R E S E N H A 1 Cantores: CEUMAR e DANTE OZZETTI CD: “ACHOU!” Gravadora: MCD O maior destaque do Festival de música realizado pela TV Cultura, no ano passado, foi a canção “Achou!”, uma feliz parceria de Dante Ozzetti e Luiz Tatit, brilhantemente defendida pela cantora Ceumar. A música conseguiu contagiar a platéia desde a primeira apresentação e alcançou, na final, o segundo lugar. Foi ela o ponto de partida para a concretização do CD que ora chega ao mercado unindo a intérprete mineira e o compositor paulista, em um lançamento da gravadora MCD que vem coroar esse grande encontro. O disco contra com doze faixas e oito delas foram concebidas especialmente para o projeto. A idéia de captar o som da banda como se os arranjos estivessem sendo executados ao vivo funcionou muito bem, dando uma dinâmica própria ao repertório. Dante, além de bom compositor, é exímio violonista e inspirado arranjador. Esperto, soube se cercar de parceiros competentes. Além de Tatit, outras letras são assinadas por gente de peso como Zeca Baleiro, Chico César, Zélia Duncan, Alzira Espíndola e Kléber Albuquerque. Ceumar é cantora afinada, de timbre claro, límpido e sincero. Em seus dois trabalhos anteriores (“Dindinha” e “Sempre Viva!”) mostrou aguçada capacidade de escolher um repertório inteligente e coeso. A melhor canção ainda é a que dá título ao CD. É daquelas músicas que mereciam estar sendo cantaroladas em todas as esquinas. Todavia, o álbum traz outros momentos memoráveis. Neste patamar, encontram-se as canções “Pra Lá”, “Partidão”, “Saia Azul” (deliciosa!), “Praga” e “Lenha na Quentura” (contagiante!). “Achou!” é um trabalho que exala novidades e comprova o talento dos dois artistas. Um grande CD que deveria se transformar em um dos mais ouvidos do ano não fosse este um país ensurdecido por tantos modismos oportunistas empurrados pela mídia viciada e corruptora. R E S E N H A 2 Cantora: IZABEL PADOVANI CD: “DESASSOSSEGO” Gravadora: ELDORADO Já na primeira audição do CD “Desassossego”, recém chegado ao mercado através da Gravadora Eldorado, tem-se a certeza de que não se trata Izabel Padovani de uma cantora comum. A forma de projetar a voz, a certeira respiração e a educada emissão vocal confirmam que se trata de alguém que foi moldada, durante anos, em aulas de canto. Isso de maneira alguma lhe diminui o mérito. Pelo contrário, denota que o estudo é a melhor forma para fazer brilhar um timbre que soa quase peculiar. Izabel é paulista da cidade de Campinas e desenvolveu, ao menos até agora, sua carreira voltada para o exterior, onde se apresentou em diversos festivais e casas de espetáculos da Europa. Embora este seja o seu primeiro trabalho lançado no Brasil, ela já possui outros três álbuns em seu currículo (dois gravados em parceria com o pianista Marcelo Onofri e um ao lado do baixista Ronaldo Saggiorato). O recém-lançado CD faz parte do pacote de prêmios que Izabel fez jus por ter conseguido o primeiro lugar na oitava edição do disputado Prêmio Visa de Música Brasileira – edição intérprete – realizada no ano passado. O repertório do disco é todo ele um primor. Uma nova e bela leitura da obra-prima “Circuladô de Fulô” (de Caetano Veloso e Haroldo de Campos) abre o álbum que segue fazendo de “Onde a Dor Não Tem Razão”, mais um inspirado samba do mestre Paulinho da Viola, desta feita em parceria com Elton Medeiros, um de seus melhores momentos. “Pés no Chão” (de Mário Laginha e Maria João) mostra a capacidade rítmica de Izabel, enquanto que “A Permuta dos Santos”, de Edu Lobo e Chico Buarque, ganha a sua versão definitiva. Outra canção da mesma dupla segue pelo mesmo caminho: é o contagiante “Frevo Diabo”. Izabel ainda resgata a esquecida pérola “Um Samba na Suíssa” (de Janet de Almeida e Haroldo Barbosa). Quanto aos suntuosos arranjos, eles são um deleite à parte. Poucas vezes na música popular brasileira o trabalho solo de uma intérprete deu tanto destaque à virtuose dos músicos que a acompanham. E o que poderia soar desarticulado ou até cansativo se transforma em um dos méritos do disco. Há a bem-vinda participação especial do cantor Renato Braz na faixa “Dueto” (de Chico Buarque), ele também ganhador do mesmo prêmio acima citado três anos antes. Trata-se, enfim, de um CD que se consolida como um dos grandes lançamentos da temporada. Izabel Padovani alia a sua particular elegância vocal à inquietude de alguns poucos artistas que ainda se permitem fazer surpreender. Essencial! N O V I D A D E S · Sábado e domingo próximos, a partir das 20:30 horas, no Teatro Tobias Barreto estará se realizando mais uma edição do Projeto MPB Petrobrás. Desta vez, a música instrumental monopoliza as atenções com o encontro do guitarrista Armandinho com o violonista Yamandu Costa. A atração local de abertura ficará a cargo do sempre competente Tom Robson. · Em Belo Horizonte, o sergipano Pantera finaliza a gravação de seu primeiro CD que leva a assinatura do músico mineiro Toninho Horta na produção. É esperar para conhecer um trabalho há tanto tempo aguardado… · Após cinco anos sem lançar um trabalho solo, acaba de chegar às lojas o novo CD de Dominguinhos intitulado “Conterrâneos”. Dentre muitas inéditas e algumas regravações, o álbum traz como um dos destaques a bela canção “Carece de Explicação”, gravada originalmente pela cantora Fafá de Belém no finalzinho da década de setenta. · Depois de infrutíferas tentativas visando a lançar o seu novo CD (intitulado “Tecnomacumba”) através de alguma gravadora, a maranhense Rita Ribeiro resolveu bancá-lo de maneira independente. Assim, quem for fã da cantora e se interessar em adquirir esse novo trabalho já pode acessar o site da cantora e fazer a sua reserva. · Estará chegando às lojas até o final deste mês o novo e aguardado CD da compositora e cantora Ângela Roro. Depois de um hiato de seis anos, a artista lançará, através da gravadora Indie Records, um trabalho recheado de canções inéditas e que se intitulará “Compasso”. · Também chegará ao mercado ainda este mês o primeiro DVD do excelente compositor e cantor Vander Lee, o qual foi gravado em junho passado, durante show realizado em Belo Horizonte (MG). O lançamento (que sai também em formato de CD) se intitula “Pensei que Fosse o Céu” e conta com a participação especial de Zeca Baleiro na canção “Passional”. · A trilha sonora do filme “Zuzu Angel” chega às lojas trazendo uma nova versão de Chico Buarque para a canção “Angélica” (parceria dele com Miltinho), além de duas faixas cantadas por Roberta Sá (“Tico-Tico no Fubá” e “Dê Um Rolê”) e uma releitura para “Minha Teimosia, Uma Arma para te Conquistar” (de Jorge Ben Jor) que ficou a cargo de Pedro Luís e a Parede. · O saxofonista Léo Gandelman mergulha no universo do maestro Radamés Gnattali e acaba de lançar, através da gravadora Biscoito Fino, o CD “Radamés e o Sax” que contém, dentre outros, temas como “Assim É Melhor” e “Remexendo”. Zélia Duncan é a convidada especial da faixa “Saudade de Alguém”, inédito samba-canção letrado por Paulo César Pinheiro. · Zeca Pagodinho acabou de gravar o seu novo CD em show que reviveu a sonoridade dos sambas de gafieira, gênero em evidência nas décadas de cinqüenta e sessenta. Algumas canções levantaram a platéia presente, como, por exemplo, “Se Você Visse” (de Dino Sete Cordas e Del Loro) que deverá ser trabalhada como o carro-chefe do álbum. · Lançado originalmente em 1984, o segundo trabalho da cantora Teca Calazans (intitulado “Mina do Mar”) chega ao mercado em versão CD. Nele, a artista conta com a participação especial de Alceu Valença na faixa “Com Pedras de Sal”. A novidade é que a reedição traz duas faixas-bônus que foram gravadas por Teca para o projeto “A Música do Cangaço”. São elas: “Cavalos do Cão” e “Mulher Nova, Bonita e Carinhosa Faz o Homem Gemer sem Sentir Dor”, ambas de autoria de Zé Ramalho. RUBENS LISBOA é compositor e cantor
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