L A N Ç A M E N T O
Banda: A COR DO SOM
CD: “ACÚSTICO”
Gravadora: SONY & BMG
Uma das bandas que mais formou as cabeças da geração dos que hoje se encontram na casa dos quarenta anos, a banda A Cor do Som, depois de nove anos desativada (embora, ao longo desse período, tenha esboçado algumas tentativas de volta), tenta retornar de vez ao mercado fonográfico nacional.
Formada pelos músicos Mu Carvalho (voz, teclados e piano), Armandinho (voz, violão e guitarra baiana), Dadi (voz e violão), Ary Dias (percussão) e Gustavo Schroeter (bateria e percussão), a banda freqüentou (e muito) as paradas de sucesso do início da década de oitenta e dissolveu-se, no auge do reconhecimento, devido principalmente a divergências musicais entre Mu e Armandinho.
O trabalho atual, que sai nos formatos CD e DVD, resulta da gravação ao vivo de show realizado em agosto do ano passado no Canecão (RJ). Os músicos continuam em plena forma, embora fique claro que não mais possuem o vigor e o viço de vinte e cinco anos atrás. As vozes deles, porém, mostram-se debilitadas, o que contribuiu para o resultado irregular do projeto, reforçado pela questionável qualidade do som resultante de uma mixagem que, por vezes, faz embolar instrumentos e estes com as vozes.
Inobstante esses obstáculos, a banda desfia alguns de seus hits (como, por exemplo: “”Semente do Amor”, “Abri a Porta” e “Zanzibar”), ao lado de temas instrumentais já conhecidos (“Saudação a Paz” e “Frutificar”). Há que se destacar a boa qualidade das quatro canções inéditas apresentadas (“Amor Inteiro”, gostoso balanço resultante de mais uma parceria entre Armandinho e Fausto Nilo, “O Dia de Amanhã”, letra bem inspirada de Arnaldo Antunes que recebeu a melodia de Dadi, “Tocar”, contagiante tema de Ary Dias e Carlinhos Brown, realçado pela participação vocal dos Canarinhos de Petrópolis, e “Pela Beira do Mar”, esta a única faixa gravada em estúdio que surge como bônus, uma bem-vinda parceria de Mu com o talentoso e jovem compositor Márcio Tucunduva).
Há as participações também de outros músicos, como é o caso de Jorge Helder (baixo), Marcos Nimricther (teclados e acordeom) e Jorge Gomes (violão), este irmão de Pepeu Gomes. Inevitavelmente, alguns dos melhores momentos ficam por conta dos tarimbados convidados especiais: enquanto Caetano Veloso entoa com sensualidade a bela canção “Menino Deus”, de sua autoria e feita em homenagem ao baixista Dadi, a contagiante Daniela Mercury ajuda a levantar o astral de “Beleza Pura” (também de Caetano).
Tomara que esse recomeço morno possa ser apenas um esboço e que, daqui pra frente, A Cor do Som vá retomando a garra de outrora. É esperar para constatar!
N O V I D A D E S
· Única música presente na novela global escrita especialmente para a trilha, a homônima “Belíssima”, composta por Adriana Calcanhotto e gravada com delicadeza pelo competente Ney Matogrosso, vem despertando os mais diversos elogios. Trata-se realmente de uma daquelas canções atemporais que parecem ter sido sopradas pelos deuses. Mais uma pérola com a qualidade ímpar dessa talentosa gaúcha!
· Dona de uma voz abençoada, a cantora Zizi Possi adentra, em seu último trabalho em CD e DVD (já nas lojas), no universo das canções americanas, depois de, anos atrás, ter gravado dois discos com repertório italiano. Gravado ao vivo em show realizado no Teatro Shopping Frei Caneca (SP), o álbum confirma o talento de uma intérprete segura que revisita, com criatividade irretocável, diversas músicas, emoldurando-as com arranjos personalíssimos. Acompanhada magistralmente por apenas três músicos, Zizi conseguiu realizar um disco delicioso, muito embora o prazer em ouvi-la cantando na nossa língua pátria seja incomensuravelmente maior. Dentre os maiores destaques estão: “Dream a Little Dream of Me”, “Redemption Song”, “You Don’t Know Me” e “Come Together”.
· Caberá mesmo à gravadora Trama pôr no mercado uma nova edição do disco “Tim Maia Racional”. A reedição chegará às lojas ainda neste primeiro semestre.
· A história política do Brasil, no período de 1965 a 1985, é passada a limpo na coletânea intitulada “Contra a Corrente”, composta por dois CD’s, os quais comemoram os quarenta anos do MPB-4, o grupo vocal que marcou toda uma época no nosso cancioneiro nacional. São canções fantásticas que reavivam saudades de um tempo no qual a qualidade musical reinava em nossa terra. Compositores como Milton Nascimento, Gonzaguinha, Ivan Lins, Edu Lobo, Guilherme Arantes, Paulo César Pinheiro, Martinho da Vila, João Bosco, Toquinho e Vinicius de Moraes estão presentes entre as quarenta faixas selecionadas pelo pesquisador musical Rodrigo Faour que, no encarte, explica o momento da gravação de cada uma das músicas, acompanhado por depoimentos dos quatro componentes (Miltinho, Aquiles, Magro e Ruy, este último infelizmente afastado atualmente do grupo e já substituído por Dalmo Castelo). Um dos dois CD’s compila os maiores sucessos da carreira, dentre os quais merecem destaque “Cicatrizes”, “Última Forma”, “Olhar de Cobra”, “A Lua” e “Labirinto”. O outro reúne algumas raridades e não há como deixar de se emocionar relembrando belíssimas canções quase esquecidas, tais como “Onde é Que Você Estava?”, “Boi Voador Não Pode”, “Fogo Sobre Terra”, “Foi-se o Que Era Doce” e “Se Meu Jardim Der Flor”. Há, ainda, as participações especiais de Chico Buarque e dos grupos Quarteto em Cy e Boca Livre. Um álbum excepcional que deveria ser obrigatório na cedeteca de todos os brasileiros!
· O novo CD de Chico Buarque (o primeiro pela gravadora Biscoito Fino) deverá chegar às lojas no primeiro trimestre do ano que ora se inicia, mas desde já é bastante aguardado pelos fãs do compositor. No repertório, além das canções “As Atrizes” e “Outros Sonhos”, já estão confirmadas parcerias de Chico com Ivan Lins, Dori Caymmi, Wilson das Neves, Luiz Cláudio Ramos e Zé Miguel Wisnik. A faixa “Sempre” contará com a participação especial da cultuada Mônica Salmaso.
· Mesmo não tendo obtido o sucesso esperado com o seu mais recente CD intitulado “Signo de Ar”, Jorge Vercilo continua trabalhando e muito. No momento, prepara-se para produzir o disco que marcará a volta à carreira da cantora Leda Barbosa, que vem a ser sua tia, para quem compôs especialmente a canção “Trovões e Vendavais”. Vercilo também providencia os últimos ajustes em CD e DVD ao vivo que, em breve, chegarão ao mercado.
· “Renato Russo – Uma Celebração” é o título do CD e DVD gravados em show ao vivo, em dezembro do ano passado, na Fundição Progresso (RJ), no qual diversos artistas regravaram hits de autoria do vocalista da banda Legião Urbana. Trata-se de projeto que faz parte da série “Multishow ao Vivo”, o qual será lançado em março próximo pela gravadora EMI. Enquanto Vanessa da Matta optou pela famosa “Por Enquanto”, os Titãs preferiram ficar com a menos conhecida “Fábrica 2”, raridade da obra do compositor, já apresentada em shows, mas nunca gravada. Mas tem mais: o Capital Inicial regravou “Tempo Perdido”, Paulo Ricardo deu voz a “Monte Castelo”, Toni Platão revisitou “Faroeste Caboclo”, Isabella Taviani revigorou “Vinte e Nove” e a banda Cidade Negra se apresentou com “Geração Coca-Cola”.
· Outro CD que sairá dentro da série “Multishow ao Vivo” intitular-se-á “Canções de Cássia” e deverá ser lançado em dezembro deste ano contendo releituras de canções que fizeram parte do repertório de Cássia Eller. Diversos nomes da MPB e do pop nacional já aderiram ao vigoroso projeto.
· Será lançado, ainda este primeiro semestre, o espetáculo sinfônico “Um Som Imaginário” que foi apresentado por Wagner Tiso em dezembro passado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. O projeto (que vai ser lançado em CD e DVD) conta com as participações de Gal Costa, Milton Nascimento e Cauby Peixoto.
· A estréia do carioca Ruben Jacobina, músico integrante da Orquestra Imperial, resultou em um CD bem interessante, um lançamento da gravadora Nikita. O álbum “Rubinho e Força Bruta” é composto por quatorze faixas, todas de autoria do rapaz. A tal força bruta é formada por ele próprio (que, além da voz principal, se faz presente no violão e no rhodes), Bartolo (na guitarra), Pedro Sá (no baixo) e Domenico (na bateria). É um som seco e dançante, mas que não se prende a um único tipo de ritmo, embora a predominância seja o rock. Há desde a presença de batidas dance (“Dr. Sabe Tudo”) e quebradas (“Olhares Especiais”) até um insuspeitado bolero (“Meu Gato”). Rubinho não é lá um intérprete de excepcionais recursos vocais, porém sabe cantar bonito. Há nítidas e salutares influências dos Novos Baianos em faixas como “Hora de Cuidar” e “Parque Recreio”. Os melhores momentos do disco ficam, todavia, por conta da bem sacada letra de “Era” e da divertida canção “Simone” que surge com deliciosos ares sessentistas. Um começo promissor!
RUBENS LISBOA é compositor e cantor
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