R E S E N H A
Cantor: MARCELO JENECI
CD: “DE GRAÇA”
Selo/Gravadora: SLAP/SOM LIVRE
Nascido sob o signo de Áries, o cantor e compositor paulista Marcelo Jeneci vem conquistando, a cada dia, novos e entusiasmados admiradores. Mesmo antes de lançar, em 2010, o seu primeiro CD (“Feito para Acabar”), o qual foi muito bem recebido pela crítica, ele já possuía um trânsito considerável entre os formadores de opinião do meio musical.
Cantor de agradável tessitura vocal e compositor inspirado que consegue dar um charme especial a suas criações nascidas em terreno pop, ele ainda se mostra um instrumentista acima da média, capitaneando com maestria piano e sanfona.
Apaixonado por Roberto Carlos, Jeneci cresceu embalado pelas rádios populares e trilhas sonoras de telenovelas e isso fica claro no invólucro de várias de suas canções, geralmente de fácil assimilação e com refrões que se fixam de pronto até em um ouvinte menos atento. Já tocou na banda que acompanhava Chico César e, além de parceria com este, possui frutos também com, entre outros, Vanessa da Mata, Luiz Tatit e Zé Miguel Wisnik.
Já vendo suas músicas disputadas por vários nomes da nossa MPB, ele acaba de lançar, através do selo Slap, integrante da gravadora Som Livre, o seu segundo e aguardado álbum. Intitulado “De Graça”, o novo disco se faz composto por treze faixas inéditas e autorais, algumas compostas ao lado de Arnaldo Antunes, Isabel Lenza, Arthur Nestrovski e Raphael Costa. A cantora paulistana Laura Lavieri, onipresente no trabalho de estreia de Jeneci, novamente se mostra atuante na maioria das faixas do novo projeto, chegando, inclusive, a solar duas delas: “Tudo Bem, Tanto Faz” e “Pra Gente se Desprender”. Ela, estudante de psicologia, canto e violoncelo, conheceu Jeneci através do pai, Rodrigo Rodrigues, que integrava o trio Música Ligeira ao lado de Mário Manga e Fábio Tagliaferri, e desde então surgiu e se firmou entre eles uma profunda identificação mútua.
Viabilizado através do programa Natura musical, o CD foi produzido por Kassin e Adriano Cintra, dois nomes de ponta da chamada nova música brasileira. Eles souberam respeitar a sonoridade característica de Jeneci, o que já se escancara na primeira faixa, a otimista “Alento” (a qual conta com cordas orquestradas pelo maestro norte-americano Jherek Bischoff). Aliás, algumas letras se encaixam nesse perfil pra cima, caso ainda de “Temporal” e “O Melhor da Vida”, alguns dos destaques do bem construído repertório, ao lado de “A Vida É Bélica” e “Sorriso Madeira”. Nada, contudo, que supere a deliciosa faixa-título (que flerta com o axé), a bela e etérea “Um de Nós” e a contagiante “Só Eu Sou Eu”. Chique demais, o disco conta com o auxílio luxuoso de Eumir Deodato assinando arranjos de orquestra em cinco das treze faixas do álbum.
Incontestavelmente talentoso, Marcelo Jeneci é nome que merece respeito e cujo trabalho musical cresce a cada dia. Ouçamos, pois, o rapaz com merecida atenção!
N O V I D A D E S
* Embora o título seja “Modinhas”, não é somente delas que se faz composto o repertório do segundo CD da cantora e compositora Érika Martins, já nas lojas através da gravadora Coqueiro Verde Records. São elas, de fato, os melhores momentos (como as regravações de “Modinha”, de Sérgio Bittencourt, e “Casinha Pequenina”, de autor desconhecido, apimentada com pitadas de reggae), mas a artista (egressa da banda Penélope) também incluiu balada e rock no repertório de treze faixas (incluindo as duas versões de “Prelúdio Para Ninar Gente Grande”, pérola de Luiz Vieira, uma em português e outra em espanhol, esta contando, nos vocais, com a participação especial do duo chileno Perrosky). Ainda que sua escola natural tenha sido o rock, Érika não é intérprete de postura visceral. Ciente de suas limitações vocais, sabe se safar delas com inteligência, ancorando suas interpretações na tão em voga estética cool. Produzido pelo guitarrista Felipe Rodarte e trazendo a assinatura de Constança Scofield na direção artística, o álbum traz boa releitura de “Dar-te-ei” (pescada do disco de estreia de Marcelo Jeneci) e apropriado registro da inédita “A Curi” (de Tom Zé e Elifas Andreato), além de apresentar duas músicas autorais (“Memorabília” e “Garota Interrompida”, esta uma parceria com Luís Pereira). Há a participação especial do cantor Otto em outra faixa também intitulada “Modinha” (tema de Heitor Villa-Lobos que recebeu versos do poeta Manuel Bandeira).
* Claudette Soares se encontra atualmente em estúdio gravando um CD que trará no repertório (selecionado por Nana Caymmi) somente músicas de Dorival Caymmi. Trata-se de um tributo pessoal da artista ao centenário de nascimento do compositor baiano que contará com a participação de Danilo Caymmi, o filho mais novo do homenageado, e servirá também para festejar os sessenta anos de carreira fonográfica da cantora.
* Fernanda Takai, a vocalista da banda Pato Fu, lançará em breve mais um CD solo. Intitulado “Na Medida do Impossível”, o álbum contará com a participação especial de Samuel Rosa (o band leader do Skank) e apresentará parcerias inéditas de Takai com Climério Ferreira, Julieta Venegas, Marcelo Bonfá, Marina Lima e Pitty.
* A cantora e compositora paulista Giana Viscardi está lançando “Orum”, seu terceiro CD, um produto independente capitaneado por Alê Siqueira (na produção) e Letieres Leite (na direção musical) em que se propõe um mergulho no universo afro-brasileiro. Dona de timbre bonito e ótima projeção vocal, ela se sai melhor como intérprete do que como autora. No repertório composto por onze faixas, há cinco temas assinados pela mesma (três ao lado de Michi Ruzitchka). Destes, o destaque fica mesmo por conta da solitária “À Espera”. No restante, o álbum encontra seus melhores momentos com as faixas “É Só o que Falta” (de Caê Rolfsen e Fábio Barros, arranjado somente com vozes feitas pela artista) e “Linda” (outra de Caê, agora em parceria com Celso Viáfora). O polivalente Chico César contribui com duas boas parcerias: “19 Luas” (feita com o já citado Michi) e “Calor” (composta com Davi Black). Giana ainda relê a esquecida “Canção do Amor que Chegou” (de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes).
* Há mais de quatro décadas, o compositor Janduhy Finizola recebeu de Luiz Gonzaga a incumbência de criar uma canção para a Missa do Vaqueiro, evento realizado anualmente no Sítio Lages, em Serrita (PE), pleno sertão nordestino. Ele, para agradar ao Rei do Baião, terminou compondo nove temas, os quais fazem parte do belo CD “Rezas de Sol para a Missa do Vaqueiro”, lançado no segundo semestre do ano passado de maneira independente. O projeto conta com as participações especiais do próprio Gonzagão, além de Bia Marinho, Quinteto Violado, Santanna O Cantador, Cezzinha, Maciel Melo, Elba Ramalho, Gennaro, Beto Hortis, Sérgio Reis e Josildo Sá. Completam o repertório do álbum, o qual foi produzido por José Milton e Roberta Jansen, as faixas “Toada de Gado” (de Vavá Machado e Arlindo Marcolino, gravada pelo Coral Aboios) e “A Morte do Vaqueiro” (parceria de Luiz Gonzaga com Nelson Barbalho, interpretada por Fagner).
* Para comemorar os dois anos de vida da ONG Movimento Down, criada para ajudar a desenvolver o potencial de pessoas com Síndrome de Down e facilitar a sua inclusão na sociedade, está sendo disponibilizado o CD intitulado “Toda Cor”, produzido por João Cavalcanti e Henrique Vilhena. O disco conta com a adesão de Tulipa Ruiz (em “Paciência”, de Lenine e Dudu Falcão), Lenine (em “Estrada do Sol”, de Tom Jobim e Dolores Duran), Roberta Sá e o grupo Pedro Luís e A Parede (em “Sonho Colorido de um Pintor”, de Talismã e B. Lobo) e Ney Matogrosso (em “Mulher Barriguda”, de Solano Trindade e João Ricardo), além dos grupos Casuarina (em “Sorriso de Criança”, de Ivone Lara e Délcio Carvalho) e Pato Fu (em “Mamãe Natureza”, de Rita Lee).
* Depois de dedicar um álbum inteiro à obra de Adriana Calcanhotto, o cantor e compositor gaúcho Márcio Celli lançou recentemente seu terceiro CD. Trata-se de “Da Minha Janela”, um produto independente muito bem produzido pelo violonista Jefferson Marx e que se faz composto por uma dúzia de canções inéditas e autorais, algumas criadas com parceiros como Bebeto Alves, Monica Tomasi, Sonekka, Zé Caradípia e Patrícia Mello. Márcio possui uma voz bastante peculiar, revestida por um timbre bonito e límpido, o que o credencia como um nome a ser observado com carinho. Intérprete correto, ele alcança os melhores momentos do repertório quando mergulha no terreno do samba (um samba bem comportado, é verdade!), a exemplo de “Nem Tô”, “Samba Assim” e “Samba de Novo”. Outros destaques ficam por conta da faixa-título e de “Quieto”. Vale a pena conferir!
* A cantora e compositora carioca Nina Becker lançará este ano o registro de estúdio do show “Minha Dolores” no qual dá voz a músicas do repertório de Dolores Duran. Certamente, virá coisa muito boa por aí!
* Após lançar um CD dividido com João Callado (“Primeira Nota”, de 2012), o cantor e compositor carioca Fernando Temporão está lançando, de maneira independente, o seu primeiro disco solo. Intitulado “De Dentro da Gaveta da Alma da Gente”, o álbum foi produzido a quatro mãos por Kassin e Alberto Continentino e se faz composto por onze canções autorais e inéditas. Acompanhado por instrumentistas da hora que conferem ao seu trabalho uma sonoridade atual revestida de leveza, Temporão, um cantor agradável, faz de “Bambolê”, “Dois Pra Lá” e “Corda Bamba” os destaques do repertório apresentado. O maestro Arthur Verocai rege cordas em algumas faixas.
* Produzido por Rodrigo Campello, chegará em breve às lojas o primeiro CD da cantora e compositora carioca Maria Luiza, uma jovem de apenas dezessete anos. O repertório alia inéditas autorais a algumas regravações. Rogério Flausino, o vocalista da banda Jota Quest, é o convidado da faixa “Pequena”. Quem viver, ouvirá!
RUBENS LISBOA é compositor e cantor.
Apresenta o quadro "Musiqualidade" dentro do programa "Canta Brasil”, veiculado pela Aperipê FM todas as sextas-feiras, às 10 horas.
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