R E S E N H A 1
Cantora: ROSA PASSOS
CD: “ROSA”
Gravadora: UNIVERSAL
Considerada, no mercado exterior, como o João Gilberto de saia, a cantora Rosa Passos está lançando mais um CD. Intitulado simplesmente “Rosa” e distribuído, em terras nacionais, pela gravadora Universal, trata-se de um trabalho calcado no formato voz e violão.
Tida pelo violoncelista Yo-Yo Ma (uma referência em seu instrumento) como a dona da voz mais bonita do mundo, Rosa possui, de fato, uma voz muito afinada e simpática, embora de pequena extensão. Sua maneira suave de projetá-la por vezes chega a beirar o sussurro e é aí que reside exatamente o seu maior charme.
O álbum recém-lançado é delicado e de tom nitidamente intimista. Dosa boas canções criadas pela própria artista (“Demasiado Blue”, com Fernando de Oliveira, e “Edredom de Seda”, com Arnoldo Medeiros, são duas delas) com releituras de grandes sucessos da nossa MPB (“Até Quem Sabe”, de João Donato e Lysias Ênio, e “Olhos nos Olhos”, de Chico Buarque, são bons exemplos).
Entre os melhores momentos estão “Duas Contas”, clássico de Garoto que Rosa entoa a capella e “Jardim”, de Karen Ann Zeidel e Benjamin Biolay que recebeu letra em português de Michelino Silvano e Bia Krieger.
Para quem ainda não a conhece, vale a pena fazê-lo!
R E S E N H A 2
Artistas: ANTÔNIO ADOLFO e CAROL SABOYA
CD: “AO VIVO – LIVE”
Gravadora: KUARUP
Carol Saboya é cantora de voz ao mesmo tempo suave e potente com timbre claro e agradabilíssimo. Possui já quatro CD’s lançados, embora infelizmente ainda seja desconhecida pelo grande público. Antônio Adolfo é músico, compositor e pai de Carol. Famoso por acompanhar, dentre outros, a incrível Elis Regina, o exímio pianista é um dos nomes brasileiros mais reconhecidos nos mercados americano e europeu.
Juntos, estão lançando, através da gravadora Kuarup, o CD “Ao Vivo – Live”, resultado do registro de show realizado no Festival de Miami, em outubro do ano passado, quando se apresentaram acompanhados de Cláudio Spiewak (violão e guitarra), Gabriel Vivas (contrabaixo acústico) e Carlomagno Araya (bateria).
A falta de músicas inéditas justifica-se pelo caráter revisionista do espetáculo, cuja idéia básica, explicitada no texto introdutório do disco, foi prestar um tributo à bossa nova e ao samba-jazz.
O repertório, todavia, passeia pelo cancioneiro nacional sem receio de parecer abrangente demais. Desta forma, a folclórica “Meu Limão, Meu Limoeiro” convive harmonicamente com a suingada “De Onde Vem o Baião”, de Gilberto Gil (originalmente gravada no disco “Água Viva” por Gal Costa) e obras-primas de Tom Jobim são pinçadas naturalmente (“Insensatez” e “Wave” estão entre os melhores momentos).
Adolfo mostra-se insuperável no medley jazzístico “Carinhoso – Bambino” (Pixinguinha e Ernesto Nazareth, respectivamente) e Carol denota invejável segurança ao segurar, a capella, outra pérola jobiniana: a complexa “Passarim”.
Um CD para os verdadeiros e fiéis admiradores da música popular brasileira de qualidade!
N O V I D A D E S
· Embora tenha acabado de lançar o CD “Direto”, o grupo Cidade Negra volta à pauta com a regravação de “Mesmo Que Seja Eu”, música de Roberto e Erasmo Carlos. A canção ganhou batida de reggae e foi registrada especialmente para a trilha sonora da novela juvenil “Alta Estação”, da Rede Record. E por falar nessa trilha, a banda sergipana Alapada, ora radicada em São Paulo, também conseguiu emplacar uma música: trata-se de “Vida em Jogo”, o tema de abertura. Sorte pra galera!
· Com o apoio do Banese, a cantora Amorosa lançou, no sábado passado e com grande sucesso, o seu terceiro livro de poesias. Intitulado “Baú de Graças”, trata-se de uma homenagem às pessoas que mais marcaram sua vida, tornando-se importantes para a sua trajetória artística e pessoal. Os amigos e fãs compareceram em massa, lotando as acomodações da Ama Galeria de Artes e mostrando o quanto a artista é querida em sua terra.
· O musical em que a atriz Marília Pêra interpreta Carmen Miranda está sendo lançado pela gravadora EMI em edição dupla que agrega CD e DVD. Imperdível!
· Intitulado “Diferente” o novo CD de Zezé Di Camargo & Luciano (já nas lojas) conta com as participações especiais de Chico Buarque na canção “Minha História” (versão feita pelo próprio Chico para a canção italiana “Gesubambino”) e de Ivete Sangalo na música “Amor que Fica”.
· Fernando Chuí chegou próximo ao reconhecimento popular quando, em 2000, conseguiu fazer com que a sua canção “Tubaína” se classificasse entre as 12 finalistas do Festival da Música Brasileira, promovido pela Rede Globo. Acontece que o evento foi um fiasco (pouca gente se lembra sequer que a vencedora foi “Tudo Bem, Meu Bem”, de um até hoje desconhecido Ricardo Soares) e o rapaz continua tentando o seu lugar no cenário da música brasileira. Cantor de voz com timbre bonito e compositor criativo, Fernando acaba de lançar, de maneira independente, o CD intitulado “Nunca Vi Mandacaru”. São dez faixas, duas delas instrumentais, nas quais o artista passeia por ritmos diversos, mostrando seu ecletismo musical. As melhores faixas são a que nome ao disco, com forte acento nordestino, e o reggae “Drops”. Mas o samba “Estrela Morta” e o rap “Não me Amola” também se destacam. O maior senão, todavia, fica por conta da produção que, de tão simplória, termina comprometendo o resultado final do trabalho. Mas é inegável que o rapaz tem futuro…
· Acaba de chegar às lojas o CD contendo a trilha sonora da recém estreada novela global “O Profeta”. Além da faixa de abertura interpretada por Ivo Pessoa (“Além do Olhar”), há também Elis Regina (“Fascinação”), Juliana Diniz (“Para Ficar”), Zeca Pagodinho (“Beija-me”), Joyce (“Fora de Hora”), Cauby Peixoto (“É Tão Sublime o Amor”) e Gal Costa (“Caminhos Cruzados”).
· A edição do Prêmio Visa deste ano voltou-se para os compositores. Os cinco finalistas foram Fred Martins, Danilo Moraes, Kristoff Silva, André Abujamra e a dupla João Donato & Lysias Ênio. Venceu Fred. Danilo e Kristoff ficaram com os 2º e 3º lugares, respectivamente.
· Se vivo estivesse, Tom Jobim completaria, em janeiro próximo, 80 anos. Alguns eventos irão marcar a data e um deles já está acontecendo. Trata-se de um show que reúne as vozes de Ney Matogrosso, Zizi Possi, Zé Renato e Roberta Sá em torno da obra do maestro. Dentre as canções escolhidas para compor o repertório estão: “Insensatez”, “Eu Te Amo”, “Wave”, “Falando de Amor”, “Desafinado” e “Chovendo na Roseira”.
· O segundo álbum do mineiro Ortinho (intitulado “Belê”) acaba de chegar ao mercado através da gravadora Dubas. A maioria das canções é de autoria do próprio artista (duas delas em parceria com Ronaldo Bastos: “Aquela Bossa Axé”, referência à música “Aquele Frevo Axé”, de Caetano Veloso, que batizou disco pouco conhecido de Gal Costa, e “Beijo em Videotape”), mas há a regravação de “Por Aí”, do gaúcho Nei Lisboa, e a inclusão de “Causa e Efeito” (parceria de Jorge Drexler e Leo Minax), além de duas faixas em idioma estrangeiro: “Para El Dolor” (de Ana Laan) e “Senza Fine” (de Gino Paoli). A cantora Sandra de Sá é a convidada especial da faixa “Gamado pelo Samba”. Os destaques ficam por conta da faixa-título, de “Vagalumes” e de “Borboletou”.
· Três coleções acabam de chegar às lojas trazendo discos antigos devidamente remasterizados. A série “Som Livre Masters 2” traz alguns álbuns bem interessantes, como é o caso de “Vivo!” (Alceu Valença), “Passaredo” (Francis Hime) e “Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira” (Moraes Moreira). Já a série “RGE Clássicos” traz de volta os primeiros discos de Toquinho (“A Bossa do Toquinho”) e do grupo Novos Baianos (“É Ferro na Boneca”), além de “Vagamente” (Wanda Sá) e de “Afinal” (Alaíde Costa). Por fim, a série “Arquivos RGE” revela para as gerações atuais os trabalhos de Jorge Aragão (“Chorando Estrelas”), Pena Branca & Xavantinho (“Uma Dupla Brasileira”) e Luiz Melodia (“Mico de Circo”).
RUBENS LISBOA é compositor e cantor
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