MUSIQUALIDADE

R E S E N H A    D E    C D

 

Cantor: LUIZ TATIT

Título: “OUVIDOS UNI-VOS”

Gravadora: DABLIÚ

 

Luiz Tatit é um dos grandes letristas da nossa música popular brasileira atual.

Cantor mediano, ele está pondo nas lojas o seu novo e mais bem sucedido CD, o ótimo “Ouvidos Uni-vos”, um lançamento da gravadora Dabliú.

Tatit é parceiro de nomes como Chico Saraiva e Zé Miguel Wisnik e tem canções suas registradas por cantoras como Ná Ozzetti (que participa lindamente do disco na faixa “Minta”) e Suzana Salles.

Ainda envolvido com o sucesso alcançado pela bela canção “Achei!” (que ficou em segundo lugar no Festival de Música realizado, ano passado, pela TV Cultura e mereceu fantástica interpretação da cantora Ceumar), o artista mostra seu talento em canções de rara inspiração, tais como: “Baião do Tomás”, “Rock de Breque”, “Perdido” e “Brincadeira”.

Já a canção “Dodói”, em parceria com Itamar Assumpção mostra, através de seus versos divertidos, como até em seus momentos finais de vida, este optou pelo bom humor para enfrentar a doença que o levaria para o andar de cima.

Um CD muito legal que merece ser conhecido pelos amantes da boa música!

 

 

N O V I D A D E S

 

·               Na próxima quarta-feira, dia 19, a partir das 20:30 horas, no Teatro Atheneu, estará se realizando a segunda eliminatória do Sescanção – Ano 10. Dentre as dezesseis músicas que serão apresentadas, oito serão selecionadas para fazer parte da finalíssima que já conta com outras sete canções escolhidas na primeira eliminatória que ocorreu no Município de Estância. Vários dos artistas que vão se apresentar já são bastante conhecidos, como é o caso de Patrícia Polayne, Irmão Z, Pedrinho Mendonça, Kleber Melo, Gutierre de La Peña, Jadilson Moreno, Minho San-Liver, Sena e Nino Karva. Mas há espaço para outros que se lançaram praticamente através desse festival realizado anualmente pelo Sesc, como é o caso de Beto Menezes, Luiz Fontineli e Joaquim Antônio, e também para gente nova, a exemplo de Alice Nou, Vinicius Rodrigues, Paulo Silva e João Victor Fernandes.

   

·               E diferentemente do que foi anunciado semana passada nesta Coluna, não será mais a cantora baiana Rebeca Matta a vocalista do show que Os Mutantes irão realizar em breve. Na última hora, entrou no páreo e venceu (com o apoio explícito de Rita Lee, inclusive), a tarimbada Zélia Duncan.

 

·               No início de maio, estará chegando às lojas, através da gravadora Biscoito Fino e com a produção de Vinicius França, o novo e aguardado CD de Chico Buarque. Intitulado “Carioca”, o álbum traz doze canções, a maioria delas inéditas, e conta com as participações especiais de Mônica Salmaso (em “Imagina”, parceria de Chico com Tom Jobim) e de Dominguinhos (em “Outros Sonhos”). Será lançado no formato de CD simples e de dualdisc (neste, poderá se assistir a um documentário sobre a criação e a gravação do disco).

 

·               No final deste mês, Marisa Monte começará sua nova turnê que se iniciará no Teatro Guaíra, em Curitiba. Trinta músicas vão costurar o roteiro do show que será ligeiramente diferente em cada cidade por onde passar. A base será o repertório dos dois novos álbuns, mas já está certo que haverá músicas de todos os trabalhos já lançados pela estrela, inclusive do referente aos Tribalistas. Além dessas, algumas parcerias suas que foram gravadas pela Legião Urbana (“Soul Persival”) pela Cidade Negra (“Onde Você Mora?”), por Frejat (“No Escuro e Vendo”) e pelo F.U.R.T.O. (“Desterro”) também vão estar presentes.

 

·               A potiguar Valéria Oliveira está fazendo sucesso no Japão com o seu álbum intitulado “Imbalança”. Produzido por Kazuo Yoshida, um estrangeiro apaixonado pela música brasileira, o CD aporta agora em terras nacionais através da gravadora Deckdisc. É um trabalho simples, com arranjos enxutos, mas que conta com a participação de músicos do quilate de Marcos Suzano e Carlos Freire. Valéria canta direitinho, embora não se mostre uma intérprete vigorosa. Corajosa na escolha do repertório, optou por canções difíceis como “Avião” (de Djavan), “Holofotes” (de João Bosco), “Jack Soul Brasileiro” (de Lenine) e “Estação Derradeira” (de Chico Buarque). Se fez bonito nestas duas últimas, derrapou legal nas duas primeiras. Há, ainda, duas boas composições da própria Valéria (“Flor da Felicidade” e “Fogo do Inverno”), mas os melhores momentos do disco ficam, de longe, com a bela “Chegança” (de Edu Lobo, que conta com a participação especial do autor nos vocais) e com a deliciosa “Na Galha do Cajueiro” (de Tião Motorista).

 

·               O grupo Dona Zica é composto por nove membros (cinco mulheres e quatro homens) e termina de pôr no mercado, através da gravadora Elo Music, o seu segundo CD intitulado “Filme Brasileiro”. Alguns de seus componentes trazem o DNA musical no sangue (como é o caso de Anelis Assumpção, Gustavo Ruiz e Iara Rennó, filhos – como os próprios sobrenomes já o dizem – de Itamar Assumpção, Alice Ruiz e Carlos Rennó, respectivamente) e isso lhes dá uma responsabilidade e tanto. O fato é que eles mostram talento e perspicácia para o negócio e chegam a esse novo disco após um trabalho de estréia que passou meio batido pelo público em geral, mas que foi recebido com euforia pela crítica especializada. O trabalho demonstra nítida evolução com relação ao anterior, seja com relação às composições, seja com relação ao canto.  São sete faixas (já excetuando a vinheta de apresentação) e apenas uma instrumental (a interessante “Ensaiadinho”). Dentre as letras, boas sacadas são uma constante no repertório que tem como maiores destaques as canções “Vixe Maria” (de Andréia Dias e Iara Rennó) e “Mulher Segundo Meu Pai” (de Itamar Assumpção).

 

·               Baiano de Santo Amaro da Purificação, o compositor Roberto Mendes está lançando mais um CD que chega ao mercado através da gravadora Atração. Trata-se do disco “Tempos Quase Modernos”, gravado ao vivo no Teatro XVIII, em Salvador (BA). Roberto é pesquisador de ritmos característicos do recôncavo baiano e autor de várias músicas gravadas pela conterrânea Maria Bethânia, dentre as quais “A Beira e o Mar”, “Vida Vã”, “Vila do Adeus” e “Massemba”, todas elas presentes neste seu mais recente trabalho. Acompanhado por uma banda da qual fazem parte filho e sobrinho seus, Roberto mostra-se à vontade, cantando músicas compostas ao lado de diversos parceiros com graça e naturalidade. Entre os destaques deste CD estão o samba-de-roda “Dividiu, Dividiu” (parceria com Chico Porto), o ijexá psicodélico “Saudade do Futuro” (composta com Jorge Portugal) e a apocalíptica faixa-título (dividida com Capinam). Mas não dá para esquecer a releitura da obra-prima “O Perdão” (parceria com Jota Velloso), gravada originalmente pela cantora Vânia Abreu, no seu belo disco “Seio da Bahia”.

 

·               E falando em Bethânia, ela já está gravando, no estúdio da gravadora Biscoito Fino, o seu novo CD de inéditas, ainda sem data fixa para ser lançado. A cantora pediu ao compositor gaúcho Totonho Villeroy uma canção inédita para o novo disco. Paralelamente, a irmã de Caetano Veloso também já está selecionando o repertório de um outro álbum que será temático e versará sobre a água.

 

·               A fim de tentar mudar, junto ao mercado fonográfico nacional, a imagem de brega geralmente associada à obra de Odair José, a Allegro Discos, pequeno selo de Goiânia (GO) capitaneado por Sandro Rogério Lima Belo, lançou, no final do ano passado, o CD “Vou Tirar Você Desse Lugar”, acompanhado por uma bem sacada estratégia de marketing. O tributo a Odair traz dezoito regravações de sucessos do artista nas vozes de nomes do pop rock nacional. Alguns são ainda pouco conhecidos do grande público, mas não fazem feio. É o caso, por exemplo, das bandas Sufrágio (em “Cadê Você?”) e Terminal Guadalupe (em “Que Saudade de Você”) e de Arthur de Faria e Seu Conjunto (em “Uma Vida Só”). Mas há também nomes de ponta da nossa MPB, como é o caso de Zeca Baleiro (em “Eu, Você e a Praça”), Pato Fu (“Uma Lágrima”) e Mundo Livre S/A (em “Deixe Essa Vergonha de Lado”). As faixas que compõem o disco foram gravadas em vários estúdios de diversos Estados brasileiros, mas (por incrível que pareça) o resultado sonoro final soa bastante uniforme. Dentre os melhores momentos, destacam-se: “A Noite Mais Linda do Mundo” (com o Jumbo Elektro) e “Esta Noite Você Vai Ter Que Ser Minha” (com Picassos Falsos).

 

·               E aproveitando a onda surgida com o lançamento do CD feito em seu tributo, Odair José prepara-se para lançar, dentro de poucos dias, um novo disco, recheado de gravações inéditas. Tendo como carro-chefe a música “Brad Pitt”, o álbum (intitulado “Só Pode Ser Amor”) trará duas canções de autoria do próprio Odair, porém o repertório é quase todo assinado pelos compositores Rafael Dias e Ivan Medeiros.

 

 

RUBENS LISBOA é compositor e cantor


Quaisquer críticas e/ou sugestões serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br

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