R E S E N H A

Cantor: LULU SANTOS
CD: “LUIZ MAURÍCIO!”
Gravadora: SONY MUSIC

Para quem não sabe, o nome de batismo do cantor e compositor Lulu Santos é Luiz Maurício. E foi esse o título que o artista escolheu para o seu novo CD que chegou recentemente às lojas através da gravadora Sony Music, e também para a música que abre o álbum, remixada pelo DJ Memê, uma espécie de cartão autobiográfico de sua pessoa, a qual surge também, mais à frente, em versão mais tradicional.
Lulu viu seu nome ser alçado ao topo das paradas de sucesso na década de oitenta do século passado quando passou a desenvolver carreira solo e se transformou em hitmaker, encarnando, ao lado de Marina Lima, os dois maiores representantes do pop rock nacional. Engatando um sucesso após o outro (caso de “Como uma Onda”, “O Último Romântico”, “Tempos Modernos”, “Tudo Azul”, “Adivinha o Que”, “Casa” e “A Cura”), ele passou, ao longo dos anos, a ser requisitado por algumas das maiores intérpretes do nosso cancioneiro, de Gal Costa a Zizi Possi, de Marisa Monte a Ivete Sangalo.
Dono de bom material vocal, com bonita voz grave e uma forma toda própria de cantar, ele vem lançando discos com regularidade, embora de uns tempos para cá esteja mais em evidência como um dos quatro participantes fixos do programa global “The Voice Brasil” do que propriamente pela receptividade para com suas novas canções.
O novo álbum se faz composto por dez delas, inéditas e autorais. Em apenas três momentos ele se abre a parcerias: em “SDV” (feita com Dadi, em que reitera que a solidão persiste mesmo em meio a tantas possibilidades ofertadas pelas modernas redes sociais), em “Michê” (composta com Alexandre Vaz, Mr. Catra e Jorge Ailton, faixa que conta com as participações especiais dos dois últimos) e na instrumental “Drones” (criada com Lincoln Olivetti).
De sonoridade dançante bem trabalhada e com arranjos recheados de programações, o CD desce redondo (ainda que seja fato que Lulu já lançou trabalhos mais inspirados). Nele, o artista mostra suas várias fontes de inspiração, armazenadas durante a vitoriosa trajetória. E se o ouvinte se depara com ecos da Jovem Guarda na construção melódica de “Torpedo”, encontra a característica guitarra com ares havaianos em “Efe-se”, conhecendo o Lulu emocionado com as mazelas que acometem os semelhantes menos afortunados.
Entre os melhores momentos estão a ibertária “Sócio do Amor” (que também aparece em duas versões, uma delas remixada pelo DJ Sany Pitbull e Batutinha), a roqueira “Fogo Amigo” e o outro tema instrumental, o interessante “Blueseado”.
Mostrando-se com vontade de acertar, Lulu Santos segue fazendo a música que acredita. Seu novo CD é, no geral, um espelho do momento em que vive: mais aberto para a vida e suas possiblildades. Basta ouvi-lo com um pouco mais de atenção para constatar isso!

N O V I D A D E S

* Com bons serviços prestados ao pop nacional, a banda mineira Pato Fu acaba de lançar, através de uma parceria entre o selo Rotomusic e a gravadora Sony Music, mais um título que irá se juntar à sua já considerável discografia. Trata-se de “Não Pare Pra Pensar”, álbum produzido pelo líder e guitarrista John Ulhoa, hoje também um disputado produtor musical, o qual assina a autoria de dez das onze faixas, a maioria inédita (a exceção é a regravação de “Mesmo Que Seja Eu”, de Roberto e Erasmo Carlos, tema que já ganhou, anteriormente, versões mais interessantes feitas por Marina Lima e Ney Matogrosso). Ulhoa também se coloca como voz solo em dois momentos: os rocks “Ninguém Mexe com o Diabo” e “You Have To Outgrow Rock’n Roll”. As demais faixas são interpretadas pela vocalista titular, a cantora Fernanda Takai, que já há algum tempo vem se dividindo em carreira solo. Com sua vez pequena e educada, ela divide os vocais com o esquecido Ritchie em “Pra Qualquer Bicho”. Primeiro trabalho feito com o baterista Glauco Mendes que substituiu Xande Tamietti (a banda se completa com Lulu Camargo nos teclados e Ricardo Koctus no baixo), o CD de pegada eletrônica se revela mediano na medida em que alia músicas menos inspiradas (como “Crédito ou Débito” e “Eu Era Feliz”) com outras razoavelmente interessantes (a exemplo de “Cego para as Cores”, “Um Dia do seu Sol” e “Eu Ando Tendo Sorte”).

* O pesquisador musical Marcelo Fróes estará lançando em breve, através de seu selo Discobertas, uma caixa intitulada “Raul Seixas 70” que embalará quatro títulos gravados pelo artista baiano e que foram orginalmente lançados pela gravadora Warner. São eles: “O Dia em que a Terra Parou” (de 1977), “Mata Virgem” (de 1978), “Por Quem os Sinos Dobram” (de 1979) e “A Panela do Diabo” (de 1989).

* O cantor e compositor Mauricio Pereira está lançado um novo CD. Trata-se de “Pra Onde que Eu Tava Indo”, produzido independentemente por ele próprio ao lado de Tonho Penhasco e Eduardo Marson e que contempla uma dúzia de faixas, oito delas autorais, metade criada solitariamente. Há regravações bastante interessantes de “Notícia” (de Nelson Cavaquinho, Alcides Caminha e Nourival Bahia) e “Ciao Amore Ciao” (de Luigi Tenco), abrindo e fechando o disco, respectivamente. Maurício também empresta sua voz de timbre único a temas criados por Lincoln Antonio (“Medrosa”, feita com Stela do Patrocínio) e Jorge Mautner (“Aeroplanos”, composta com Rodolfo Grani Jr.). Entre as canções de sua lavra autoral, os destaques ficam por conta de “Três Homens, Três Celulares”, “Nós Três Mais Maria Eunice” e “Fugitivos”, além da ótima faixa-título.

* Chitãozinho & Xororó gravaram um CD somente com canções de Tom Jobim, o qual está sendo lançado neste final de ano. Intitulado “Tom do Sertão”, o álbum apresenta releituras de temas marcantes, tais como “Eu Sei que Vou te Amar”, “Águas de Março”, “Chega de Saudade” e “Correnteza”.

* “Verde Amarelo Negro Anil”, editado pela gravadora Rob Digital, é o terceiro e ótimo CD da cantora e compositora Nilze Carvalho. Sambista e também uma exímia instrumentista (ela toca com maestria cavaquinho e bandolim), ela está cantando cada vez melhor, o que pode ser constatado já na primeira faixa do álbum, a deliciosa “Samba no Quintal” (de Everaldo Cruz e Toninho Nascimento, lançada originalmente por Beth Carvalho em “No Pagode”, de 1979), um dos destaques do repertório de quatorze faixas (três delas autorais, compostas pela artista com os parceiros Marceu Vieira, Zeca Leal e Cristino Ricardo) ao lado de “Peço a Deus” (de Dedé da Portela e Dida), “Retrato da Bahia” (de Riachão) e “Vai Dizer a Ela” (de Nelson Sargento). Produzido pela própria Nilze ao lado do baixista Zé Luiz Maia, o disco conta com a participação de grandes músicos da atualidade, a exemplo de PC Castilho (flauta), Itamar Assiere (teclados), Diego Zangado (bateria) e Hudson Santos (violão). Nilze prioriza temas de compositores ligados ao mundo do samba, tais como Leci Brandão (“Antes que Eu Volte a Ser Nada”), Nei Lopes (“Fumo de Rolo”) e Wilson Moreira (“Peso na Balança”) e resgata com propriedade dois temas imortalizados por Gal Costa: “Roda Baiana” (de Ivan Lins e Vitor Martins) e “Teco Teco” (de Pereira Costa e Milton Vilela). Monarco surge como convidado especial desse projeto muito legal que merece ser conhecido.

* A cantora e compositora carioca Jana Linhares está estreando no mercado fonográfico com o CD intitulado “Tecnologiamor”. Entre releituras de “Luz Del Fuego” (de Rita Lee), “Nasci para Bailar” (de João Donato e Paulo André) e “Barato Total” (de Gilberto Gil, esta contando com a participação especial de Lenine), temas inéditos e autorais dominam o repertório que traz ainda o encontro musical entre Dona Ivone Lara e a banda britânica de música eletrônica Goldfrapp na faixa “Felicidade Segundo… Eu” (de Dona Ivone em parceria com Nei Lopes).

* Conhecido como o Menestrel dos Blocos por sua facilidade em criar belos frevos, o compositor pernambucano Getúlio Cavalcanti vê outras facetas de sua arte descortinadas no CD “Conversa”, lançado de forma independente por sua filha, a cantora e também jornalista Alessandra Cavalcanti. O álbum chega ao mercado em tempo de comemorar os cinquenta anos de carreira de Getúlio e apresenta para o grande publico uma intérprete realmente especial. Pensem numa voz bonita e estarão diante de Alessandra! Produzido e arranjado por Zé Manoel, Albérico Jr. e Juliano Holanda, o disco de treze faixas encontra os seus melhores momentos, além da canção-título, com “É Tarde”, “Sabe Nego”, “Meu Saberé” e “Senhor do Samba”.

* O show “Elza Soares Canta e Chora Lupicínio Rodrigues”, idealizado para comemorar o centenário do compositor gaúcho, foi devidamente registrado em apresentações realizadas semana passada, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre (RS), e vai se transformar em CD e DVD ao vivo, os quais aportarão no mercado em 2015. Certamente virá coisa muito boa por aí!

* Viabilizado através de uma plataforma de financiamento coletivo, “Fiandeira”, o segundo CD da cantora e compositora carioca Gabi Buarque, está saindo do forno e chega ao mercado de maneira independente. Dona de voz doce, de belo timbre, afinada e muito bem colocada, a artista assina todas as dez faixas que compõem o álbum (três delas solitariamente), o qual leva a sua própria digital na produção dividida com o violonista Luis Barcelos. De sonoridade leve a arejada, o novo trabalho de Gabi conta com as participações especiais de Socorro Lira, Marcos Sacramento e Jaques Morelenbaum em “O Gosto do Sonho”, “Finta” e “Rosa dos Ventos”, respectivamente. Os maiores destaques, no entanto, ficam por conta de “Lea”, “Palavra Som” e “Gafieiríssima” (esta uma parceria com Vidal Brasil). Vale a pena correr atrás!

* E o nosso blog, companheiro semanal de todas as segundas-feiras, deseja a todos os seus fiéis leitores um Feliz e Santo Natal! Que o Menino Deus, nosso Irmão Maior, possa continuar nos iluminando diariamente com suas bênçãos, ajudando esta planetinha a encontrar seu real eixo com paz, amor e fraternidade!

RUBENS LISBOA é compositor e cantor.
Apresenta o quadro "Musiqualidade" dentro do programa "Canta Brasil”, veiculado pela Aperipê FM todas as segundas-feiras, às 10 horas.
Quaisquer críticas e/ou sugestões a este blog serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br