R E S E N H A 1
Cantora: CRIS DELANNO
Título: “CRIS DELANNO”
Gravadora: DECKDISC
Cris Delanno dedica-se à música desde os cinco anos, quando passou a integrar o Coral Infantil do Teatro Municipal. Daí em diante, seguiu aprimorando o seu canto, conseguindo proezas como a de ser a única branca a integrar um coral tipicamente negro de música gospel, já tendo também feito parte de coral sinfônico. Lançou CD’s em que homenageava a obra de Tom Jobim (“Cris em Tom Maior”) e a de seu parceiro Newton Mendonça (“Caminhos Cruzados”). Interpretou a cantora Nara Leão no projeto “Nara – Uma Senhora Opinião” e é autora do CD-book “Mais que Nunca é Preciso Cantar”, sobre técnica vocal para o canto popular.
Isto tudo é posto para que se tenha a exata noção de que, inobstante infelizmente ainda seja ela desconhecida do grande público, não se está a falar de uma artista iniciante, mas de uma cantora pronta, em pleno exercício de sua arte.
Dona de uma voz afinada, com um belo timbre e extensão considerável, Cris conta ainda com uma técnica precisa, o que lhe confere facilidade para transitar por vários estilos e gêneros.
No recém-lançado CD, que chega ao mercado através da gravadora Deckdisc e leva a assinatura de Alex Moreira na produção, ela se mostra em sintonia com sua época, condensando a Bossa Nova com elementos da música eletrônica, o que a fez se aproximar, há anos, do elogiado Bossacucanova. É de autoria dos rapazes que compõem o grupo em parceria com Adriana Calcanhotto uma das melhores faixas desse novo álbum, a bem-humorada “Previsão”.
Entre música inédita (“Bem Longe”, de Marcos Valle e Gabriel O Pensador) e homenagens explícitas ao samba (“Receita de Samba”, de Joyce, e “O Brasil Precisa Balançar”, de Roberto Menescal e Paulo César Pinheiro), Cris constrói um disco agradável que apenas perde um pouco um pique nas canções cantadas em idioma inglês. Em compensação, ela mostra mesmo a que veio com as arrebatadoras interpretações de “Consolação” (de Baden Powell e Vinicius de Moraes), de “Canoeiro” (de Dorival Caymmi) e de “O Ronco da Cuíca” (de João Bosco e Aldir Blanc). Vale a pena conferir!
R E S E N H A 2
Cantores: VÁRIOS
CD: “CASA DA BOSSA”
Gravadora: UNIVERSAL
Muitas homenagens já foram prestadas a Antônio Carlos Jobim desde que ele partiu para o andar de cima. Vídeos e discos foram lançados em forma de tributo àquele que conseguiu unir o popular ao erudito e se transformou em um dos compositores mais cultuados da música brasileira em todo o mundo.
Considerado um dos criadores da Bossa Nova, o Maestro Soberano realmente compôs diversas canções que já se enraizaram no inconsciente coletivo, verdadeiras pérolas de beleza melódica, seja sozinho, seja ao lado dos diversos parceiros que acumulou pela carreira afora, como Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Dolores Duran, Newton Mendonça e Aloysio de Oliveira, dentre outros.
Mais um CD acaba de chegar às lojas trazendo dezessete canções de Tom, interpretadas por vários artistas, a maioria deles atualmente pertencente ao cast da gravadora Universal. O disco resultou de registro ao vivo de uma apresentação especial realizada em outubro do ano passado no Município de Canelas, no Rio Grande do Sul.
O fato é que poucas vezes um projeto desse tipo (que reúne intérpretes tão díspares) alcançou um resultado final tão satisfatório. Acompanhados por uma banda-base formada somente por feras (Oscar Castro Neves ao violão, Leandro Braga no piano, Marcelo Mariano no baixo, Carlos Bala na bateria e Teco Cardoso na flauta e sax), as cantoras e os cantores escalados puderam passear pelo repertório de Tom sem maiores sobressaltos.
Decerto alguns poucos soam deslocados do universo jobiniano, como é o caso da dupla Sandy & Júnior em “Águas de Março”. O arranjo copiado da insuperável gravação da música feita por Tom e Elis Regina e a voz eternamente adolescente de Sandy em nada contribuíram para um registro no mínimo interessante. Marjorie Estiano é outra que, embora afinada, soa insegura em “Wave”. Em compensação, há registros saborosos: Paula Lima (em “Só Danço Samba”), Pedro Mariano (em “Só Tinha de Ser com Você”) e Isabella Taviani (em “Caminhos Cruzados”) são exemplos disso. Completam o time Jorge Vercilo, Roberta Sá, Leny Andrade, Fernanda Porto, Orlando Morais, Luciana Mello, Luíza Possi, Negra Li, Thedy, Wilson Simoninha e os grupos MPB-4 e Os Cariocas.
N O V I D A D E S
· A trilha sonora da novela “Sinhá Moça” já chegou às lojas e conta com várias faixas compostas especialmente para a trama, além da óbvia faixa-título, interpretada por Leonardo. Dentre elas, as melhores são “Ser Um Só” (com Chico César), “Quando a Gente Ama” (com Oswaldo Montenegro) e “Você e Eu” (com Fernanda Porto). Pelo lado das canções já bastante conhecidas, os destaques ficam com “Minha Namorada” (com Maria Bethânia), “Custe o Que Custar” (com Fágner) e “Camará” (com Walter Queiroz).
· Lançado no final do ano passado, mas efetivamente somente agora chegando ao mercado através da pequena gravadora Dabliú, o primeiro CD de Jackie Hecker intitulado “Isso e Aquilo” surpreende. A moça canta muito bem e a produção assinada por Alain Pierre acerta a mão ao optar por arranjos econômicos que valorizam a interpretação da cantora. A bela faixa-título, de Guilherme Rondon e Iso Fisher e anteriormente já gravada por Nana Caymmi, é um dos pontos altos do álbum, ao lado de “Estrela da Manhã”, de Paulinho Tapajós e Cláudio Nucci. Mas as duas parceiras de Hamilton Vaz Pereira e Zé Renato (as faixas “Dizem” e “Benefício”) destacam-se pela originalidade e contundência. Um bom começo!
· A cantora e compositora cearense Kátia Freitas, bastante conhecida em seu Estado, esteve se apresentando, semana passada, na Alemanha. A moça possui dois CD’s lançados e é dona de um talento indiscutível. Kátia vem recebendo muitos elogios e a canção “Antes”, de autoria de Zeca Baleiro e Fausto Nilo, já vem sendo bem executada nas rádios do sudeste do País. A cantora foi também uma das finalistas, no ano passado, do Prêmio Visa e participou de uma das caravanas do Projeto Pixinguinha.
· Já está nas lojas o segundo CD da cantora Luka, projetada nacionalmente com o megasucesso “Tô Nem Aí”. O novo trabalho se intitula “Sem Resposta” e traz onze composições, sete delas assinadas pela própria artista.
· O primeiro disco solo do sambista Guilherme de Brito, originalmente lançado em 1980, será reeditado em julho através da série “Memória Eldorado”. Outro compositor terá seu único disco solo resgatado por esse projeto: é o paulista Paulo Vanzolini. O vinil do autor de “Volta por Cima” e “Ronda” saiu em 1981.
· A videografia de Zeca Baleiro chega ao quarto DVD com o lançamento, ainda este mês, do registro do show do segundo álbum do artista maranhense, o excelente “Vô Imbolá”. Além da releitura de “Disritmia”, sucesso de Martinho da Vila, o roteiro incluiu músicas como “Lenha”, “Boi de Haxixe” e “Bandeira”. A canção “Bienal” contou com a afetuosa participação de Zé Ramalho.
· Não é só Chico Buarque quem fará participação especial no novo CD de Zezé Di Camargo & Luciano (na faixa “Minha História”). A baiana arretada Ivete Sangalo também já confirmou a sua presença no álbum que chegará ao mercado no segundo semestre.
· Por sua vez, o ex-sertanejo Leonardo vai contar com a participação de Zeca Pagodinho em seu próximo trabalho. A inusitada parceria será concretizada na faixa “Latinha na Mão” e fará parte do CD que marcará a estréia do cantor goiano na gravadora Universal.
RUBENS LISBOA é compositor e cantor
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