Musiqualidade

M U S I Q U A L I D A D E

Artista: LEILA PINHEIRO

Show: POR ONDE EU FOR

Local e Data: TEATRO ATHENEU, dia 10/09/15, às 21 horas

Uma das maiores intérpretes da história do cancioneiro nacional, a paraense Leila Pinheiro não se acomoda com os louros colhidos durante sua vitoriosa trajetória e se lança na estrada com o show “Por Onde Eu For”, também o título da bela canção de Adriana Calcanhotto que abre o seu mais recente projeto, um EP composto por quatro faixas (as outras são: “Você em Mim”, de Guilherme Arantes, “Todas as Coisas Valem”, parceria da própria Leila com Zélia Duncan, que surge em participação especial, e “Chega Pra Mim”, de Marina Lima e Marcio Tinoco), certamente o cartão de visitas de um próximo CD que não tardará a chegar. E esta semana, mais precisamente na próxima quinta-feira (dia 10 de setembro), ela estará se apresentando com esse espetáculo no palco do Teatro Atheneu, a partir das 21 horas.
Com apenas dez anos Leila começou a estudar piano, instrumento que, hoje, domina com maestria. Aos vinte anos, abandonou no segundo ano o curso de medicina para estrear, ainda em Belém, o primeiro espetáculo. No ano seguinte, visando a uma maior visibilidade, mudou-se para o Rio de Janeiro. O reconhecimento nacional veio quatro anos mais tarde quando, ao participar do Festival dos Festivais realizado pela Rede Globo, alcançou o honroso terceiro lugar com o samba “Verde” (de Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto).
Dali em diante, Leila passou a gravar discos com frequência nos quais sempre ratificou sua inteligência na escolha do repertório. Ela jamais se rendeu a modismos e conduziu sua carreira de forma coerente e corajosa, baseada numa inatacável qualidade musical.
Após um primeiro álbum independente que contava com a participação (e o aval) de feras do porte de Tom Jobim, Francis Hime e João Donato, Leila foi contratada por uma grande gravadora na qual permaneceu por alguns anos, gravando, por exemplo, os ótimos álbuns “Olho Nu” (em 1986), “Alma” (em 1988) e “Outras Caras” (em 1991). Neles, emprestou sua iluminada voz para canções de Caetano Veloso, Cazuza, Sueli Costa, Milton Nascimento e Jards Macalé, entre outros. Seguiu-se o antológico disco em que a artista reverenciou a Bossa Nova (“Bênção, Bossa Nova”, em 1989), que obteve tamanho êxito que teve que ser bisado (“Isso é Bossa Nova”, em 1994). Especialmente neste período, sua presença tornou-se uma contante nos programas televisivos por conta do êxito da iniciativa, sedimentada com os projetos “Coisas do Brasil” (em 1993) e “Mais Coisas do Brasil” (em 2001).
Mas a urgência criativa de Leila fervilhava-lhe os miolos tanto que, em 1996, ela pôs no mercado o audicioso disco “Catavento e Girassol” em que mergulhou de cabeça no repertório de canções resultantes da parceria entre Guinga e Aldir Blanc. Não foram esses os únicos compositores homenageados por ela que, anos mais tarde, dedicou também trabalhos voltados para a obra de Gonzaguinha e Ivan Lins (“Reencontro”, em 2000), Eduardo Gudin (“Pra Iluminar”, em 2009) e Renato Russo (“Meu Segredo Mais Sincero”, em 2010). Outros pontos altos na discografia da artista são os belíssimos CDs “Na Ponta da Língua” (em 1998) e “Nos Horizontes do Mundo” (em 2005). Este, inclusive, ganhou um vigoroso registro ao vivo que chegou ao mercado dois anos depois.
Mas além de primorosa cantora (dona de técnica irrepreensível, sabendo, como poucas, aliá-la a intepretações receheadas da mais pura emoção, tanto que, por tão bem aliar esses dois quesitos, foi comparada, no começo da carreira, a Elis Regina), Leila é uma virtusa instrumentista e, assim sendo, sempre procurou se cercar de músicos de primeiríssima qualidade. Com dois deles, Roberto Menescal e Nelson Faria, ela dividiu os CDs “Agarradinhos” e “Céu e Mar” (em 2007 e 2013, respectivamente). E um oportuno retorno a temas tradicionais desua amada terra natal ocorreu com o álbum “Raiz” (em 2011), mostrando porque Leila se mantém há tanto tempo no topo do nosso panteão estelar: sabe reconhecer o talento do novo, mas sem se esquecer das bases e tradições nas quais se sedimenta a cultura musical brasileira.
Esse resumo faz-se necessário para situar o leitor sobre a real importância de Leila Pinheiro no mercado fonográfico nacional e se chegar ao seu novo show que, marcando os trinta e cinco anos de estrada, estrou em junho próximo passado em São Paulo, já passou por Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Teresina e chega esta semana aqui em Aracaju, seguindo direto para Maceió e Recife.
Recital no qual a cantora se faz acompanhada por seu teclado e pelo de David Feldman, o espetáculo traz logicamente as quatro músicas do recém-lançado EP, além da inédita “Não” (de Tim Bernardes), porém conta, no seleto roteiro, com conhecidas canções que marcaram o caminho da artista, já gravadas ou não por ela. Estão presentes, entre outros temas, “Eu te Amo Tanto” (de Roberto e Erasmo Carlos), “Cada Tempo em seu Lugar” (de Gilberto Gil), “Meu Mundo Ficaria Completo (Com Você)” (de Nando Reis), “Serra do
Luar” (de Walter Franco) e “Besame” (de Flávio Venturini com Murilo Antunes).
Trata-se, portanto, de um show imperdível que mostra Leila Pinheiro em plena forma, exalando talento e cratividade por todos os poros.
Só se você for muito mané é que vai perder essa, viu?…
E não custa repetir: quinta-feira, dia 10 de setembro, a partir das 21 horas, no Teatro Atheneu.
A gente se encontra por lá, então!

RUBENS LISBOA é compositor e cantor.
Apresenta o programa "Musiqualidade", veiculado pela 104,9 Aperipê FM, todos os sábados das 13 às 15 horas.
Quaisquer críticas e/ou sugestões a este blog serão bem-vindas e poderão ser enviadas para o e-mail: rubens@infonet.com.br

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