R E S E N H A 1 Cantor: JORGE VERCILO CD: “AO VIVO” Gravadora: EMI Jorge Vercilo atualmente é um dos maiores vendedores de disco do Brasil. Começou sua carreira lançando trabalhos de forma independente e desde o começo se viu sendo chamado de cópia de Djavan. Catapultado à fama pelo sucesso alcançado com a canção “Final Feliz”, que contou inclusive com a participação especial do próprio Djavan como que abalizando o trabalho de Vercilo, tornou-se uma das prioridades da gravadora EMI por onde lançou os seus últimos discos. A multinacional também é responsável por fazer chegar ao mercado o mais novo álbum de Vercilo, um disco ao vivo (o primeiro de sua carreira) que foi gravado em show realizado no Canecão (Rio de Janeiro) no mês de abril próximo passado. Vercilo é artista versátil e embora não seja apreciado pelas cabeças mais exigentes, vem tentando diversificar a sua obra ao abrir, nos últimos tempos, o seu leque de parceiros (Ana Carolina e Marcos Valle estão entre eles). De fato, várias das canções de sua autoria bebem na fonte inaugurada por Djavan. Também é fato incontestável que o timbre de Vercilo lembra muito o do artista alagoano, embora isso seja bem mais constatável no início de sua carreira. O trabalho recém-lançado tem obviamente o objetivo de alcançar os primeiros lugares nas listas dos discos mais vendidos, o que não será difícil de acontecer com a proximidade das festas de final de ano. É por isso que lá estão os grandes hits do artista: “Encontro das Águas”, “Leve”, “Fênix”, “Avesso”, “Homem-Aranha”, “Monalisa” e “Que Nem Maré”. A primeira faixa de trabalho, no entanto (que já é bem executada pelas rádios) é a boa inédita “Vela de Acender, Vela de Navegar”. Para os fãs, trata-se de um prato cheio, mas a receita pop-romântica já começa a dar sinais de cansaço. Cabe ao artista, daqui para frente, reinventar-se para manter o espaço alcançado. R E S E N H A 2 Cantor: VANDER LEE CD: “PENSEI QUE FOSSE O CÉU” Gravadora: INDIE RECORDS Vander Lee é mineiro e vem consolidando o seu espaço na música popular brasileira como um dos melhores talentos surgidos nos últimos tempos. Conforme já foi dito sobre ele em algum lugar: “O compositor tem o raro dom de fazer músicas boas, inteligentes e radiofônicas ao mesmo tempo”. E que fique claro que isso não é para muitos. Tendo canções suas já gravadas por nomes como Alcione, Rita Ribeiro, Gal Costa e Leila Pinheiro, Vander é uma das apostas da Indie Records no segmento da MPB voltada para o público mais jovem. É essa gravadora que está pondo no mercado CD e DVD que resultaram do registro ao vivo de show realizado em junho próximo passado no Teatro do Palácio das Artes, em Belo Horizonte e intitulado “Pensei Que Fosse o Céu”. Vander já possui um público considerável, especialmente no sudeste do Brasil, onde suas músicas tocam com freqüência nas rádios. Dono de uma voz agradável, é na arte da criação que ele realmente se destaca, alternando-se, na maioria das vezes, entre baladas e sambas. O repertório do CD se concentra em canções não tão conhecidas do artista, deixando para o DVD a tarefa de trazer também os seus maiores hits, a exemplo de “Românticos”, “Contra o Tempo”, “Pra Ela Passar”, “Onde Deus Possa me Ouvir” e “Esperando Aviões”. Dentre canções que fizeram parte de seus CD’s anteriores, tais como a delicada “Meu Jardim”, a belíssima “A Voz” e a inspirada “Breu”, surgem algumas inéditas. Dentre elas, a faixa-título e “Pra Ser Levada em Conta”, além da filosófica “O Dedo do Tempo no Barro da Vida”, que surge como bônus track na única gravação de estúdio do trabalho. Há a participação especial de Zeca Baleiro em “Passional” e somente nos extras do DVD dá para conhecer a primeira parceria dos dois artistas, o samba “Bangalô”. Vander Lee já está entre os grandes da nossa canção popular, mas quem ainda tiver alguma dúvida basta escutar a faixa “Do Brasil” para constatar a verdade do que aqui se escreve. Corra e ouça! N O V I D A D E S · A banda sergipana Psicodélicos e Psicóticos tem mostrado, em diversas apresentações nos palcos de Aracaju, uma versatilidade digna de registro. O criativo vocalista Vina Torto assina a autoria da maioria das músicas do repertório e mostra-se um cara antenado com a diversidade musical brasileira. Dentre as várias influências, a banda (que a princípio pode ser classificada como rock, mas que na verdade é muito mais que isso) faz soar como incontestáveis as de Raul Seixas e da Jovem Guarda. Sacadas inteligentes pontuam as letras e os arranjos são simples, mas resultam competentes. O primeiro CD demo (composto por onze faixas e intitulado “Etc. e Tal…”) pode ser encontrado na CD Clube Locadora e tem como destaque maior a impagável “Trilha da Mãe Senhora”. Mas vale a pena conhecer também “Big Smurf”, “Métrica Marrom” e a instrumental “Nada a Ver”. · Por sua vez, já há algum tempo tentando a sorte em São Paulo, uma outra banda sergipana, a Rockassetes, iniciou, na quarta-feira passada, sua primeira turnê pelas regiões centro-oeste e sul. Os batalhadores rapazes tocarão nas cidades de Goiânia (GO), Brasília (DF), Curitiba (PR), Londrina (PR) e Maringá (PR), mostrando o seu trabalho que efetivamente tomou impulso quando lançaram o single ‘As Flechas’, pelo selo musical Senhor F Virtual. Recentemente, a banda participou também de programa veiculado pela MTV e causou o maior rebuliço. É Sergipe começando a quebrar fronteiras e a mostrar que pode chegar lá… · Wagner Tiso é o responsável pela trilha sonora do filme “Sonhos e Desejos”, do cineasta Marcelo Santiago. Tendo como base o som dos anos setenta, o CD chega às lojas com uma canção inédita de Milton Nascimento (“Balé da Utopia”), composta especialmente para o projeto. · De volta à mídia devido à sua participação como atriz na novela “Páginas da Vida”, onde faz o papel da freira Irmã Zenaide, a excelente cantora Selma Reis planeja gravar um disco voltado para o repertório erudito. · O próximo projeto em CD da cantora Joanna será oriundo da gravação ao vivo do show “Pintura Íntima” que a artista vem realizando em São Paulo. Músicas presentes nos primeiros discos de sua carreira (a exemplo de “Doce de Coco”, “Chama” e “Descaminhos”) farão parte do repertório. · O eterno malandro Bezerra da Silva, falecido no ano passado, teve sua obra revisitada por vários artistas em show realizado recentemente na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. O espetáculo foi devidamente registrado e se transformará em DVD que vai contar com as participações de Elza Soares, Barão Vermelho, Daúde, Beth Carvalho, Jorge Aragão e Max de Castro, entre outros. · “Carioca”, o novo show de Chico Buarque, foi registrado na casa de espetáculos Tom Brasil, em São Paulo, e será lançado em DVD que chegará ao mercado em dezembro pela gravadora Biscoito Fino. · O novo CD do sambista Jorge Aragão (intitulado “E Aí?”) acaba de chegar às lojas através da gravadora Indie Records. Jorge vem alcançando vendagens consideráveis desde que o samba voltou a ser moda no final dos anos noventa. Compositor inspirado (que já teve canções gravadas por Beth Carvalho e Alcione, por exemplo) e dono de um timbre grave que dá um sabor especial às canções que interpreta, Jorge mescla, no recém-lançado disco, criações suas com composições de outros autores. Na verdade, este não é um de seus melhores álbuns e vai ser difícil, inclusive, que venha a emplacar algum sucesso radiofônico, mas há bons momentos como a parceria dele com Jorge Portugal e Roberto Mendes em “À Sombra da Amendoeira” e “Retrato da Desilusão”, de Monarco e Mauro Diniz. As regravações também se destacam pelo que soam de inusitado no repertório do artista (“Partido Alto”, de Chico Buarque, e “Mané João”, de Roberto e Erasmo Carlos). · Em novembro próximo, o irrequieto compositor e cantor Jorge Mautner estará lançando o seu novo CD. “Revirão” é o título do álbum que contará com as participações especiais de Caetano Veloso e Preta Gil. RUBENS LISBOA é compositor e cantor
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