L A N Ç A M E N T O Cantor: CARLINHOS BROWN CD: “O MILAGRE DO CANDEAL” Gravadora: BMG Carlinhos Brown é um artista polêmico. Costuma chamar atenção não somente pela sua aparência e vestuário exóticos, mas também por sua postura no palco, local em que, quando desafiado pelo público, prova que não costuma levar desaforo para casa. Inobstante essa personalidade polêmica, é inquestionavelmente dotado de talento inato. Começou a carreira como percussionista, tendo se destacado na banda que acompanhava o conterrâneo Caetano Veloso, o qual o catapultou para o sucesso nacional quando gravou “Meia Lua Inteira”, incluída na trilha da novela global “Tieta”. Lançado, em seguida, com grande estardalhaço no mercado fonográfico (como cantor e compositor) através da gravadora EMI, de lá para cá, Brown já lançou quatro CD’s (o último deles adotando a alcunha de Carlito Marrón), mas a verdade é que não conseguiu emplacar grandes sucessos, exceção feita quando se uniu a Marisa Monte e Arnaldo Antunes, lançando o incensado trabalho dos Tribalistas. Agora, chega às lojas o novo disco do irrequieto baiano. Na realidade, se trata da trilha sonora do filme “O Milagre do Candeal”, quase que totalmente composta por ele. O filme é a história de Bebo Valdés, músico cubano de 85 anos que viaja para a Bahia e, no bairro do Candeal, constata que ali se preservou da maneira mais pura a cultura e a religião de seus ancestrais africanos. Entre canções mais singelas (“Aldeia”, “Zambie Mameto” e “Candeal de Santo Antônio”) e outras onde a camada percussiva predomina (“Blen Blen Blen”, “Pintado e Sua Gente” e “Carnaval Medley” – na qual reúne cinco temas), Brown segue lapidando a sua obra. Com letras na maioria das vezes sem sentido algum e melodias agradáveis ao ouvido médio, não há como negar que suas canções têm, no mínimo, característica peculiar. O CD conta ainda com as participações especiais de Marisa Monte (em “Músico”), de Caetano Veloso (em “Faixa de Cetim”) e da Timbalada (em “Ashansú”). Trata-se de um rico panorama da música de Brown que cai muito bem, seja para fãs, seja para iniciantes. N O V I D A D E S · Para início de conversa, esta Coluna quer parabenizar a Liberdade FM pelo sucesso alcançado com o “Nossa Música”. Veiculado todos os sábados, das 17 às 18 horas, o programa idealizado e apresentado pelo competente Neu Fontes completou, há pouco, um ano no ar e só executa músicas de artistas sergipanos. Iniciativas como essa devem ser adotadas pelas outras rádios locais porque, como diz o velho ditado: “O que é bom deve ser copiado!”. Quanto ao “Nossa Música”, uma boa idéia seria estender o seu tempo de duração para duas horas, levando, a cada semana, um artista para uma entrevista. Fica aqui a sugestão… · E o meio artístico sergipano já fervilha de curiosidade para conhecer o primeiro CD de Sergival que, segundo o cantor, dentro em breve estará nas lojas. Outro disco bastante esperado é o segundo trabalho de Marco Vilane, que foi gravado entre Aracaju e Sampa. E há um ponto em comum entre os dois trabalhos: a participação especial do sanfoneiro Dominguinhos. · Amanhã e depois (dias 23 e 24), sempre a partir das 21 horas, estará se realizando no Teatro Tobias Barreto mais uma edição do Projeto MPB Petrobrás. Desta vez será o compositor e cantor Belchior quem estará no palco interpretando grandes sucessos de sua carreira, tais como “A Palo Seco”, “Velha Roupa Colorida”, “Paralelas”, “Medo de Avião” e “Como Nossos Pais”. A abertura caberá à cantora sergipana Gwendolyn Thompson que, com sua voz aveludada, presenteará todos os presentes com grandes hits da bossa nova, além de canções que integram o seu primeiro CD intitulado “Leoa”, já à venda na Casa do Artista, localizada no Calçadão da Rua Laranjeiras. · Anexado ao nº 10 da revista “Outra Coisa” ou vendido através de sites e em lojas especializadas, já se encontra à disposição o novo CD do compositor e cantor Lobão. Sob o título de “Canções Dentro da Noite Escura”, o disco nem de perto lembra o talento do criador de músicas espertas e assimiláveis como “Noite e Dia”, “Revanche”, “Me Chama” e outras. Há homenagens a Cazuza, Júlio Barroso e Cássia Eller, todos amigos falecidos do irreverente artista, mas o trabalho é todo ele muito estranho. Infelizmente, Lobão se junta ao time de compositores como Guilherme Arantes e Marina Lima, responsáveis por inesquecíveis canções já presentes no inconsciente coletivo, mas que parecem ter atualmente perdido a mão para a coisa. Uma pena porque, embora quase cinqüentões, eles poderiam ter muito ainda a contribuir com a nossa música popular! · Eis aí uma banda de pop rock que merece atenção! Anotem aí o nome: Maria Black. Com o CD intitulado “Tempo” posto no mercado de maneira independente, os quatro componentes mostram talento para a coisa. As canções têm uma pegada bem legal, as letras não se restringem a conteúdos ralos, os arranjos são desenvolvidos com intuitividade e a voz do vocalista Rômulo Hetmanek (que lembra, na impostação, a de Paulo Ricardo) é poderosa, clara e bonita. É verdade que há algumas tolices (como o reggae “Adolescente Grávida”), mas nada que ofusque a boa estréia dos rapazes no mundo fonográfico. Os destaques ficam por conta das faixas “Felicidade Sim”, “Sobre Ontem à Noite” (com participação da cantora Stefânia Blink) e “Enredo”. · Embora a família de Renato Russo já tenha autorizado, de maneira informal, a inclusão de músicas inéditas do Aborto Elétrico (o primeiro grupo do falecido vocalista da banda Legião Urbana) no novo CD do Capital Inicial, o cantor Dinho Ouro Preto corre agora atrás da liberação formal das canções. Se tudo der certo, o CD vai originar também DVD e um especial que irá ao ar pela MTV. · “O Melhor Forró do Mundo” é o título do CD que o grupo Forróçacana pôs no mercado pouco antes dos festejos juninos. Gravado ao vivo em show realizado no mês de março próximo passado no Canecão (RJ), o disco contém dezessete faixas com o melhor do nosso forró. Não bastasse o talento do líder da banda, o também bom compositor Duani, o álbum, um lançamento da Indie Records, conta com um time de convidados de dar água na boca: Alceu Valença, Alcione, Elba Ramalho, Fágner, Geraldo Azevedo, Moraes Moreira e Zeca Baleiro. Dentre as canções que merecem ser destacadas, estão a gostosa “Suor de Pele Fina” e a boa inédita “A Lei do Silêncio”. · Lançado pela Biscoito Fino, já está nas lojas o CD contendo a trilha sonora do filme “O Diabo a Quatro” da cineasta Alice de Andrade. Produzido pelo polivalente Pedro Luís, os destaques ficam para as duas versões de “Quatro Horizontes (uma em ritmo de maracatu, a outra em ritmo de chorinho), ambas interpretadas por Lenine, e para “Na Trilha do Meu Sonho”, na voz sempre límpida de Zé Renato. · Outra trilha de filme também já se encontra à disposição: trata-se de “Dois Filhos de Francisco”, que conta a vitoriosa história dos irmãos Zezé di Camargo e Luciano, e leva a assinatura do próprio Zezé e de Caetano Veloso. Juntos, os dois artistas cantam “Saudade Brejeira”, mas há ainda Ney Matogrosso (em “Romaria”), Antônio Marcos (em “Como Vai Você?”), Maria Bethânia (em “É o Amor”) e Nando Reis em dueto com Wanessa Camargo (em “Poeira”). · Depois de anos ausente do mercado fonográfico, o compositor e cantor paraense Vital Lima está lançando, de maneira independente, seu novo CD intitulado “Das Coisas Simples da Vida”. O artista que, na década de 70, chegou a emplacar belos sucessos como “Pastores da Noite” e “Leopardo” (esta na voz da irrepreensível Marisa Gata Mansa), apresenta um trabalho conciso, no qual ressalta costumes e ritmos do Norte do Brasil, a exemplo de catimbas, guarânias e carimbós. O timbre correto e grave se utiliza de falsetes sempre que precisa chegar às notas mais agudas e o violão sincopado e percussivo remete, por vezes, ao mineiro João Bosco. As melhores faixas são: “Tiá Tiá Tiá” (de Walter Freitas e Joãozinho Gomes), “Coraçãozinho” (do próprio Vital) e “Os Sete Lados” (dele em parceria com Hermínio Bello de Carvalho). RUBENS LISBOA é compositor e cantor
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