R E S E N H A D E C D 1 Cantor: FÁBIO SOUZA Título: “AMOR PRA SEMPRE” Gravadora: DECKDISC O baiano Fábio Souza, vencedor da última edição do programa “Fama”, levado ao ar no ano passado pela Rede Globo, foi o último dos três primeiros classificados a ter o seu CD lançado. A gaúcha Shirle de Moraes e a carioca Evelyn, segunda e terceira colocadas, já estão com os seus respectivos primeiros discos nas prateleiras das melhores lojas há algum tempo. Faz-se clara a estratégia de marketing adotada pelas gravadoras dos três artistas, baseada inclusive na preferência musical de cada um, já denotada enquanto participavam do programinha global. Enquanto Shirle abraça a MPB de qualidade, Evelyn mostra-se mais à vontade pondo sua voz a serviço da black music. Fábio de Souza, por sua vez, ratifica que pretende investir com força no terreno das baladas românticas. O recém-lançado CD do rapaz realça isso de maneira incontestável já no título, “Amor Pra Sempre”. Dono de uma voz privilegiada, com boa extensão e timbre bastante bonito, o álbum de estréia do cantor, que chega ao mercado através da Deckdisc, foi produzido pelo experiente Líber Gadelha e conta, na ficha técnica, com a presença de músicos de ponta como Eduardo Souto Neto, Jurim Moreira, Torquato Mariano, Jorge Helder e Lincoln Olivetti. Embora o resultado final termine soando satisfatório, a verdade é que o repertório alterna bons achados com momentos descartáveis. Quando se utiliza do romantismo com inteligência (como em “Eu Preciso de Você”, a primeira música de trabalho, regravação de um grande sucesso de Márcio Greyck, ou em “Que Dure Para Sempre”, de Peninha), Fábio consegue deslanchar o seu talento inato, desperdiçando-o, por outro lado, em faixas melosas como “Perfume” (de Umberto Tavares e Júlio Borges) e “É Loucura” (de Zé Henrique). Há momentos de inspiradas regravações (“Cruzando Raios”, de Orlando Moraes e Toni Costa, “Tão Bem”, de Lulu Santos, e “Só Nos Resta Viver”, de Ângela Ro Ro), porém os maiores destaques ficam mesmo por conta da delicada “Onde Deus Possa Me Ouvir” (de Vander Lee) e da dançante “Me Transformo em Luar” (de Jorge Vercilo). R E S E N H A D E C D 2 Cantora: MARICENNE COSTA CD: “MOVIMENTO CIRCULAR” Gravadora: TRATORE O vozeirão da paulista Maricenne Costa deixa boquiabertos os ouvintes quando se informa que a cantora está com 68 anos. Mais estupefatos ainda ficam eles quando ouvem o novo CD da artista que acaba de chegar às lojas, distribuído pela Tratore. Trata-se de um trabalho moderno e elegante, no qual as programações eletrônicas convivem salutarmente com a forma bela e empostada de Maricenne cantar. Tendo estreado na carreira artística em 1958 quando venceu o concurso “A Voz de Ouro”, durante os primeiros tempos Maricenne cantou um repertório voltado para a bossa nova. Morou nos Estados Unidos, ganhou festivais de música e atuou como atriz na montagem de algumas peças teatrais, dentre elas o clássico “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto. Na música, participou de projetos ecléticos, como o disco “Correntes Alternadas”, lançado em 1992, no qual incluía, entre outras, canções do grupo punk Inocentes e de Tom Zé. “Movimento Circular”, o recém-lançado álbum, mostra uma artista em constante evolução e antenada com o tempo presente. Produzido pelos excelentes Fernando Nunes e Tuco Marcondes, músicos que costumam acompanhar Zeca Baleiro, o disco traz boas canções inéditas de Fernanda Porto (“Blecaute”), Rosa Passos (“Demasiado Blue”), Moisés Santana (“Íntima”) e Johnny Alf (“Quem Te Ama Sou Eu”). Para quem não sabe, Maricenne foi a primeira cantora a gravar uma música do então desconhecido Chico Buarque de Hollanda, antes mesmo de Nara Leão descobri-lo. A canção “Marcha Para um Dia de Sol”, também presente no novo CD, denota um compositor iniciante, mas que, em 1964, já se mostrava preocupado com as questões sociais. Entre participações especiais de Germano Mathias (sensacional em “Samba da Periferia”, de Elzo Augusto) e de Regina Machado (convincente em “Metáfora”, de Gilberto Gil), os melhores momentos deste super bem-vindo CD ficam com as faixas “Compromisso” (outra da Moisés Santana), “Rede” (de Beatriz Azevedo) e “Anjo Lúcido” (de Celso Fonseca e Waly Salomão). Muito legal! N O V I D A D E S · Com 20 anos de estrada, a irrequieta e talentosa Amorosa prepara agora a concretização do projeto que, para ela, é o grande marco de sua carreira, o CD “Um Canto a Sergipe”. O álbum é uma homenagem às principais cidades do interior do Estado: “É preciso resgatar a auto-estima do nosso povo. Fiz uma pesquisa histórica sobre cada cidade. É um trabalho emocionante. Nossos índios, mártires, rios e personagens estão retratados no disco.” – revela, esfuziante, a cantora. · Em mais uma apresentação bastante aguardada, o terceto Café Pequeno, formado pelos excelentes músicos Guga Montalvão (violão), Júlio Vasconcelos (gaita) e Pedrinho Mendonça (percussão), far-se-á presente na próxima terça-feira, dia 02 de maio, a partir das 21:00 horas, na Livraria Poyesis, o novo point cultural de Aracaju. Imperdível! · E na quarta-feira, dia 03 de maio, às 20:30 horas, será a vez de o cantor e compositor Minho San-Liver pisar no palco do Teatro Atheneu para realizar a apresentação na qual irá comemorar os seus dez anos de carreira. Com o título de “Um Cara Chamado”, o show vai se concentrar nas músicas mais conhecidas do maior nome da música pop sergipana, mas do repertório também constarão algumas canções inéditas. A gente se encontra por lá! · Já no próximo sábado, dia 06 de maio, a partir das 20:30 horas, no mesmo Teatro Atheneu, será realizada a finalíssima do Festival de Música Sescanção – Ano 10. As quinze canções classificadas farão parte de um CD e uma delas será escolhida para representar Sergipe na Feira da Música de Maringá, no Paraná. Por ordem de apresentação, são elas: 01. “Terra Mãe”, de Luiz Fontineli; 02. “Ela Sambou no Mundo”, de Thiago Nuts; 03. “Mesmo que Distante”, de Allan Vilanova; 04. “Maria Estrela”, de Patrícia Polayne; 05. “Tormenta”, de Ivan Reis e Miguel Viana; 06. “Refluxo”, de Kleber Melo; 07. “Samba dos Enamorados”, de João Victor Fernandes, interpretada por João Alberto de Melo; 08. “Pós-Moderno”, de Nino Karva; 09. “Verdade”, de Gutierre de La Peña e Naná Escalabre; 10. “S.O.S. Velho Chico”, de Edielson Santana, interpretada por Édson Brasil; 11. “Leme”, de Édson João, Robério Bonfim e Adriano Menezes; 12. “Vou Namorar com Você”, de Joseã Silva, interpretada por Kelly Melo; 13. “Êta Saudade”, de Sena; 14. “Pareia Boa”, de Pedrinho Mendonça; e 15. “Cine Amor”, de Marcell Veloso. Embora em eventos desse tipo, especialmente em Sergipe, tenha se tornado muito difícil vencerem os melhores, tomara que dessa vez isso venha a acontecer! · O paraibano Chico César aproveitou os shows realizados na semana passada em São Paulo, mais precisamente no Auditório do Ibirapuera, para realizar registro digital que vai se transformar em DVD. A base do repertório são as canções que compõem o mais recente trabalho do artista, o CD “De Uns Tempos Pra Cá”. Participaram do projeto o Quinteto da Paraíba e a conterrânea Elba Ramalho. · Joyce e Zé Ranato compuseram pela primeira vez juntos: a canção “Desarmonia” faz parte do repertório do show que os dois estão apresentando no Rio de Janeiro e que possivelmente se transformará em CD e DVD ao vivo. · Falando em nova parceria, no CD que deverá chegar ao mercado ainda neste primeiro semestre, Ivan Lins mostrará o seu primeiro trabalho com Lenine. Juntos, os artistas compuseram o xote “Se Acontecer”. O disco trará repertório essencialmente inédito. · E falando no elogiado compositor pernambucano, o próximo trabalho de Lenine será gravado ao vivo em junho próximo e fará parte da série Acústico MTV. Sairá nos formatos CD e DVD. · O selo Quitanda, de propriedade de Maria Bethânia, já escolheu o seu próximo lançamento: será um disco de sambas que trará à frente a cantora e atriz Zezé Motta. · Marina Lima já tem totalmente pronto o seu novo disco que deverá chegar ao mercado muito em breve. Intitulado “Lá nos Primórdios”, o CD tem repertório majoritariamente inédito, mas a cantora regravou o samba “Dura na Queda” (que Chico Buarque fez para Elza Soares) e uma versão de “Beautiful Red Dress” (canção de Laurie Anderson, que virou “Vestidinho Vermelho”). Duas músicas de sua própria autoria, anteriormente já registradas por ela em discos lançados nos anos 80, também foram recriadas: trata-se da confessional “Difícil” e da belíssima “$ Cara”. RUBENS LISBOA é compositor e cantor
Quaisquer críticas e/ou sugestões serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br
Comentários