MUSIQUALIDADE

R E S E N H A

Grupo: ORQUESTRA IMPERIAL
CD: “FAZENDO AS PAZES COM O SWING”
Gravadoras: MP,B/UNIVERSAL

Formada por diversos artistas pertencentes a várias gerações, a Orquestra Imperial vem, já há dez anos, se destacando no cenário musical, em especial o carioca, por conta de suas apresentações sempre alegres e concorridas.
É verdade que todos os seus componentes desenvolvem trabalhos paralelos, assim como é fato que nomes dos mais cultuados da atualidade dela fazem parte, a exemplo do baixista e (disputado) produtor Kassin, do baterista Domenico Lancellotti, do guitarrista Pedro Sá, do trombonista Marlon Sette, do percussionista Stephane San Juan e do flautista Felipe Pinaud.
Na realidade, eram vinte e dois os seus componentes, não fosse o falecimento, em maio passado, de Nelson Jacobina (o parceiro mais frequente de Jorge Mautner em sucessos como “Maracatu Atômico”, “Herói das Estrelas” e “Manjar de Reis”) a quem o segundo CD, que chegou recentemente às lojas através de uma parceria entre as gravadoras MP,B e Universal, é dedicado. Aliás, é a foto de Jacobina com uma pintura de palhaço no rosto que estampa a capa de “Fazendo as Pazes com o Swing”, título super adequado do recém-lançado álbum que traz as assinaturas de Berna Ceppas e Kassin na produção.
Grande parte das treze faixas é inédita e estas são compostas em sua maioria pelos próprios artistas que conseguem chegar a um resultado bastante superior ao do primeiro disco (“Carnaval Só Ano que Vem”, de 2007). Outro adjetivo, então, não poderia qualificar esse trabalho senão “delicioso”. Soa ele bem redondinho e muito agradável de se ouvir. É para cima sem precisar se utilizar de clichês pasteurizados. E o fato de serem sete os vocalistas (Nina Becker, Thalma de Freitas, Wilson das Neves, Rubinho Jacobina, Moreno Veloso, Rodrigo Amarante e Duani), os quais se apresentam quase que em esquema de rodízio, traz uma multiplicidade de energia que termina por convergir de maneira muito legal.
Transitando entre o samba e ritmos latinos e recheado de sopros nos arranjos, o álbum tem como destaques do equilibrado repertório as faixas “Tamancas do Cateretê”, “A Saudade é que me Consola”, “Cair na Folia” (de Argemiro Patrocínio e Paulinho Cesar), “Enquanto a Gente Namora” (que conta com a participação de João Donato ao piano) e “Ouvindo Vozes”. E para fechar o disco com chave de ouro surge o azeitado tema instrumental “Mocotó em Tijuana” (de autoria do trompetista Altair Martins).
Um CD para se escutar sentado, em pé, dançando, relaxando, namorando, chupando cana… enfim, curtindo a vida. Corra e ouça!

N O V I D A D E S

* Duas músicas em português, outras duas em inglês e as cinco restantes mesclando esses dois idiomas compõem o repertório do CD “Estrela Decadente”, novo trabalho do bom cantor e ótimo compositor paulistano Thiago Pethit (que já foi ator), o qual se faz recém chegado às lojas de maneira independente, sucedendo ao EP “Em Outro Lugar” (de 2008) e ao álbum “Berlim, Texas” (de 2010) e avançando consideravelmente em relação a estes. Cultuado como uma das revelações atuais do cenário musical brasileiro, o artista convidou Kassin – como já se sabe, o produtor da moda – para conduzir o projeto. Há apenas uma regravação, a de “Surabaya Johnny” (de Beltold Brecht e Kurt Weill em versão de Silvia Vergueiro e Duda Neves, tema de peça cabaré – “Happy End” – lançado em 1929, que conta com a participação especialíssima de Cida Moreira). As demais canções são autorais e quase todas inéditas. Thiago se abre a parcerias em apenas dois momentos: em “Devil In Me” (criada com Helio Flanders) e em “Dandy Darling” (feita ao lado de Rafael Barion), esta um dos destaques do set list, ao lado de “So Long, New Love” (já veiculada em filme publicitário de 2011) e “Perto do Fim” (faixa que traz, nos vocais, a cantora Mallu Magalhães como convidada).

* Gaby Amarantos regravou “Pimenta com Sal”, canção que consta do repertório de seu primeiro CD. Ali, ela se fez acompanhada por Fernanda Takai. Agora, a música conta com a participação de Solange Almeida, vocalista do grupo Aviões do Forró. A ideia é dar mais molho à música, adicionando um tempero de forró para conquistar a face mais popular do mercado musical.

* Como é de notório conhecimento, a cantora e compositora gaúcha Adriana Calcanhotto já há algum tempo vem desenvolvendo um trabalho paralelo à sua carreira, o qual se faz voltado especificamente para o público infantil. E para tal, ela vem adotando desde 2004, quando lançou o volume um desse projeto, o heterônimo de Adriana Partimpim. Cinco anos depois, saiu o segundo volume e pouco antes do último dia das crianças, chegou às lojas o volume "Tlês". Produzido por Daniel Carvalho, o álbum é um lançamento da gravadora Sony Music e se faz composto por onze faixas, sete delas regravações de temas que, em sua maioria, não foram concebidos originalmente para a criançada. Isso não obstante, recolhidos com destreza por Adriana e revestidos por arranjos lúdicos, adequam-se com propriedade ao universo da gurizada. É o caso, por exemplo, de "Lindo Lago do Amor" (um dos derradeiros sucessos do saudoso Gonzaguinha), "Passaredo" (espécie de canção premonitória composta por Francis Hime e Chico Buarque) e "De Onde Vem o Baião" (inspirada e pouco conhecida criação de Gilberto Gil). Entre duas músicas de Dorival Caymmi talhadas para a criançada da mais tenra idade ("Tia Nastácia" e "Acalanto", esta contando com a participação especial de Alice Caymmi), Adriana insere no disco música aparentemente alheia ao seu conceito ("Taj-Mahal", de Jorge Ben Jor) e canção propagada mundialmente por João Gilberto ("O Pato", de Jayme Silva e Neusa Teixeira). No campo das inéditas, os destaques ficam por conta de "Salada Russa" (parceria de Adriana com Paula Toller) e "Também Vocês" (outra de Adriana, agora com João Callado), mas "Criança Crionça" (de Cid Campos e Augusto de Campos) e "Por Que os Peixes Falam Francês?" (de Alberto Continentino e Domenico Lancellotti) também possuem lá o seu charme. Legal!

* A cantora Ana Carolina disponibilizou recentemente no YouTube sua versão para balada “And I Love You So” (do cantor e compositor norte-americano Don McLean). A gravação conta tão somente com a cantora ao violão acompanhada pelo violoncelo de Lui Coimbra.

* “Triz” é o título do CD que reúne os talentos do pianista André Mehmari, do violonista Chico Pinheiro e do cantor e compositor Sérgio Santos. Produzido pelos três artistas, é basicamente um álbum instrumental uma vez que, das treze músicas inéditas que compõem o repertório, apenas duas receberam letras (“Sim” e “Não”). As demais são interessantes temas que, por vezes, recebem os vocalises de Sérgio, cujo timbre se assemelha ao de Milton Nascimento. As canções são assinadas por eles próprios, às vezes sozinhos, às vezes em dupla. O trabalho entrelaça as influências e preferências musicais de cada um, resultando em um painel que recebe colagens populares e eruditas, com passagens pelo jazz e pelo universo afro-brasileiro. Alguns dos melhores momentos são as faixas “Arabesca”, “Riacho Grande”, “Cesta de 3” e “Prana Prana”.

* “Coração Paulista”, o quinto álbum do cantor e compositor Guilherme Arantes, o qual foi lançado originalmente em 1980 com produção de Liminha, retorna ao catálogo, agora em CD, através do selo Discobertas. O repertório traz, entre outros, os temas “Brasília”, “Fantoches” e “Se Você Fizer Um Som”.

* O esperado primeiro CD solo de Rodrigo Amarante ainda não tem data certa para chegar ao mercado, mas o cantor e compositor já delineia o repertório eminentemente autoral quando da realização dos shows que vem fazendo. Dentre os temas que deverão fazer parte do projeto estão “Além de Um Milhão”, ”O Cometa” e “The Ribbon”.

* O quarto CD da cantora carioca Leila Maria (intitulado “Leila Maria Canta Billie – Holiday in Rio”) terá o repertório inteiramente voltado para canções gravadas pela cantora norte-americana de jazz Billie Holiday.

* E os fãs que esperavam o tão aguardado disco de inéditas de Roberto Carlos para este final de ano podem tirar o cavalinho da chuva: é que o Rei está pondo nas lojas por estes dias apenas um CD single contendo quatro faixas. Delas, somente duas são realmente novas: a balada romântica “Esse Cara Sou Eu” e o funk melody “Furdúncio” (parceria com Erasmo Carlos), ambas já em rotação na trilha sonora da telenovela global “Salve Jorge”. Completam o repertório “A Mulher Que Eu Amo”, que fez parte da trilha de “Viver a Vida” e “A Volta”, que integrou a trilha de “América”. Quem pode, pode!

* E por falar na recém estreada “Salve Jorge”, ela já tem sua trilha sonora nacional definida. Além dos fonogramas acima citados na voz de Roberto Carlos, fazem parte, entre outros, “Viva” (com Maria Bethânia), “Ela Tá Beba Doida” (com Gaby Amarantos), “Mais Um na Multidão” (com Erasmo Carlos e Marisa Monte), “Um Amor Puro” (com Caetano Veloso), “Mineirinha Ferveu” (com Paula Fernandes) e “Me Deixas Louca” (com Maria Rita). Muito em breve nas lojas!

RUBENS LISBOA é compositor e cantor
Quaisquer críticas e/ou sugestões serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br

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