M U S I Q U A L I D A D E L A N Ç A M E N T O 1 Cantora: DANIELA MERCURY CD: “BALÉ MULATO” Gravadora: EMI Depois de lançar dois discos experimentais que praticamente passaram em brancas nuvens (“Carnaval Eletrônico”, em 2004, e “Clássica”, em 2005), a baiana Daniela Mercury fez chegar ao mercado, no apagar das luzes do ano passado, a sua mais nova empreitada musical. Trata-se do CD intitulado “Balé Mulato”, um dos melhores de sua discografia. Com uma carreira em ascensão no exterior, a cantora tenta reconquistar o território nacional. O posto que antes lhe pertenceu é agora ocupado por uma conterrânea sua, a também elétrica Ivete Sangalo, mais jovem e inegavelmente mais bonita. Daniela, porém, canta mais e seus discos são muito melhores produzidos que os de Ivete. Em seu novo trabalho, Daniela retoma a mistura pop baiana que caracteriza a melhor fase de sua carreira, enveredando por um axé mais tradicional e básico sem, contudo, torná-lo simplista. Continua usando a eletrônica, mas agora não faz dela o elemento predominante e sim um ingrediente a mais em seu caldeirão sonoro. Ao testar timbres e combinar ritmos, construiu um disco dançante e elegante que flui sem maiores percalços ao longo de suas quatorze faixas. Como compositora, Daniela continua irregular, porém acertou ao dosar sua produção autoral. Mesmo soando insossa na etérea canção “Sem Querer” (quase um rhythm and blues), termina convencendo em “Quero Ver o Mundo Sambar” e no frevo “Água do Céu”. Há velhos hits devidamente modernizados, como é o caso de “Meu Pai Oxalá” (sucesso antigo de Toquinho e Vinicius de Moraes) e da conhecidíssima “Aquarela do Brasil” (de Ary Barroso) que virou um samba-de-roda marcado com palmas e incrementado com coro de cantadeiras. Os beats se aceleram em “Levada Brasileira”, uma eletrocapoeira turbinada com a batida pop e a batucada típica do samba carioca. E há também uma deliciosa balada romântica (“Pensar em Você”, de Chico César, já estrategicamente incluída na trilha sonora da novela global “Belíssima”), além de uma música recheada de guitarras quase roqueiras (“Nem Tudo Funciona de Verdade”). A melodiosa canção “Topo do Mundo” foi escolhida como o carro-chefe do CD e já é bastante executada pelas rádios, mas outras que, dentro em breve, deverão cair nas graças do povo são o xote-canção “Toneladas de Amor” e o reggae zen “Amor de Ninguém”. Falando em reggae, o samba-reggae baiano não poderia mesmo ficar de fora. A bem construída faixa-título e “Eu Queria” estão lá para representar o ritmo que catapultou a cantora ao sucesso nacional. Enfim, um disco feito com categoria sob medida para os amantes dos baticuns e similares. L A N Ç A M E N T O 2 Cantora: IVETE SANGALO CD: “AS SUPER NOVAS” Gravadora: UNIVERSAL Uma das maiores vendedoras de disco atualmente em terras tupiniquins, Ivete Sangalo apresenta em seu novo CD intitulado “As Super Novas” um trabalho superior ao seu disco anterior. Mesmo assim, trata-se de um álbum sem grandes pretensões musicais: as letras são quase todas muito tolas e as melodias bastante batidas. Ivete não demonstra o capricho na produção de seus discos como se faz característico, por exemplo, nas produções de sua conterrânea Daniela Mercury. O CD traz doze faixas, dez delas inéditas. Há a regravação de “Soy Loco Por Ti América” (que serviu, no ano passado, como faixa de abertura da conturbada novela global “América”) e de “Chorando Se Foi” (em registro ao vivo), esta uma lambada que fez grande sucesso, no final dos anos oitenta, em gravação do grupo Kaoma. Nas demais, constata-se uma leve vontade de variar um pouco no que diz respeito aos ritmos apresentados, embora o resultado final, para o ouvinte médio, seja praticamente insignificante. A boa faixa que puxa o disco (“Abalou”) já toca maciçamente nas rádios, mas “Poder” (que evoca a levada dos hits das discotecas) também tem grande potencial para se transformar em hit. O samba-reggae se faz representado ora por uma canção com levada mais romântica (“Pra Sempre Ter Você”), ora por outra voltada para a exaltação (“Na Bahia”). Há ainda incursões no ritmo africano do zouk, espécie de primo-irmão do samba (em “Cadê Você?”), e no batidão do funk carioca (em “Zum Zum Ê”, faixa que conta com a participação especial de Carlinhos Brown e com a colaboração do DJ Marlboro no arranjo). Esperta, Ivete não poderia deixar de fora uma canção talhada para os seus fãs mais apaixonados. Assim, a gravação de “Quando a Chuva Passar” vem mesmo a calhar, inobstante o seu caráter deslavadamente brega. A cantora de voz grave mostra fôlego para permanecer no caminho do sucesso (até porque Daniela e Margareth Menezes, suas rivais diretas, tentam agora enveredar por um caminho mais refinado, e a vocalista da banda Babado Novo, Cláudia Leite, é chatinha de doer), mas precisa começar a pensar em renovar e incrementar o seu repertório sob a pena de começar a soar repetitiva. N O V I D A D E S · O compositor Paulo Lobo e o grupo Cata Luzes são as próximas atrações do Projeto Assaim de Música que está se realizando todas as sextas-feiras no Município sergipano de Pirambu. Os dois shows realizar-se-ão no próximo dia 03 de fevereiro, a partir das 20:30 horas. A iniciativa já pegou, está bombando e não dá para ficar de fora! · Terceiro CD resultante da parceria de Tonho Baixinho (que volta a assim assinar artisticamente, depois de um tempo como Tom Robson) com Lauri de Oliveira (antes, eles trabalharam juntos nos discos “Terras do Brasil” e “Parceiro”), o álbum “O Forró Quebrando Tudo”, uma produção totalmente independente, mostra através de suas treze faixas o melhor da música nordestina de raiz. Entre xotes, baiões e galopes, Tonho homenageia o Rei do Baião (em “Gonzagueando”), rende-se aos encantos da mulher do cangaceiro Lampião (em “Maria Bonita”), enaltece o nosso mais belo cartão postal (em “Na Praia de Atalaia”) e canta a terra em que vive (em “Aracaju Tão Brasileiro”). Gravado no Estúdio Play, nesta Capital, o CD conta com as participações especiais de Mestrino de Acordeom (em “O Velho Bio”) e de Marta Liz (em “Compras na Feira”). Tonho, além de cantar bem, é um de nossos compositores mais versáteis. Já mostrou sua criatividade em vários ritmos e desta vez, abraçando o forró, parece se sentir mais em casa do que nunca. Dentre os destaques do disco podem-se citar a contagiante “O Que É Que Mexe Tanto?”, a esperta “Um Carioca no Forró” e a bem construída “Maria Preta”. Quem se interessar em conhecer o mais novo trabalho desse artista ímpar, poderá adquirir o CD na Casa do Artista, localizada no Calçadão da Rua Laranjeiras. · A sergipana Patrícia Polayne, ora radicada no Rio de Janeiro, está passando as férias em Aracaju e revela muitas novidades para a sua carreira. Entre algumas por enquanto ainda não publicáveis, a certeza de que o Brasil logo reconhecerá o seu grande talento faz-se inequívoca. La Polayne tem composto bastante ultimamente e se prepara para, em breve, participar de um espetáculo musical no qual poderá mostrar também o seu lado de atriz. É gente nossa! · A gravadora Universal, aproveitando a comemoração referente aos 60 anos de Maria Bethânia (que ocorrerá no próximo dia 18 de junho), vai pôr no mercado os discos que a cantora gravou quando era contratada da multinacional e que estão há bastante tempo fora de catálogo. Para os fãs de Bethânia, trata-se de um presente e tanto, uma vez que, dentre os grandes nomes da nossa MPB, ela é a única que não teve até agora a sua discografia devidamente remasterizada. Quanto à própria cantora, ela planeja gravar dois discos este ano. O primeiro será um álbum composto basicamente por canções inéditas e chegará ao mercado pela gravadora Biscoito Fino. O outro será um projeto temático sobre a água e será lançado por seu próprio selo, o Quitanda. · Apoiando a Pastoral da Criança, dirigida pela Drª. Zilda Arns, a gravadora Som Livre está lançando o CD “Cantigas de Roda”. Trata-se de uma belíssima iniciativa, não somente pelo caráter filantrópico do projeto, mas também porque são resgatadas para as crianças de hoje várias canções que embalaram a infância dos mais velhos. Para interpretar as músicas foram escaladas várias atrizes que fazem parte do cast da Rede Globo, todas elas mães. Estão presentes: Cássia Kiss, Débora Bloch, Flávia Alessandra, Giulia Gam, Heloísa Perissé, Carolina Dieckmann, Isabel Filardis, Malu Mader, Regina Casé, Giovana Antonelli e Nívea Stelmann. Uma delícia de disco! · Tendo produzido dois álbuns de colegas seus no ano passado (os bons “De Uns Tempos Pra Cá”, de Chico César, e “Segundo”, de Maria Rita), o pernambucano Lenine se prepara, este ano, para fazer a produção de mais dois discos. Um deles é o novo trabalho do compositor português João Pedro Paes. O outro é o esperado CD de inéditas da paraibana Elba Ramalho, projeto acalentado pela cantora há mais de dois anos. É esperar para ouvir! RUBENS LISBOA é compositor e cantor
Quaisquer críticas e/ou sugestões serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br
Comentários