R E S E N H A 1
Banda: SKANK
CD: “VELOCIA”
Gravadora: SONY MUSIC
Com cordas e metais gravados no estúdio Abbey Road, em Londres, chegou recentemente às lojas, através da gravadora Sony Music, “Velocia”, o novo CD da banda mineira Skank.
Produzido a quatro mãos por Dudu Marote e Renato Cipriano, o álbum se faz composto por onze faixas inéditas, as quais foram compostas pelo vocalista Samuel Rosa ao lado de parceiros. Com Nando Reis, Samuel compôs seis das canções apresentadas e, em três delas, Nando comparece em participação especial. Destas, os destaques ficam por conta de “Alexia” (que abre o CD exaltando a figura de uma mulher como craque de futebol, qual seja, a atacante do time feminino do Barcelona), “Multidão” (um retrato direto da atual situação de revolta pela qual passam os brasileiros em geral, trazendo inseridos os versos de “Somos Todos”, de BNegão, proclamados por ele próprio) e “Esquecimento” (esta uma balada que aborda com êxito a seara amorosa e tem toda pinta de se transformar rapidamente em sucesso). As outras são: “Ela me Deixou”, “Périplo” e “Galápagos”.
Já com o costumeiro colaborador Chico Amaral, Samuel compôs o pulsante rock “A Noite” e com a cantora e compositora paulista Lia Paris criou a mediana “Aniversário” (a coautora surge como convidada da faixa). Por sua vez, o rapper paulista Emicida comparece como parceiro em dois momentos: “Rio Beautiful” e “Tudo Isso”. O repertório se completa com “Do Mesmo Jeito”, composta ao lado de Lucas Silveira.
Samuel, além de confirmar ser um compositor inspirado, continua cantando muito bem. Dono de voz de timbre bastante agradável e extensão considerável, ele se destaca entre os band leaders nacionais.
Mantendo a sonoridade característica (uma mistura pop de reggae, baladas e rock), o recém-lançado CD – é fato – não figura entre os melhores títulos da discografia do Skank, mas se torna indiscutível que possui algumas balas muito fortes na agulha…
R E S E N H A 2
Cantor: LEO TOMASSINI
CD: “ARPOADOR”
Gravadora: INDEPENDENTE
Foram necessários dez anos para que o cantor e compositor carioca Leo Tomassini (ex-integrante do grupo de samba Família Roitman) lançasse “Arpoador”, o sucessor de “Amor e Cordas”, o seu CD de estreia.
Nesse seu novo trabalho que, composto por treze canções inéditas e autorais (algumas criadas ao lado dos parceiros Rubinho Jacobina, Marcos Alves e Mauro Aguiar), foi produzido por Dany Roland e chegou ao mercado de maneira independente, ele se credencia como um artista inventivo, muito embora sua obra autoral sofra fortes influências de nomes como Caetano Veloso, Chet Baker e João Gilberto (e isso não é demérito algum), conforme, inclusive, se faz ressaltado por Jorge Mautner no entusiasmado texto de apresentação constante da contracapa do álbum.
Caetano, aliás, se faz literalmente presente, dividindo os vocais de “Elizabeth”, bossa que tem como música incidental a sua “Coisa Linda”. Outro convidado especial é Guinga, que comparece também ao violão em outra bossa, “Queira, Não Queira”.
Tomassini não possui voz de grande extensão, mas, dono de agradável timbre, cumpre com destreza o seu papel de intérprete, conferindo às faixas o que cada uma lhe pede. Eclético, apresenta dois temas em inglês (“American Love Song Way” e “Dance With Me”), mas é quando mergulha no eterno e tradicional samba que ele faz com que surjam os melhores momentos do disco: para se comprovar isso, basta que se ouçam “É Garoa”, “Tomara que Caia Blusa”, “Samba Naif” e “Garbosa” (esta com várias citações caymmianas). Já o tema ‘amor e suas implicações’ se faz bem representado através das canções “Estreia” e “Arde”.
A ficha técnica explicita uma das últimas participações do saudoso Nelson Jacobina (violão e guitarra), além da presença de nomes dos mais importantes do nosso cenário musical, caso de Cristóvão Bastos e Leandro Braga (piano), Pedro Sá (violão e guitarra), Domenico Lancellotti (bateria) e Zero (percussão).
Um CD que merece ser conhecido!
N O V I D A D E S
* O começo dos anos oitenta do século passado foi vital para o surgimento do chamado rock nacional. Naqueles tempos, bandas pipocavam de norte a sul do Brasil e uma delas, proveniente de Brasília, logo se transformou em uma das mais cultuadas, trilhando até hoje um caminho de reconhecimento. Trata-se dos Paralamas do Sucesso, trio formado por Herbert Vianna (guitarra e voz), João Barone (bateria) e Bi Ribeiro (baixo). O primeiro hit, "Vital e sua Moto", resultou na gravação do disco inaugural, "Cinema Mudo", que chegou às lojas em 1983, obtendo razoável êxito comercial. Foi, no entanto, com o lançamento, no ano seguinte, de "O Passo do Lui", o segundo trabalho, que a consagração se consubstanciou de vez. Constam desse trabalho alguns dos maiores sucessos da banda como "Óculos", "Meu Erro" e "Romance Ideal". Estas e mais outras vinte músicas fazem parte do set list do CD “Os Paralamas do Sucesso – 30 Anos”, projeto viabilizado através de uma parceria entre o canal Multishow e a gravadora EMI que acaba de aportar no mercado. Também disponível no formato DVD (que traz faixas adicionais), na verdade é um resumo das três décadas de uma trajetória vitoriosa que, embora com alguns incidentes pessoais (como o que sofreu Herbert ao cair de ultraleve, fato que terminou vitimando sua esposa e o deixando paraplégico), suplantou os percalços dos anos. Canções que já se entranharam no inconsciente coletivo nacional estão lá, com destaque para “Alagados”, “Ska”, “Quase um Segundo”, “Meu Erro”, “Lanterna dos Afogados”, “Melô do Marinheiro” e “O Beco” (algumas delas, inclusive, foram gravadas por nomes de ponta da nossa MPB, como Cazuza, Zizi Possi, Cássia Eller e Ney Matogrosso). Revisionista, trata-se de um título para fãs e também para aqueles que começam a descobrir o universo da banda.
* A coreógrafa Cassilene Abranches convidou Marcelo Jeneci para compor a trilha do balé a ser encenado pela São Paulo Cia. de Dança neste segundo semestre de 2014. Um novo desafio que, decerto, o talentoso artista tirará de letra!
* Cida Moreira é cantora que, desde que surgiu no mercado fonográfico, se destacou pelo talento, musicalidade e pela forma visceral com que interpreta as canções. Também pianista, seu canto com pés fincados no operístico possui elegância e alcance ímpares e isso ficou claro desde o seu primeiro disco, “Summertime”, o qual chegou às lojas no já distante ano de 1981, agora reeditado, e que foi resultado do registro ao vivo de apresentação realizada um ano antes, no Teatro Lira Paulistana, com roteiro e direção assinados por José Possi Neto. Em ambiente que remetia a um cabaré, cenário que se tornou uma constante em sua carreira, Cida desfiou quatorze temas, onze deles em idioma inglês. Destes, destacam-se personalíssimas versões para “She's Leaving Home” (de John Lennon e Paul McCartney), “Mercedez Benz” (de Janis Joplin, Michael McClure e Bob Neuwirth), “Good Morning Heartache” (de Dan Fischer, Ervin Drake e Irene Higginbothan) e “My Man” (de Maurice Yvain e Channing Pollock). Completaram o repertório contundentes temas nacionais criados por Chico Buarque (“Geni e o Zepelim”), Jards Macalé (“Vapor Barato”, parceria com Wally Salomão) e Ângela Ro Ro (“Gota de Sangue”). Super apropriado!
* Diogo Nogueira aposta todas as fichas em seu próximo CD que chegará às lojas no comecinho de setembro através da gravadora Universal Music. Trata-se de “Bossa Negra”, um ousado (e bem-vindo) projeto desenvolvido em duo com o bandolinista Hamilton de Holanda. A conferir!
* O cantor e compositor Tavinho Moura é mineiro de Juiz de Fora e foi participando de festivais de música em seu Estado natal que terminou por conhecer outros compositores conterrâneos, como Lô Borges, Beto Guedes, Toninho Horta e Milton Nascimento. Especialista na pesquisa e aclimatação do folclore, ele possui no currículo conhecidos temas como "Cálix Bento" (adaptação da Folia de Reis) e "Peixinhos do Mar" (adaptação de uma canção de marujada). Já teve criações suas gravadas, entre outros, por Almir Sater, Simone e Zizi Possi, além dos grupos Boca Livre e 14 Bis. Seu primeiro disco saiu em 1978 e, de lá para cá, lançou alguns outros trabalhos que desaguaram no recém-lançado CD “Minhas Canções Inacabadas”, o qual aportou no mercado através da gravadora Dubas Music. Composto por treze faixas, o álbum segue o caminho abraçado pelo artista que se mostra um cantor seguro com voz de timbre bonito e bem definido. Há a inclusão de dois belos temas instrumentais (o autoral “Porto das Flores” e “Ária nº 3”, de Villa-Lobos) e de parcerias com Ronaldo Bastos (a faixa-título), Fernando Brant (“Peixe Vivo”) e Márcio Borges (“Como Vai Minha Aldeia” e “Corte Palavra”). Tavinho também pôs melodia em poema de Carlos Drummond de Andrade (“Confissões do Itabirano”) e resgatou canção pouco conhecida de Noel Rosa (“Vai Pra Casa Depressa”, parceria com Francisco Mattoso).
* O ator, cantor e compositor Daniel Del Sarto está lançando o seu segundo CD. Intitulado “Mãos e Palavras”, o álbum apresenta canções inéditas autorais do artista, algumas feitas com parceiros, além da regravação de sucesso de Marina Lima (“Acontecimentos”, feita por ela ao lado de seu irmão, o poeta Antonio Cícero).
* Agora que se transformou no queridinho da hora, depois de ter arrebentado nos três primeiros capítulos da telenovela global “Império” na pele do protagonista José Alfredo, o capixaba Chay Suede está podendo também divulgar com mais ênfase o seu lado musical. Cantor revelado no programa “Ídolos”, da Rede Record, quando alcançou a terceira colocação, ele, que já foi um dos protagonistas da novelinha teen “Rebelde”, atualmente trabalha nas canções que farão parte de um EP que chegará o mais breve possível ao mercado. Enquanto isso, pode ser ouvido em seu CD de estreia, lançado no ano passado através da gravadora Universal, o qual contém dez faixas, oito delas compostas solitariamente pelo próprio artista e duas em parceria com seu pai. Intérprete promissor, Chay alia, no repertório, algumas canções descartáveis a outras que realmente apresentam lampejos de criatividade pop. Entre estas estão “Papel”, “Verso Acelerado”, “Brega” e “Vez do Avesso”. É, o cara também tem talento nessa seara…
* Antes de avionar para o Rio de Janeiro, a nossa Patrícia Polayne fará uma apresentação nesta quinta-feira (dia 28), a partir das 20 horas, no Café da Gente, anexo ao Museu da Gente Sergipana. “Simplesmente” trará, no repertório, algumas de suas canções mais conhecidas, além de temas que ela já vem testando para possível inclusão em seu segundo CD. Imperdível!
RUBENS LISBOA é compositor e cantor.
Apresenta o quadro "Musiqualidade" dentro do programa "Canta Brasil”, veiculado pela Aperipê FM todas as segundas-feiras, às 10 horas.
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