos da parceria de Fernando com Arnaldo Sisson. Entre os melhores momentos estão as canções “Ultimamente”, “Não Demora” e “Aqui & Ali”. Em sua curta carreira fonográfica, Fernando (que saiu de cena em 2006) só viria a gravar mais um disco (“O Coro dos Perdidos”, em 1978, título inédito em CD).
* Lançado também pela Odeon, mas em 1973, está retornando às lojas, no formato CD e desta feita por iniciativa da gravadora Joia Moderna, o álbum “Alvoroço”, um dos mais interessantes e obscuros da discografia da excepcional cantora Leny Andrade. Então no auge de sua forma vocal, ela deu um tempo nos temas bossa-novistas e gravou um disco surpreendente que aglutinou, em seu eclético repertório, canções assinadas por João Nogueira & Paulo César Pinheiro (“Partido Rico”), Fagner & Belchior (“Moto 1”, ambos em começo de carreira) e Ivan Lins & Ronaldo Monteiro de Souza (“Não Tem Perdão”). Além destas faixas, destacam-se “Bolero” (de Milton Nascimento, Wagner Tiso, Robertinho Silva, Luís Alves e Tavito), “Visita Permanente” (de Dora Lopes & Jean Pierre) e a faixa-título (de Ivor Lancellotti & João de Aquino). Imperdível!
* Será realizado no dia 12 de outubro na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, um grande espetáculo intitulado “Show da Paz”, o qual celebrará os oitenta anos do Cristo Redentor. O projeto vai ser devidamente registrado, transformando-se em CD e DVD que chegarão ao mercado ainda em 2011 através da gravadora EMI. Algumas canções já foram selecionadas, dentre elas: “Samba do Avião” e “Corcovado” (ambas de Tom Jobim), “Cidade Maravilhosa” (de André Filho), “País Tropical” (de Jorge Ben Jor), “Do Leme ao Pontal” (de Tim Maia), “Aquele Abraço” (de Gilberto Gil) e “Rio Antigo” (de Chico Anysio e Nonato Buzar).
* O irrequieto e talentoso Alceu Valença está prestes a se aventurar como diretor de cinema. Sua incursão inicial na telona dar-se-á com o filme “A Luneta do Tempo” que será exibido no próximo ano. Mas o melhor dessa novidade é que ele também assinará a trilha sonora da película que trará por volta de quarenta temas inéditos que já vêm sendo por ele compostos e terão inspiração nos cantadores e violeiros nordestinos.
* Lançado recentemente com grande receptividade por crítica e público, o CD “A Dama Indigna” de Cida Moreira será disponibilizado também no formato DVD, o qual chegará às lojas ainda este ano através da gravadora Lua Music. O registro foi feito durante apresentação realizada pela artista em agosto passado no Teatro Fecap em São Paulo, a qual contou com a participação especial do cantor Thiago Pethit, nome emergente da cena indie paulista.
* “Com os Olhos Rasos d'Água” é o título do CD em que o grupo Sururu na Rosa mergulhará na obra de Nelson Cavaquinho. Nas lojas até o final do ano, o álbum priorizará, no repertório, as canções mais conhecidas do grande mestre sambista.
* Através da gravadora Warner Music, chegará às lojas agora em setembro o novo e aguardado álbum da cantora Maria Rita. Trata-se de seu quarto trabalho, o primeiro lançado após sua incursão pelo mundo do samba, o que se deu através do álbum “Samba Meu”, lançado em 2007. Intitulado “Elo”, o CD terá como primeira faixa de trabalho a canção “Pra Matar meu Coração”, parceria de Pedro Baby e Daniel Jobim. O repertório será majoritariamente inédito, mas abrirá espaços para algumas regravações, como é o caso de “Santana” (de Junio Barreto e João Carlos Araújo) e “Conceição dos Coqueiros” (de Lula Queiroga, Lulu Oliveira e Bicudo).
* Na próxima quarta-feira, feriado de 7 de setembro, estarão se apresentando, a partir das 20 horas, no Teatro Tobias Barreto, o cantor Oswaldo Montenegro e a cantora Tiê. Oswaldo dispensa apresentações e já realizou diversos shows aqui em Aracaju. Certamente empolgará a plateia relembrando alguns de seus grandes sucessos, como “Bandolins”, “Intuição”, “Lua e Flor”, “O Condor” e “Sempre Não É Todo Dia”. Tiê é cantora que vem tendo seu talento reconhecido de uns poucos anos pra cá quando abraçou carreira solo. Com dois bons discos em sua trajetória musical, merece ser conhecida pois, incontestavelmente talentosa, promete ser um dos nomes de ponta da nossa música popular em pouco tempo. Vale super a pena conferir!
RUBENS LISBOA é compositor e cantor
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